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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 7. Saúde Materno-Infantil
A FAMÍLIA COMO FONTE DE VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO ESTADO DA PARAÍBA
Talita Rodrigues de Mendoza 1, 2 (talita_mendoza@hotmail.com) e Henrique Gil da Silva Nunesmaia 3
(1. Graduanda do Curso de Medicina, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba - UFPB; 2. Estagiária de Iniciação Científica do Depto. Materno-Infantil, Centro de Ciências da Saúde - UFPB; 3. Prof. Dr. do Depto. Materno-Infantil, Centro de Ciências da Saúde, Univ. Federal da Paraíba - UFPB)
INTRODUÇÃO:
A violência contra a criança e o adolescente se constitui em grave problema social e de saúde pública. Apesar da violência infantil não ser um problema recente, somente nas últimas décadas tem recebido atenção por parte da sociedade, através da criação de associações e centros de proteção à criança. Milhares de crianças são expostas à violência doméstica a cada ano, em todo o mundo. Uma das maiores dificuldades em determinar a magnitude deste problema é a falta de confiabilidade dos dados, uma vez que a informação sobre a maioria das agressões não sai dos domínios do próprio lar. A família brasileira enfrenta diversos fatores causadores de violência como a: pobreza, a miséria, os meios de comunicação de massa, a freqüência cada vez maior de contingente feminino trabalhando fora de casa e vida profissional. Neste contexto, a vida social, política e as atividades econômicas funcionam como elementos que desequilibram o modelo de família, principal agente de socialização das crianças. Deste modo, essas crianças provavelmente irão vivenciar relações familiares baseadas na agressividade e na imposição que podem gerar graves efeitos pessoais, sociais e econômicos. Diante disso, é imperativo o desenvolvimento de políticas que envolvam projetos voltados para assistência à família tanto na prevenção como no combate à violência, o que exige trabalho multidisciplinar.
METODOLOGIA:
A amostra foi constituída de 581 crianças e adolescentes entre a faixa etária de 0 a 18 anos. Os dados foram obtidos nos arquivos do Programa Sentinela do Estado da Paraíba. As variáveis analisadas foram: faixa etária (0-6 anos; 7-14 anos e 15-18 anos), sexo, tipo de violência (violência física; violência psicológica; abuso sexual; exploração sexual e negligência) e identidade do agressor (pai, mãe, padrasto, madrasta, irmãos, tios, avós, outros familiares e “outros” – agressores desconhecidos das vítimas, pessoas ligadas à exploração infanto-juvenil e casos que foram encaminhados por instituições que trabalham ligadas à política de atendimento infanto-juvenil). Os dados foram analisados pela estatística descritiva e tabulados em planilhas no Programa Excel.
RESULTADOS:
Os principais resultados foram: houve um predomínio na faixa etária de 7 a 14 anos (56,3%) e o gênero que apresentou um número maior de casos foi o feminino (67,5%). A violência mais praticada contra crianças e adolescentes foi o abuso sexual (42,2%), tendo um predomínio do sexo feminino (48,7%). Este se repete em relação à exploração sexual (28,6% no sexo feminino e 4,2% no masculino), porém, para a violência física (22,2%; 5,3%), psicológica (17%; 5,9%) e a negligência (28%; 11,5%), respectivamente, o padrão inverte. As violências ocorreram com uma maior freqüência no meio familiar (70,2%). A mãe foi a agressora intrafamiliar mais comum (26,6%), pouco diferindo dos agressores classificados como “outros” (29,8%). Também predominou nas agressões ao sexo feminino (80%), seguida do pai (67%) e do padrasto (52%). Nos casos de violência psicológica (37,2%) e de negligência (55%), a mãe foi a agressora mais freqüente e. o pai apresentou maior proporção (39,7%) para violência física. O padrasto destacou-se no abuso sexual (19,8%) e na exploração sexual (7,7%) no meio familiar, todavia não superou a estatística dos “outros” (35,2%; 71,8%, respectivamente).
CONCLUSÕES:
A faixa etária compreendida entre o final da infância e o início da adolescência foi a mais acometida. Coincidindo com a grande maioria das bibliografias, houve uma maior incidência de violência no sexo feminino. As violências sexuais foram as mais freqüentes e com predominância feminina. A família foi o principal agente agressor observado, demonstrando a desagregação da estrutura familiar, comprovada, também, em outros trabalhos. A mãe aparece surpreendentemente como agressor intrafamiliar mais freqüente, com predileção pelo gênero feminino. Esta freqüência aparece nos casos de negligência e de violência psicológica. O padrasto foi o mais expressivo agente agressor nas violências sexuais (os agressores desconhecidos possuem uma maior estatística, todavia o silêncio das vítimas pode estar mascarando os agressores familiares) e o pai nas violências físicas, conforme observado em outros estudos.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Família; Violência Doméstica; Medicina Preventiva.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005