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H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 5. Letras
EDUCAÇÃO E CIDADANIA ATRAVÉS DO RÁDIO: UMA EXPERIÊNCIA VIÁVEL NO INTERIOR DO CEARÁ.
Elcimar Simão Martins 1 (professorelcimar@hotmail.com), Marlécio Maknamara da Silva Cunha 1, Mirna Fontenele de Oliveira 1, Walda Viana Brígido de Moura 1, Aline Leitão Moreira 1, Cintya Kelly Barroso Oliveira 1, Maria Bernardete Alves Feitosa 1 e Ana Paula Azevedo Furtado 2
(1. Pró-Reitoria de Extensão, Universidade Federal do Ceará - UFC.; 2. Universidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
O rádio apresenta-se como um meio de comunicação privilegiado junto às camadas mais carentes da população, devido ao fato de não exigir que o ouvinte seja alfabetizado, nem possua sistema de eletrificação no local onde mora. Nesse contexto, insere-se o trabalho que realizamos no município de Nova Olinda, visto que uma de nossas idéias era, através do rádio, suprir a população com informações relevantes, as quais ela não encontrava facilmente nos meios de comunicação a que tinha acesso. Nos meses de janeiro e fevereiro de 2001, através da Universidade Federal do Ceará, o Programa Universidade Solidária (UniSol) realizou seu módulo nacional no município de Nova Olinda-CE. Na ocasião foram selecionados dez alunos dos variados cursos de graduação oferecidos por essa instituição de ensino. Nova Olinda encontra-se a 540 km ao sul de Fortaleza, no Vale do Cariri, sertão cearense. Em Nova Olinda não há indústria nem comércio bem desenvolvidos, sendo a roça a principal atividade econômica do município. O que há de mais desenvolvido na cidade é a Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Cariri. Lá, além de museu, biblioteca, dormitórios, funciona a Escola de Comunicação da Meninada do Sertão que é a face mais vistosa do trabalho realizado pelo casal Rosiane e Alemberg de Quindins na Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri. Esse trabalho direta e indiretamente atende e forma mais de uma centena de crianças e jovens que vivem nesta cidade tão pobre.
METODOLOGIA:
Os principais problemas existentes no município de Nova Olinda, no início do ano de 2001, haviam sido previamente levantados em viagem precursora à atuação do grupo de universitários da UFC pelo UNISOL/2001. Durante os vinte e um dias que passamos no município, realizamos dois programas por dia, nas duas emissoras de rádio locais – uma particular e outra pertencente à Fundação Casa Grande . Cada programa tinha trinta minutos de duração e era estruturado da segunte forma: colocávamos a vinheta do UniSol, nos apresentávamos, dizíamos o tema do programa e, geralmente, começávamos com um quadro de curiosidades, depois alternávamos períodos curtos sobre o tema, lançávamos uma pergunta e aguardávamos as respostas através de telefonemas – infelizmente a população do campo não tinha a oportunidade de interagir nessa parte – logo dizíamos a agenda do dia, colocávamos uma canção e divulgávamos o ouvinte sorteado. Procurávamos a cada dia, realizar programas com características diferentes, organizávamos radiodramas, fazíamos entrevistas com a população e entre nós, de acordo com o tema do dia, pois tínhamos acadêmicos de diversas áreas: biologia, enfermagem, farmácia, geografia, história, letras e psicologia. A cada programa, nos revezávamos para fazer as locuções, atender aos telefonemas, colocar uma música interessante – na maioria das vezes relacionadas ao tema do dia – e com isso, levar à população um programa informativo e atraente.
RESULTADOS:
Primeiramente, faz-se necessário, refletir o que vem a ser uma rádio comunitária. Ao realizar os programas de rádio veiculados durante a atuação UNISOL/UFC-2001, o conteúdo de nosso discurso era, portanto, de caráter comunitário e alternativo, visto que pretendia-se, através de uma linguagem simples e direta, inserir-se na comunidade, atingir toda a população – da zona rural e da zona urbana – e subsidiar a solução de seus principais problemas. O principal diferencial de nossa programação, em relação aos programas já desenvolvidos pelas duas emissoras locais, foi a interação com o público ouvinte. Organizamos uma programação que sempre permitia a participação do ouvinte. Este indicava suas dúvidas sobre o tema, respondia a algumas perguntas e concorria a sorteios, ligava apenas para agradecer, etc. Recebíamos uma média de doze ligações por programa, sendo que a duração das emissões em cada rádio, era de trinta minutos. Observamos a relevância dos programas, visto que conseguimos envolver a população e esta sentia-se bastante entusiasmada por interagir conosco. Não ensinamos conteúdos e sim, trocamos saberes. Tudo fica bem mais agradável quando há a possibilidade da interação. Quebram-se as barreiras que distanciam o comunicador e o ouvinte e além de um aprendizado mútuo, há uma satisfação geral. A população sentia-se agente do programa e com isso, estava sendo agente da cidadania, pois discutia os seus problemas, refletia as causas e esquematizava possíveis soluções.
CONCLUSÕES:
Nossa atuação no município de Nova Olinda foi breve, mas deixou muitas marcas nas duas partes envolvidas: nós representantes da Universidade Federal do Ceará e a comunidade em si. Firmou-se uma parceria entre a Universidade Federal do Ceará, através da faculdade de Jornalismo e a Fundação Casa Grande com o objetivo de promover um intercâmbio entre o saber acadêmico, o popular e a prática. Com isso, observamos que a população do município de Nova Olinda-CE, teve a oportunidade de usufruir de um direito que é seu: discutir, através das rádios comunitárias, seus principais problemas e procurar soluções para os mesmos. Concluímos que a programação de rádio realizada no município de Nova Olinda pela equipe UniSol/UFC, desempenhou um excelente trabalho de informação, educação e promoção da cidadania. Além de ter despertado na população local a busca de informações e soluções para seus problemas e medidas de prevenção para problemas futuros.
Palavras-chave:  RÁDIO; EDUCAÇÃO; CIDADANIA.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005