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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia
ALCOOLISMO, ADOLESCÊNCIA E VIDA CONTEMPORÂNEA
Guilherme Pimentel Jordão 1 (gpjordao@yahoo.com.br), Glacy Gonzales Gorski Garcia 1, Márcia dos Santos Silva 1, Saulo José da Costa Feitosa 1, Rafaella Oliveira de Almeida 1, Cleojonas Cavalcante do Nascimento 1, Eldiman Soares de Araújo 1, Jarbas Delmoutiez Ramalho Sampaio Filho 1, Maria Júlia Correia Lima Nepomuceno Araújo 1 e Ana Paula de Lima Barbosa 1
(1. Depto. de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de Campina Grande - UFCG)
INTRODUÇÃO:
A adolescência é um período marcado pelas transformações do corpo, características da puberdade, que fazem reviver os conflitos edipianos da infância, em face neste momento dos imperativos culturais e das limitações interiores constituídas ao longo de seu processo de amadurecimento social. Na cultura moderna, a desvinculação entre a passagem para a vida adulta e os ritos de passagem, deixam ao jovem o período conflituoso marcado pelo mal-estar, quando precisa ser submetido à identificação, e cedendo a apelos que no apogeu do mundo científico-tecnológico, dirige-se ao gozo da droga, gera sintomas toxicomaníacos. Haja vista esse fato, a pesquisa em questão traz como objetivos aqueles referentes à verificação da prevalência do uso de álcool entre adolescentes assistidos pelas Unidades Básicas de Saúde da Família (PSF), correlação entre o processo de etilismo e fatores de risco de ordem somática e/ ou psíquica, avaliar o nível de informação do público pesquisado, referente à questão, estimular a geração de programas de diagnóstico precoce, contribuindo para o declínio dos prejuízos econômicos e sociais provenientes da síndrome alcoólica, além de sensibilizar a população para a prevenção. Essa avaliação é ainda importante para o desenvolvimento de uma crítica às políticas de saúde e educação, em relação a esta proeminente problemática cultural.
METODOLOGIA:
A amostra utilizada para a pesquisa diz respeito à população constituída por adolescentes inseridos em grupos de jovens organizados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Programa de Saúde da Família (PSF) em Campina Grande - PB. Os indivíduos entrevistados perfizeram uma média de 40 adolescentes por grupo de jovens inseridos nas referidas unidades, totalizando, durante o ano de 2004, 274 indivíduos, aos quais foi aplicado um questionário padronizado de pesquisa de dados sócio-culturais, o qual incluía 40 itens os quais discutiam desde aspectos gerais até a exploração de opiniões referentes a temas afins ao conteúdo específico da investigação. Os resultados foram analisados com o auxílio de um computador IBM 486 mod. 76e, utilizando o programa estatístico “Statistical Package for Social Sciences” (SPSS; FOR WINDOWS).
RESULTADOS:
Do total de indivíduos pesquisados, 42,7% declararam-se etilistas, enquanto 57,3 não. Observou-se que do total, 78,4% receberam orientação a respeito da toxicomania, em 73,6% dos casos, proveniente da escola. Entre os consumidores de álcool esse número foi também significativo, perfazendo 76% do total dos que se declaram usuários. Dentre os motivos para não beber, 34,2% dos não consumidores referiram o sabor desagradável como principal, 33,3% seus efeitos, ao passo que entre os consumidores, a busca pelos efeitos perfez 16,4 % da motivação para a iniciação ao etilismo, 21,4% afirmando já terem sentido uma vontade irresistível de beber, com a finalidade de sentir os efeitos do álcool ou dirimir os efeitos de sua ausência. Cerca de 97% dos entrevistados concordam que o consumo de álcool acarreta problemas à saúde, enquanto 86% concordam com um programa nacional permanente de proibição do consumo de álcool
CONCLUSÕES:
Observa-se dos dados extraídos, que a preexistência de orientação sobre o alcoolismo e, principalmente, a diversidade de meios para sua informação, mostraram relacionar-se com o consumo de álcool. Não obstante é claro que a escolaridade não se mostrou como variável de correlação significativa estatisticamente, o que nos coloca atentos em relação à forma e conteúdo da orientação recebida. Os dados oferecidos como resultado dessa pesquisa, não obstante o pouco acesso possível ao material subjetivo dos jovens consultados, é em todo caso representativo, a partir dele sendo possível, a título de conclusão, observar que a presença de um discurso da sanidade extremamente arraigado ao uso de álcool e tóxicos, dado de uma perspectiva moral da verdade científica, muito embora exerça influência sobre a opinião dos jovens em questão, tem encontrado falhas, o que põe em questionamento os meios de informação e conscientização que produz a cultura a respeito das drogas, bem como deixa-nos atentos para a instituição progressiva de um mal-estar que busca a toxicomania como resposta à angústia do “sem-sentido” do Real contemporâneo.
Instituição de fomento: Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Psicanálise; toxicomania; adolescência.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005