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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
Lugar de encontro entre a terra e o homem: Fazenda Mundo Novo definindo cartografias.
Jossylúcio Jardell de Araújo 1 (jossylucio@yahoo.com.br) e Eugênia Maria Dantas 2
(1. Departamento de História e Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN; 2. Departamento de História e Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN)
INTRODUÇÃO:
O mundo rural brasileiro apresenta uma multiplicidade discursiva, cujo debate nos últimos decênios, vem ganhando visibilidade e contribuições de pesquisadores das várias esferas do saber. Diante destes aspectos, objetivamos estudar a dinâmica sócio-espacial promovida pelos “vazanteiros” da Fazenda Mundo Novo, localizada no município de Caicó-RN, com vistas a compreender as peculiaridades, fazeres, saberes e simbologias, que juntas extrapolam a esfera do econômico. São 206 agricultores beneficiados com lotes, medindo 20 x 100m, cujo projeto de assentamento é gerenciado pela Empresa Agropecuária do Rio Grande do Norte – EMPARN.
METODOLOGIA:
Na tentativa de compreendermos as peculiaridades que permeiam a dinâmica dos agricultores, da Fazenda Mundo Novo, fez-se necessário recorremos ao banco de dados da Empresa Agropecuária do Rio Grande do Norte – EMPARN para a coleta de dados informativos. Também realizamos pesquisa de campo utilizando-nos dos recursos metodológicos da história oral que nos possibilitaram a realização de entrevistas tanto aos responsáveis direto – EMPARN – quanto aos agricultores beneficiados pelo projeto. No que tange as discussões teóricas, nos inspiramos nas leituras de autores como Éclea Bosi, José Eli da Veiga, Stuart Hall, Michel Pollak e Owsvaldo Lamartine de Faria.
RESULTADOS:
Com a ida ao campo e a sistematização de informações, começamos a considerar que dos 206 assentados, na Fazenda Mundo Novo, todos têm um passado comum, um ponto de intersecção que os une e os aproxima, cujas memórias vão informar acerca das vivências no meio rural, do contato com a terra, com o plantar e o colher, mas que por algum motivo, estes homens tiveram que migrar para o espaço urbano. Percebemos que todos os lotes de terra destinados a produção são padronizados pela EMPARN, entre um lote e outro não é possível constatar cercas físicas, mas as definições, as delimitações existem imageticamente. É vetado a criação de bovinos, caprinos ou qualquer outra espécie, bem como a construção de casas no lote, portanto eles realizam um movimento pendular, oscilante entre a cidade e o campo, porém suas vidas estão marcadas por traços fortes, que vão se alojar nos labirintos do espírito humano.
CONCLUSÕES:
Os agricultores do Mundo Novo, encontram-se numa condição especial, pois estes não estão fixados no campo, a partir de uma estrutura montada como uma casa por exemplo, como é regra em outros assentamentos geridos pelas superintendências de desenvolvimento regional. Porém, o contado e/ou a permanência no lote, os aproxima ao mundo rural, reforça no grupo o desejo de estabelecer um contato permanente com a terra, até os últimos dias de suas vidas. Neste sentido, as vazantes usadas para a cultura de subsistência ao mesmo tempo têm uma dimensão imaterial, pois carrega subjetividades, se alojando dentro e para além do querer, do prazer e do desejo , enfim de ser e permanecer nas cercanias agrícolas que povoam a memória individual, social e coletiva do homem do campo. Acreditamos que o nosso trabalho, não encerra a discussão, mas que ela anseia por outros olhares e reflexões.
Instituição de fomento: Base de pesquisa: Educação e Sociedade, UFRN - CERES
Palavras-chave:  Memória; agricultores; Fazenda Mundo Novo.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005