IMPRIMIR VOLTAR
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal
PRODUTIVIDADE DAS COLÔNIAS DE Polistes canadensis canadensis L, 1758 (HYMENOPTERA, VESPIDAE)
Gisele Bortoluzzi 1 (giselebortoluzzi@bol.com.br), Viviana de Oliveira Torres 1, Silvana Sousa da Silva 1, William Fernando Antonialli Junior 1 e Edilberto Giannotti 2
(1. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS 1; 2. Universidade Estadual Paulista – UNESP 2)
INTRODUÇÃO:
Polistes canadensis canadensis é uma espécie do gênero Polistes, que possui ampla distribuição geográfica só não ocorrendo em regiões frias do mundo, assemelhando-se a Polistes lanio lanio, porém sendo mais avermelhada (BEQUAERT, 1943; JEANNE, 1979 a, 1982); que também ocorre na região deste estudo, mas apresenta marcas amarelas no 1° tergito gastral; P. c. canadensis apresenta o corpo todo vermelho é maior e mais escura (RICHARDS, 1978). Estudos sobre a fase de fundação de colônias de Polistes indicam que elas podem ser iniciadas por uma ou um grupo de fundadoras associadas (WEST-EBERHARD, 1969). Este gênero é de especial interesse no estudo da biologia das vespas sociais por diversos motivos: o fato de apresentar ninhos com favos visíveis e colônias relativamente pequenas possibilita a observação de todos os indivíduos, adultos e imaturos simultaneamente permitindo todo o acompanhamento do ciclo da colônia. O objetivo deste trabalho foi determinar a produtividade das colônias de P. c. canadensis através do acompanhamento periódico dos ninhos.
METODOLOGIA:
Os estudos das colônias de P. c. canadensis foram efetuados na Unidade Universitária de Mundo Novo - MS (“latitude 23º 56’ 17” “longitude 54º 16’ 15”) região centro-oeste do Brasil, clima subtropical. Com o objetivo de acompanhar a produtividade das colônias, as observações foram feitas em condições naturais, nos próprios locais de nidificação. Os métodos de trabalho de campo consistiram basicamente na localização dos ninhos, identificação da espécie e mapeamentos periódicos dos ninhos, no qual foi registrado o número de células, estágio de desenvolvimento da prole no interior de cada célula. Quanto às larvas, essas foram denominadas simplesmente de pequenas, médias e grandes, independente dos cinco ínstares determinados para espécies similares. As observações foram feitas três vezes por semana, durante uma hora, somando-se no total 130 horas.
RESULTADOS:
Foi observado o desenvolvimento de oito colônias de P. c. canadensis , dentre as quais todas com favos simples; diferentemente dos relatos de GIANNOTTI (1992), que em colônias de P. l. lanio, espécie similar, observou favos simples e múltiplos. Através dos dados coletados, obtivemos uma média da produtividade das colônias determinada através dos seguintes parâmetros: a duração em dias das colônias foi de 85,88 dias; o número de células construídas foi de 67,75 células; número de adultos produzidos através do mapeamento da colônia foi de 10,75 adultos; o número máximo de gerações que mostra reutilizações das células foi de 1,75; o número de células produtivas, ou seja, células que produziram adultos foi de 22,67; a razão adultos/célula foi de 0,11; a razão adultos/dia 0,09 e a razão células/dia 0,74. A colônia E 2 foi a que desenvolveu maior número de células e que teve maior duração em dias, produzindo 231 células em 241 dias, na qual apenas 5 células do favo foram reutilizadas; contudo a colônia que apresentou maior razão células/dias foi a colônia E3 , com apenas 96 dias de duração, 59 células sendo 5 destas reutilizadas.
CONCLUSÕES:
As colônias observadas apresentaram somente ninhos com favos simples e sua duração foi em média de três meses. Sendo que apenas quatro destas colônias atingiram o estágio de pós-emergência, permitindo-nos concluir que 50% das colônias obtiveram sucesso reprodutivo, ou seja, houve a emergência de ao menos um adulto. Três destas colônias foram fundadas por associação de vespas de 2 a 4 vespas; o que de acordo com os estudos realizados por HERMANN et al., (1975), GAMBOA (1980) e por HIROSE & YAMASAKI (1984) sugerem que ninhos iniciados por associação de fundadoras apresentam maior produtividade e probabilidade de sucesso, devido ao aumento da capacidade de defesa do ninho contra predadores e parasitas e contra usurpação por vespas coespecíficas. Os ninhos que atingiram o estágio de pós-emergência tiveram suas atividades de maio de 2004 até janeiro de 2005, permitindo-nos classificar a espécie como assincrônica. Percebemos que apenas 22,67% das células chegaram a produzir adultos, logo a maioria das células eram utilizadas para oviposição e desenvolvimento de larvas que serviam como reserva de alimento à colônia, provavelmente em épocas que apresentaram condições adversas a colônia. O maior número de células apresentado pela colônia E 2 possibilita um maior número de adultos (34), que por sua vez são os responsáveis pelo cuidado cooperativo com a prole, cuidados esses característicos dos insetos eussociais, promovendo um sucesso reprodutivo maior à colônia.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  P. c. canadensis; produtividade; sucesso das colônias.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005