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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
PREVENÇÃO DO CÂNCER DE PRÓSTATA SOB A ÓTICA DO USUÁRIO PORTADOR DE HIPERTENSÃO E DIABETES - ANÁLISE COM ENFOQUE NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Zélia Maria de Sousa Araújo Santos 1 (zeliasantos@unifor.br), Clycia de Albuquerque Sá Neta 2, Klívia Regina de Oliveira Saraiva 2, Kelliane Lopes Cavalcante 2, Andréa de Carvalho Costa 2, Janaína da Silva Feitoza 2, Maria Fabiana da Costa Holanda 2, Luziana Nara Alves do Nascimento 2, Rafael Barbosa Lima 2 e Samélia Léa Menezes Becker 2
(1. Mestrado em Educação em Saúde, Universidade de Fortaleza - UNIFOR; 2. Curso de Enfermagem, Universidade de Fortaleza - UNIFOR)
INTRODUÇÃO:
No Brasil, sabe-se que o câncer de próstata é um grave problema de saúde pública. Segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA, as altas taxas de incidência e a mortalidade dessa neoplasia fazem com que o câncer de próstata seja o segundo mais comum entre a população masculina, sendo superado apenas, pelo câncer de pele não–melanoma. Há alguns anos, o sistema público de saúde tem disponibilizado à população a realização do exame de prevenção do câncer de próstata. Porém, a demanda ainda é insignificativa, possivelmente, em decorrência do homem não ter hábito de buscar o serviço de saúde, nem mesmo na vigência de queixas. Observou-se que, no atendimento ambulatorial à clientela hipertensa ou diabética de uma instituição pública, a maioria dos atendidos não realizava a prevenção da doença, e ainda desconhecia a doença e a conduta para detectá-la precocemente. Todavia, o fato mais preocupante é que muitos profissionais de saúde – enfermeiros e médicos – não orientavam esses clientes para o exame de prevenção do câncer de próstata, uma vez que, esses clientes, eram acompanhados sistematicamente pela equipe de saúde a fim de serem controlados os seus próprios problemas de saúde – hipertensão ou diabetes. Por conseguinte, optou-se por esse estudo com o objetivo de identificar o conhecimento do usuário sobre a prevenção do câncer de próstata.
METODOLOGIA:
A pesquisa se constituiu de um estudo exploratório que possibilitou maior aproximação com o problema da investigação. O estudo foi realizado em uma instituição pública de referência estadual em hipertensão e diabetes, situada em Fortaleza-Ceará. A população foi constituída de indivíduos do sexo masculino, os quais, eram acompanhados na instituição supracitada. A amostra foi composta por 100 homens com idade a partir de 40 anos. A idade foi um dos critérios de inclusão, em decorrência de ser limítrofe para a realização anual da prevenção do câncer de próstata, conforme recomendação do Ministério da Saúde. Os dados foram coletados durante 2 meses, através da entrevista semi-estruturada. Os dados coletados a partir das questões da entrevista foram agrupados a partir de categorias analíticas, tais como: caracterização sócio-demográfica, e identificação do conhecimento dos entrevistados sobre o exame de prevenção do câncer de próstata. Esses dados foram representados em tabelas e, posteriormente, foram cruzados com as falas, traçando-se as relações entre eles como forma de possibilitar os procedimentos de análise e inferência. Tudo isso, com base nas experiências dos entrevistados e na literatura selecionada. O estudo foi realizado conforma a Resolução 196/96 da CONEP (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).
RESULTADOS:
A maioria dos usuários (68%) provinha da zona rural. Desses, 53 (77,9%) procediam da capital, cerca de 53% recebiam de um a três salários mensais e a maioria, 52%, iniciou o ensino fundamental. Cerca de 65% nada sabiam informar sobre a prevenção do câncer de próstata. Desses últimos, 09 (13,8%) fizeram o exame de prevenção. Trinta e cinco foram orientados, sendo que, 12 (34,2%) realizaram o procedimento preventivo. A não realização do exame estava relacionada ao déficit de conhecimento, aos preconceitos e à ausência de sintomatologia.
Os depoimentos revelam o déficit de educação sanitária para fins de prevenção da doença, e o difícil acesso ao serviço de saúde que, de certa forma, constitui uma grande barreira que separa os profissionais de saúde da clientela, impedindo assim, o acesso às condutas de promoção de saúde, à prevenção de doenças e de outros agravos e às condutas terapêuticas para os desvios de saúde existentes.
CONCLUSÕES:
Ao concluir esse estudo, constata-se que somente 35 usuários (35%) foram orientados sobre o exame de prevenção do câncer de próstata, embora fossem acompanhados sistematicamente em uma instituição de saúde de referência secundária em hipertensão e diabetes. Entre esses, cerca de 50% fizeram esse exame. A não realização desse exame estava associada ao déficit de conhecimento, ao preconceito e à ausência de sintomatologia, segundo a percepção dos usuários. Todavia, atribui-se esse fato a três fatores – falta de educação sanitária do usuário, atuação dos profissionais centrada nos problemas de saúde do usuário e difícil acesso aos serviços de saúde. Portanto, os usuários eram atendidos para o controle dos seus problemas de saúde – hipertensão arterial ou diabetes mellitus – desvinculados das condutas de promoção da saúde e do bem-estar. Isto é, o atendimento era centrado na doença, e não no cliente. Então, para acontecer a promoção da saúde do usuário, é imprescindível à concatenação desses três pilares – educação sanitária do usuário, atuação integralizada e interdisciplinar do profissional de saúde e a acessibilidade aos serviços de saúde.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Câncer de próstata; Prevenção primária; Educação em saúde.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005