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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
DADOS SOCIOECONÔMICOS DE CLIENTES HIPERTENSOS E SUA RELAÇÃO COM A ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO
Lariza Martins Falcão 1 (larizamartins@hotmail.com), Denizielle de Jesus 1, Lúcia de Fátima da Silva 1 e Maria Vilani Cavalcante Guedes 1
(1. Universidade Estadual do Ceará)
INTRODUÇÃO:
A Hipertensão Arterial é uma doença crônica-degenerativa, não transmissível que vem emergindo em nossa população trazendo preocupações e conseqüências para a sociedade como um todo. O controle da hipertensão arterial tem sido um grande desafio para os hipertensos, uma vez que os mesmos têm que adotar um estilo de vida diferenciado e que, muitas vezes, confronta-se com suas características socioeconômicas e culturais; e para os profissionais de saúde que tem como função assistir esses pacientes, contribuindo positivamente para a adesão dos mesmos a sua terapêutica, seja ela farmacológica ou não. Vale ressaltar que a adesão ao tratamento tende a ser influenciada por diversos fatores dentre os quais podemos citar: fatores socioeconômicos e culturais; complexidade da terapêutica; característica assintomática da doença; relacionamento do paciente com os profissionais de saúde; dentre outros. Daí a importância de se conhecer estes pacientes de forma a promover uma assistência que os ajude a atingir um nível satisfatório de convivência com a doença e o regime terapêutico. Com isto objetivamos traçar o perfil socioeconômico dos portadores de hipertensão arterial e verificar a influência destes fatores na adesão ao tratamento anti-hipertensivo.
METODOLOGIA:
Pesquisa de natureza descritiva desenvolvida com clientes portadores de hipertensão arterial cadastrados no Programa de Controle de Hipertensão e Diabetes de quatro Unidades Básicas de Saúdes pertencentes às Secretarias Executivas Regionais I e IV da cidade de Fortaleza-CE. A amostra consiste de 180 clientes hipertensos cadastrados no programa há, no mínimo, seis meses, que comparecem regulamente às consultas e consentiram em participar do estudo. Primeiramente, em um estudo anterior realizado pelas autoras Falcão et al (2005), estes participantes foram classificados quanto a sua adesão ao tratamento anti-hipertensivo (adesão ideal, não adesão leve, não adesão moderada e não adesão grave) e neste momento há uma correlação entre a adesão ao tratamento com o perfil socioeconômico dos hipertensos em estudo. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se um formulário, além da observação simples. Foram seguidos todos os aspectos éticos e legais determinados pela Resolução Nº196/96 de pesquisa envolvendo seres humanos. Após a análise dos dados, os mesmos foram agrupados em tabelas, quadros e gráficos e interpretados com base na literatura revisada.
RESULTADOS:
Os dados obtidos mostram que tanto as mulheres (41,7%) como os homens (11,1%) apresentam seus maiores índices classificados como não adesão moderada. Pode-se observar ainda, com relação ao gênero, que o sexo feminino supera o sexo masculino tanto na não adesão leve (32,2% e 10,6% respectivamente) como na não adesão moderada (41,7% e 11,1% respectivamente), ficando em iguais porcentagens na não adesão grave (2,2%). Em relação ao grau de escolaridade notou-se uma proporção inversa à porcentagem de não adesão, seja ela leve, moderada ou grave; ou seja à medida que aumenta os anos de estudo o índice de não adesão diminui. Isto talvez deva-se ao fato dos pacientes com mais anos de escolaridade sejam mais instruídos e teoricamente, com maior capacidade de compreensão da de sua doença, além de serem mais instigados a questionar, tirar suas dúvidas e levantar hipóteses solucionadoras de possíveis insatisfações, as quais possam vir a contribuir para uma maior adesão ao tratamento anti-hipertensivo. Os casados apresentaram maiores índices de não adesão nos três níveis (não adesão leve – 22,2%; não adesão moderada – 21,1% e não adesão grave – 2,2%). Encontrou-se que o grupo de casados foi o único que apresentou redução ao comparar não adesão leve para não adesão moderada. Este fato pode ser atribuído ao apoio/ajuda ao tratamento oferecido pelas pessoas que compõem o seio familiar.
CONCLUSÕES:
A hipertensão arterial está estreitamente relacionada com o estilo de vida. Os efeitos a saúde acontecem em qualquer idade, portanto, mudar os hábitos melhora a qualidade de vida, gera benefícios físicos e psicossociais e reduz o risco de morte. A partir desse conhecimento, é importante que o enfermeiro como educador em saúde, mostre a seus pacientes o quanto as mudanças no seu dia-a-dia trazem benefícios, enfatizando a responsabilidade dos mesmos pelo seu autocuidado e conseqüente controle pressórico. A realização dessas medidas de autocuidado não só pelos portadores de hipertensão arterial, mas por qualquer outra pessoa, está relacionada com as condições socioeconômicas e culturais. Mediante isto, faz-se importante enfatizar a necessidade do enfermeiro avaliar continuamente seus clientes considerando-os como um ser único, com seus problemas, suas histórias de vida, suas necessidades, de forma a promover um cuidado diferenciado que o incentive a manter-se agente ativo em seu tratamento. É imprescindível que o enfermeiro enfoque a responsabilidade do paciente pelo seu cuidado, contribuindo para o êxito do tratamento e redução de complicações.
Palavras-chave:  Hipertensão arterial; Dados socioeconômicos; Adesão anti-hipertensiva.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005