IMPRIMIR VOLTAR
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO: UMA AÇÃO EM TUNAS DO PARANÁ.
Alberto Henrique de Carvalho 1 (carvalho.alberto@ig.com.br), Emily Silva Araújo 1, José Vicente da Silva 1, Lincoln Schwarzbach 1, Nahyr Carneiro da Silva 1, Nicolle Veiga Sydney 1, Nilton Luiz Ceccon Ramos 1, Sikandra-Lis Fonseca Paulinelli Garcia 1, Euclides Fontoura da Silva Jr. 1, 2 e Erasto Villa Branco Jr. 1, 2
(1. Museu de Ciências Naturais, Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná - UFPR; 2. Departamento de Genética, Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná - UFPR)
INTRODUÇÃO:
O engajamento da questão ambiental com a proposta de socialização da ciência torna-se uma ferramenta eficaz na aplicação da Alfabetização Científica, sendo esta destinada a toda a comunidade. A concepção acima tem a propriedade de atuar para a popularização da ciência, envolvendo os mais diversos setores da sociedade, bem como proporcionar o estabelecimento de um paradigma mais crítico: o despertar para a causa conservacionista.
Em virtude das crescentes ações e discussões em torno da temática ambiental – muito disseminada no contexto atual – optou-se pela realização de um vínculo desta com a alfabetização científica, formando um processo de aprendizagem que proporcione um desenvolvimento cultural progressivo por parte da comunidade.
Com este objetivo, o Projeto Ecologia e Conservação foi aplicado no interior do Estado do Paraná visando estreitar laços entre as comunidades locais e científicas, bem como conscientizar e elucidar a população sobre os inúmeros problemas que afligem o ambiente, resultados da desenfreada dinâmica humana.
METODOLOGIA:
Após pesquisas, discussões e sucessivas reuniões entre os integrantes do Projeto, foi estabelecido que as atividades a serem executadas se realizariam no Município de Tunas do Paraná, o qual dista 73 Km da capital paranaense. A escolha do mesmo justifica-se pelo fato desse estar inserido no Vale do Ribeira, uma região com alta dependência econômica que apresenta remanescentes de floresta atlântica sob intensas pressões. De posse de uma significativa quantidade de florestas, boa parte das atividades econômicas de todo o Vale se concentram ao redor da extração e exploração madeireira e – em menor intensidade – da agricultura. Essas são responsáveis pela renda econômica da maioria das famílias.
Uma vez no município, as instalações deste e de outros projetos vinculados ao Museu de Ciências Naturais da UFPR foram realizadas num ginásio que encontra-se no centro da cidade, oferecendo fácil acesso à população local.
Fisicamente, o projeto apresenta-se como um grande e extenso corredor em forma de “U”, no qual as paredes representam cenários relacionados ao cotidiano de todos, abordando conceitos conservacionistas e científicos, sob a ótica ecológica. Uma vez dentro do corredor, os participantes são orientados pelos monitores a interagirem com o cenário, como também convidados a discutirem a temática do mesmo. Conforme o assunto, são apresentadas atividades lúdicas que têm por finalidade fixar conceitos previamente discutidos.
RESULTADOS:
Com a efetiva aplicação das atividades propostas e com uma notável aceitação por parte da comunidade, constatou-se que uma parcela significativa de alunos do Ensino Médio e Fundamental (principalmente estes últimos) demonstrou envolvimento com a temática. Tamanho interesse pôde ser verificado no instante em que ocorreu uma grande demanda pelas atividades desenvolvidas nos corredores.
Também verificou-se o engajamento de alguns professores, pais de alunos e outros membros da comunidade, representando uma parcela menor de envolvidos.
Durante a apresentação, os monitores investiram e induziram os espectadores a interagirem com o cenário, fazendo-os levantar indagações e opiniões pessoais acerca das questões ambientais. Desta forma, estas investidas apresentaram resultados positivos, uma vez que inúmeras sugestões foram colocadas em discussão pelos próprios participantes, cabendo aos monitores elucidar as mesmas. Entretanto, como já imaginado, uma parte destes espectadores permaneceu neutra durante as discussões, não se manifestando, exceto durante as dinâmicas lúdicas, as quais apresentaram altos índices de participação. Tal fato é utilizado na defesa da utilização destas atividades em ações de alfabetização, sendo essas científica ou não.
Com relação aos professores, esses demonstraram maior interesse na metodologia didática empregada pelos monitores, bem como no modo com que confeccionou-se os cenários e corredores do projeto, fazendo uso de materiais descartáveis selecionados.
CONCLUSÕES:
O desenvolvimento de atividades que proporcionem à comunidade a alfabetização científica – estando esta vinculada a princípios conservacionistas – apresenta um resultado significativo quando tais dinâmicas são executadas dentro de uma metodologia de educação. A alta integração por parte dos participantes e o interesse pelas questões ambientais é resultado da execução dessa metodologia, aqui defendida na aplicação de alfabetização e popularização da ciência.
Observou-se um alto grau de envolvimento principalmente por parte do público infantil. Acredita-se que – em parte – tal fato deve-se à dinâmica e curiosidade espontâneas, característico da infância. A utilização de uma linguagem coloquial, porém didática, em muito contribuiu para a comunicação dos monitores com a comunidade. Acredita-se – também – que o fato do projeto caracterizar-se como uma atividade extra classe contribuiu para a aceitação do mesmo, bem como o fato de empregar o uso de atividades lúdicas na abordagem dos conceitos.
Apesar de verificadas a presença de um leve senso crítico a respeito dos problemas ambientais e a conscientização da importância e necessidade da preservação do ambiente, os integrantes do projeto são relutantes a aceitar que tal fato seja fruto de uma política educacional mais atuante. É fato que essa teve importância significativa, contudo ainda não está em sintonia com a realidade do país. Logo, defende-se o desenvolvimento de atividades de Educação Científica na área ambiental, como esta.
Instituição de fomento: MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS; SCB - SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS; PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E CULTURA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Palavras-chave:  EDUCAÇÃO AMBIENTAL; ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO; ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005