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C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓTRIA DO ISOCAMPFERÍDIO, UM FLAVONÓIDE ISOLADO DE Amburana cearensis.
Francisco Noé da Fonseca 2 (fconoezin@yahoo.com.br), Fábio Azevedo Pereira 1, Melina Fechine Costa 2, Kirley Marques Canuto 3, Edilberto R. Silveira 3, Luzia Kalyne A. M. Leal 2 e Glauce Socorro de Barros Viana 1
(1. Depto. de Fisiologia e Farmacologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará - UFC.; 2. Depto. de Farmácia, FFOE, Universidade Federal do Ceará - UFC.; 3. Depto. de Química Orgânica, Centro de Ciências, Universidade Federal do Ceará - UFC.)
INTRODUÇÃO:
A. cearensis (Fabaceae) mais conhecida popularmente como cumaru é uma árvore da caatinga Nordestina; suas cascas são utilizadas na medicina tradicional principalmente no tratamento da asma, tosse e bronquite. Vários compostos têm sido isolados das cascas do caule de A. cearensis silvestre, incluindo cumarina, amburosídio A e B, ácido protocatéquico e flavonóides (isocampferídio (ICPF), fisetina e alfalona). Estudos anteriores realizados no nosso laboratório (Leal et al., 1997; 2000; 2003) demonstraram as atividades antinociceptiva, antiinflamatória e broncodilatadora do extrato hidroalcoólico (EHA), da cumarina e da fração flavonóide (ICPF como composto majoritário) obtidos das cascas do caule de A. cearensis. Dessa forma, dando continuidade aos estudos da espécie, o objetivo do presente trabalho é investigar a atividade antiinflamatória do ICPF.
METODOLOGIA:
Camundongos Swiss (25-30g) foram tratados com ICPF (12,5 - 25 - 50mg/Kg, i.p.) ou veículo (Tween 80 a 2%) antes da injeção subcutânea na pata de solução contendo prostaglandina E2 (PGE2, 30nmol/animal), histamina (Hist, 200μg/animal), serotonina (Serot, 200μg/animal), composto 48/80 (6μg/animal) ou bradicinina (3nmol/animal). O volume da pata foi medido através de pletismógrafo (Ugo Basile) em diferentes intervalos de tempo após a injeção do estímulo inflamatório. No edema de pata induzido por carragenina (Cg, 1%) ou dextrano (Dx, 6%), foram utilizados ratos Wistar (150 – 170g). Quatro horas após a injeção de Cg, os animais foram sacrificados, a pata foi isolada e submetida a estudo histopatológico e avaliação morfométrica. Os resultados estão expressos como média ± EPM; as médias foram comparadas utilizando o teste “t” de Student ou análise de variância (ANOVA), onde as significâncias (P<0,05) dos contrastes entre as médias foram determinadas pelo teste de Tukey.
RESULTADOS:
O ICPF (50 mg/kg, i.p.) inibiu significativamente o edema – Cg na 2ah (0,71 ± 0,09mL), 3ªh (0,81 ± 0,08mL) e 4ah (10,7 ± 0,5mL) após a injeção de Cg, em relação ao controle (2ah: 10,7 ± 0,5; 3ah: 10,7 ± 0,5 e 4ah: 10,7 ± 0,5mL), causando inibições de até 51%. No edema induzido por PGE2, o ICPF (25 e 50 mg/Kg, i.p.) na maior dose inibiu significativamente todos os instantes de avaliação, com inibições de 53 a 69%. Além disso, o tratamento dos animais com ICPF (50mg/Kg, i.p.) causou inibições (%) nos edemas induzidos por: Dx (determinado na 3ah: 41%), Serot (30 min: 62%) e composto 48/80 (60 min: 55,8%). Doses menores de ICPF (12,5 e 25 mg/Kg, i.p.) foram necessárias para inibir significativamente (30 min: 27,0 ± 3,4 e 18,0 ± 2,9μL, respectivamente) o edema induzido por Hist em relação ao controle (54,6 ± 3,4μL), com inibições de 51 e 67%, respectivamente. Por outro lado, o ICPF não interferiu no edema induzido por bradicinina. A avaliação morfométrica do edema induzido por Cg revelou que o ICPF (50mg/kg, i.p.), à semelhança da indometacina (5 mg/Kg, i.p.), reduziu significativamente (p<0,05) o número de neutrófilos (18,5 ± 1,1 e 21,6 ± 3,2 cels, respectivamente) em relação ao controle (30,0 ± 4,5 cels).
CONCLUSÕES:
Dessa forma, os resultados sugerem que o ICPF possui atividade antiinflamatória que está possivelmente relacionada a um bloqueio da liberação e dos efeitos locais da histamina e serotonina; além da inibição dos efeitos locais da PGE2 e da migração de neutrófilos para o foco inflamatório.
Instituição de fomento: FUNCAP, CNPq e Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Amburana cearensis; isocampferídio; atividade antiinflamatória.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005