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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 17. Planejamento e Avaliação Educacional
CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS NA FORMAÇÃO DO CONCEITO DE NÚMERO - ESTUDO DE CASO
RAIMUNDO BENEDITO DO NASCIMENTO 1 (radn@ufc.br) e KEILA ANDRADE HAIASHIDA 2
(1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC; 2. FACULDADE LATINO-AMERICANA DE EDUCAÇÃO - FLATED)
INTRODUÇÃO:
A utilização de jogos de regras tem sido abordada na literatura psicopedagógica desde Piaget e Kamii, repercutindo nas formulações mais recentes das pedagogias da aprendizagem e nas didáticas específicas. A investigação do fenômeno da deficiência mental pode aclarar o modo de funcionamento das estruturas cognitivas e as possibilidades de aprendizagem de crianças com dificuldades em matemática. Enfatizou-se a construção do conceito de número, a partir das contribuições da teoria piagetiana.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo centrado no método clínico, enfocando dois sujeitos (um com paralisia cerebral e deficiência mental – André, 16 anos e outro sem problemas de desenvolvimento – Pedro, 8 anos), através da intervenção com jogos de regras. A escolha dos sujeitos foi intencional, ambos eram do sexo masculino, possuíam dificuldades de aprendizagem em matemática, não apresentavam conceito de número, estavam no mesmo estágio de desenvolvimento (pré-operatório) e possuíam boa situação financeira. Foram realizadas 34 sessões, que duravam de 30 a 40 minutos. Os dois eram atendidos separadamente, cada um em sua casa, 2 vezes por semana. Primeiro fez-se um pré-teste com o objetivo de constatar a ausência do conceito de número; depois ocorreu a intervenção com jogos de regras e no pós-teste, repetiu-se os testes aplicados, inicialmente, e realizou-se a interpretação dos resultados.
RESULTADOS:
Constatou-se que, após a intervenção os sujeitos envolvidos na pesquisa apresentaram níveis diversos de comprometimento das habilidades cognitivas. Pedro foi capaz de desenvolver estruturas de pensamento essenciais à construção do conceito de número e aprender conteúdos relacionados à aritmética, melhorando seu desempenho escolar. André, embora tenha manifestado desempenho semelhante no pré e pós-teste, passou a argumentar com maior propriedade e seus questionamentos tornaram-se mais freqüentes, assim como, sua disposição para realizar as atividades. Apresentou, ausência de reversibilidade, inflexibilidade funcional, direcionamento mental, dificuldade na estrutura indutiva. Outros aspectos importantes foram o esquecimento motivado, a dificuldade de interação social e a heteronomia moral. Esse quadro permitiu-nos compreender como André processa as informações, que estruturas já desenvolveu e, a partir destes dados, sugerir uma educação mais adequada às suas limitações e potencialidades.
CONCLUSÕES:
Percebe-se que o sujeito deve ser ativo no seu processo de desenvolvimento e o ensino deve facilitar esse processo não a acelerar ou a atrasar, mas a mediar. E sobretudo, não é suficiente conhecer a resposta dos alunos a uma situação problema e sim analisar os processos mentais que levaram a esta resposta, relacionando o que o sujeito sabe ao que ele ainda não sabe e assim, aprendendo a olhar os fenômenos com o olhar de pesquisador, testando hipóteses, descobrindo soluções para os problemas e perguntando sempre.
Palavras-chave:  ESTRUTURAS COGNITIVAS; MÉTODO CLÍNICO; JOGOS DE REGRAS.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005