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G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 7. Etnologia Indígena | ||
DANDO “VIDA” AOS MUSEUS: O PAPEL DA CONTEXTUALIZAÇÃO DAS COLEÇÕES ETNOGRÁFICAS | ||
Katianne de Sousa Almeida 1 (ksantropologia@yahoo.com.br) | ||
(1. Departamento de Antropologia, Instituto de Ciências Sociais, UnB) | ||
INTRODUÇÃO:
A intenção deste trabalho foi de agregar informações junto a indígenas da etnia Pankararu e Macuxi para contextualizar as coleções etnográficas existentes em museus, permitindo assim compreender os significados de alguns elementos da cultura material para se ter um outro tipo de visualização e reflexão sobre sua cosmologia. Isto poderia levar a um reconhecimento e valorização pela população não-indígena, pelo próprio grupo consultado e por outros grupos étnicos e, de certa forma, reforçar a identidade destas minorias. |
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METODOLOGIA:
O desenvolvimento desta pesquisa se deu através de cinco etapas complementares e feitas em conjunto: análise bibliográfica sobre questões indígenas, patrimônio cultural, arte, estética, identidade; convite ao indígena Dimas Pankararu para uma visita à Casa da Cultura de América Latina (órgão vinculado à Universidade de Brasília-UnB), visando uma colaboração na identificação de uma peça ligada a sua etnia e também procurou-se observar a existência de algumas ligações e sentimentos para com este bem material; entrevista com Dimas Pankararu e com o professor Sobral André, etnia Macuxi; gravação e transcrição destas entrevistas; fabricação de imagens enquanto recurso metodológico na pesquisa antropológica. |
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RESULTADOS:
Nesta pesquisa procurou-se mostrar que a visitação em museus com peças etnográficas sem contextualização demonstra mais um sentido de apropriação/exotização do que valorização e apreensão da cultura do outro. Portanto, buscou-se discutir a necessidade de um novo modelo de museu que tenha como objetivo a construção e análise da história das comunidades, contribuindo para a identificação da identidade cultural dos povos que tenham seus patrimônios materiais resguardados nestas instituições. Através da análise qualitativa deste trabalho comprovou-se que alguns representantes de sociedades indígenas também acreditam que tal posicionamento entre os museus com coleções etnográficas pode levar a diálogos entre a sociedade não-indígena e a sociedade indígena, e a partir disso romper alguns preconceitos e discriminações. Sendo assim, para os entrevistados, o trabalho de agregar informações às peças indígenas nos museus significa dar “vida” a elas. A discussão sobre o papel do museu é relevante, porque é preciso mudar a sua atitude de “simples depósito”, ou mostruário de “peças exóticas” para um importante instrumento cultural dinâmico de educação popular, ou seja, um órgão divulgador e valorizador da história e culturas de diversos grupos sociais. E dentro desta discussão sobre a relevância da contextualização das coleções etnográficas pôde-se perceber o valor que a arte indígena representa para a socialização e também para o referencial mitológico e cosmológico destas sociedades. |
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CONCLUSÕES:
Os bens materiais indígenas têm a capacidade de estimular a memória das pessoas, historicamente vinculadas à comunidade, e, através da contextualização do patrimônio material em museus, contribui-se para a garantia da identidade cultural e possibilita a melhora da qualidade de vida dos povos indígenas. Esta melhora é uma conseqüência da diminuição da discriminação da sua arte e da valorização da autoria destes artistas. Ampliar os estudos da questão indígena permite tratar da crítica aos preconceitos e exercitar o respeito à diferença em geral, neste caso, a diferença étnica e cultural |
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Instituição de fomento: CNPq | ||
Palavras-chave: Patrimônio Material Indígena; Contextualização; Reafirmação Étnica. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |