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F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Serviço Social - 3. Serviço Social da Educação | ||
EMPODERAMENTO E DEPENDÊNCIA: CONTRADIÇÕES NOS PROCESSOS COMUNITÁRIOS | ||
Vânia Seidler 1 (vaniaseidler@ig.com.br), Maria Beatriz Lima Herkenhoff 1, Mônica Freitas 1, Cláudia Giuliatte 1, Eliane Fernandes Ribeiro 1 e Rosinéia Pereira 1 | ||
(1. Depto. de Serviço Social, Universidade Federal do Espírito Santo - UFES.) | ||
INTRODUÇÃO:
Introdução: O presente trabalho tem como finalidade analisar em que medida as experiências organizativas da comunidade estão possibilitando a participação e o empoderamento dos moradores nos espaços públicos, verifica também as mudanças ocorridas em suas vidas a partir de experiências de participação. A pesquisa parte do pressuposto de que as mudanças ocorridas na vida dos indivíduos e que aumentam o seu poder de ser e estar no mundo, estão vinculadas à: ações que fortalecem o seu autoconceito e a crença em seu poder; além de oportunidades de participar de experiências que adotam propostas metodológicas participativas, técnicas dialógicas que possibilitam a reflexão crítica. O empoderamento é reconhecido enquanto um processo de criação e utilização de recursos e instrumentos pelos indivíduos, que se traduz num poder psicológico, sociocultural, político e econômico, que permite a estes sujeitos aumentar a eficácia do exercício da sua cidadania (PINTO, 1998). O conceito adotado do termo inglês Empowerment significa, “aumento do poder”, ultrapassa as noções de democracia, direitos humanos e participação para incluir a possibilidade de compreensão a respeito da realidade, bem como iniciativas no sentido de melhorar sua própria situação (DÁVILA, 1998). |
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METODOLOGIA:
Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo de caráter exploratório realizado em Planalto Serrano-Serra-ES, abrangendo o universo de cinco instituições (Igreja Católica, Grupo de Quadrilha, Conselho Escolar, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e Projeto Social), sendo entrevistados 02 membros de cada. O critério de escolha dos sujeitos se deu a partir de sua inserção em processos comunitários por mais de um ano, sendo estes indicados pelos dirigentes dessas instituições. Como técnica de coleta de dados foram realizadas entrevistas semi-estruturadas; o roteiro focalizou a expansão ou não das capacidades e potencialidades a partir da inserção em algum processo comunitário, abordando as mudanças ocorridas na vida pessoal, familiar, educacional, política, cultural e afetiva. Os dados foram analisados a partir da técnica de análise de conteúdo, identificando as similaridades presentes nas diferentes entrevistas, agrupando os conteúdos em categorias gerais e subcategorias. Foram construídos alguns indicadores de empoderamento que orientaram a análise dos dados como: mudança no comportamento, atitude e valores; cuidado com a saúde; capacidade de reivindicar melhorias para o bairro; de exigir ações públicas eficazes; de exercer o papel como agente livre e sustentável; de participar em processos decisórios e de orçamentos; interesse pelo estudo; desenvolvimento da capacidade de criar, de pensar a própria história e de exercer o pensamento crítico, entre outros. |
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RESULTADOS:
Resultados: Os resultados mostram que as instituições pesquisadas não buscam envolver os participantes em reivindicações por melhorias no bairro, nem os motivam para que isso aconteça, quando procuram os órgãos públicos, visam benefícios específicos; as instituições não trouxeram motivação para que os participantes se interessassem em fazer algo pela comunidade. O poder de decisão está centrado na coordenação (no líder), as propostas e opiniões são dadas pelos participantes, porém, quem decide são os dirigentes institucionais. Os entrevistados consideram que ocorreram algumas mudanças em suas vidas, como: valorização do meio ambiente, da vida e da auto-estima; percepção de que o trabalho em grupo é melhor e a união traz o crescimento; maior capacitação na área do desenho, música e dança; maior facilidade de expressar idéias; motivação para envolvimento em cursos, reuniões e palestras; melhores condições para resolução de problemas familiares e para relações de sociabilidade; aprenderam a não julgar as pessoas por sua aparência ou local de moradia; a instituição passou a fazer parte da vida e do cotidiano de alguns entrevistados. Outros entrevistados apontaram que não houve grandes mudanças em suas vidas. |
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CONCLUSÕES:
Conclusões: Os resultados indicam que há poucas oportunidades de real envolvimento dos moradores nas decisões institucionais. Apesar das propostas metodológicas serem discutidas entre os participantes, nem sempre os mesmos são envolvidos nos processos de tomada de decisão ou motivados para lutar por melhores condições de moradia/qualidade de vida. Pode-se dizer que, em alguns casos, está ocorrendo o empoderamento individual, uma vez que demonstram mudanças significativas em suas vidas, como: capacidade de expressão, habilidades artístico-musicais, melhoria da auto-estima, na convivência familiar, entre outras. Embora tais mudanças sejam muito positivas, elas são adquiridas, principalmente, através da participação em pequenos grupos e oficinas e não por meio da inserção em atividades amplas promovidas pela instituição. Conclui-se que as instituições pesquisadas não conseguem articular as atividades que têm gerado um poder afetivo, psicológico e sociocultural com outras atividades voltadas para a inserção dos moradores no espaço público. Tal participação geraria um poder político e maior eficácia no exercício da cidadania. Para reverter esse processo, torna-se necessário que as instituições envolvam os moradores na definição dos objetivos institucionais e em discussões sobre seus reais interesses, já que as mudanças apontadas ocorrem no espaço onde se recebe o serviço (oficinas de arte, dança, capoeira) e não nas instâncias de planejamento, elaboração e avaliação das propostas. |
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Instituição de fomento: Universidade Federal do Espírito Santo - UFES | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: Empoderamento; Participação; Movimentos Sociais. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |