|
||
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia | ||
OS SENTIDOS DA MORTE E DO MORRER: PERCEPÇÕES ENTRE ADULTOS JOVENS DE GÊNEROS DIFERENTES | ||
Marcos Paulo de Oliveira Lima 1 (marcos.mpol@bol.com.br), Francisco Rafael de Araújo Rodrigues 2, Silvia Raquel de Araújo Rodrigues 3 e Erasmo Miessa Ruiz 4 | ||
(1. Graduando em Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará/UECE. Bolsista FUNCAP; 2. Graduando em Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará/UECE. Bolsista CNPq; 3. Socióloga Pós-graduanda em psicopedagogia pela Universidade Federal do Ceará/UFC; 4. Psicólogo. Prof Dr. do Curso de Medicina da Universidade Estadual do Ceará/UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
A morte e o morrer têm sido um constante tema de preocupação e discussão desde os primórdios da humanidade, visto sua complexidade de sentidos e, recentemente, um processo socializador no ocidente baseado no silêncio, sobretudo das duas principais instituições: família e escola. Desta forma, percebe-se a morte como um assunto que amedronta e acaba não sendo discutido abertamente, dando margens às imaginações, fantasias e dificuldades de enfrentamento. É sabido que falar sobre algo desconhecido causa temor e constrangimento, porém se esquece que a morte é um fenômeno que faz parte da vida, portanto deve ser discutido como inerente à mesma. Apesar das dificuldades próprias à temática em estudo e sua complexidade, espera-se, através desta investigação, fomentar a reflexão sobre a morte através da percepção e compreensão de como esta é concebida pelos jovens, buscando, assim, propiciar uma reflexão crítica que possibilite uma reorientação e reconstrução do tema morte. Diante do contexto, o estudo tem como objetivo descrever as percepções sobre morte e morrer entre adultos jovens de gêneros diferentes. |
||
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo de natureza descritiva, exploratória com enfoque de análise interpretativa, pois busca o sentido da morte e do morrer comparando as visões de gêneros diferentes. A pesquisa realizou-se em uma Universidade Pública situada no município de Fortaleza-CE, entre os meses de outubro a dezembro de 2004. Os participantes da pesquisa totalizaram 60 estudantes dos cursos de graduação da referida Universidade, sendo 30 do sexo masculino e 30 do sexo feminino para que, assim, possibilitasse comparar as concepções de morte e morrer nos dois grupos. O critério utilizado na escolha dos sujeitos foi que fossem adultos jovens, ou seja, com faixa etária de 19 a 29 anos. Para a coleta dos dados foi utilizado um questionário onde a primeira parte constituiu-se de uma identificação socioeconômica e uma segunda parte com questionamentos básicos como: O que é a morte para você? O que acontece quando morreremos? Descreva suas lembranças a respeito da morte. Imagine sua própria morte. A análise dos dados foi realizada com base na análise categorial que se desenvolveu através de leituras flutuantes, quantas vezes necessárias para obter os fragmentos similares da descrição, buscando identificar o sentido da linguagem e agrupando-os em categorias. A Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) direcionou os preceitos éticos do estudo. |
||
RESULTADOS:
A tabulação dos dados registrou o perfil do grupo de participantes com média de idade em 21,8 anos e classificando-se 52% natural de Fortaleza-CE, 69% católico e 65% com vida econômica estável. Observou-se congruências nos discursos entre os gêneros nas categorias: morte e sentimentos, religiosidade e o morrer. Provavelmente, isto estava relacionado com os sentimentos de perda de familiares e amigos, e da perspectiva de um julgamento final. Apareceram, também, percepções diferentes entre os sujeitos, e surgimento das seguintes categorias para o gênero feminino: morte e família, morte como libertação, morte com hora marcada. Possivelmente, isto se mostra devido as verbalização em relação aos aspectos psicológicos frente à morte, da proximidade aos entes queridos perdidos, das lembranças de familiares que já se foram e na esperança de um reencontro, com estes, em um plano espiritual. Enquanto, para o gênero masculino os discursos sugeriram relação mais natural, material e objetiva através de lembranças vagas e distantes da morte, criando-se assim as categorias: lembranças da morte, morte como fim material, morte biológica/física, modos de encarar a morte. |
||
CONCLUSÕES:
Observa-se com o estudo os distanciamentos e as aproximações de pensamentos entre gêneros frente à temática. Os aspectos relacionados ao gênero masculino mostram-nos submersos em representações materiais e práticas que relacionam a morte de forma racional, biológica e de perda carnal. Enquanto, para o gênero feminino as imagens exaltam sua dimensão psicológica e religiosa diante da temática, através da manifestação de emoções, de sentimentos relacionados com perda e da busca de conformação nas crenças. Os aspectos semelhantes apresentam caráter como a passividade do ser humano diante da morte o que sinaliza como algo ruim que acontece, e a esperança em abster-se de alguma culpa através de uma ajuda espiritual para que, assim, tenha um morrer menos doloroso. Desta maneira, a necessidade de reflexão e mudança de cultura das concepções de morte e do morrer é fundamental para uma reorientação e reconstrução das percepções sobre o tema para, assim, conceber o processo de morrer dentro do ciclo de vida e não como um assunto que amedronta, fortalecendo suas dificuldades de enfrentamento. |
||
Palavras-chave: Morte e morrer; Gêneros; Representação. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |