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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física | ||
CONDIÇÕES DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO E FATORES POTENCIAIS DE DEGRADAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAETÉ – NE DO PARÁ – BRASIL | ||
Adryane Gorayeb 1 (adryanegorayeb@yahoo.com.br), Raimunda Kelly Silva Gomes 2, Marcilenia de Jesus da Silva ribeiro 1, Tânia do Socorro Ribeiro dos Santos 1, Renato da Silva Bandeira 1, Rosivan Pereira da Silva 1 e Luci Cajueiro Carneiro Pereira 1 | ||
(1. Colegiado de Biologia, Universidade Federal do Pará - UFPA, Campus de Bragança; 2. Colegiado de Pedagogia, Universidade Federal do Pará - UFPA, Campus de Bragança) | ||
INTRODUÇÃO:
As bacias hidrográficas apresentam-se como unidades fundamentais para o planejamento do uso e conservação ambiental e mostram-se extremamente vulneráveis as atividades antrópicas. O estado do Pará possui sete regiões hidrográficas, dentre as quais pode-se destacar a “Costa Atlântica-Nordeste”, local onde está inserida a Bacia dos Rios do Atlântico. Esta região abriga a maior densidade demográfica do Estado e possui investimentos intensivos em agropecuária, além de ser caracterizada como o local de colonização mais antiga da região (século XVII). Esse fato histórico contribuiu para a intensa exploração dos recursos naturais através do extrativismo vegetal (madeira em tora, lenha e carvão) e da agropecuária (culturas de subsistência, frutíferas, malva e pimenta-do-reino e criação de gado). Na Bacia dos Rios do Atlântico se destaca a bacia hidrográfica do rio Caeté, a qual possui uma área de 2.000km2 e extensão do rio principal de cerca de 100 km, das nascentes (município de Bonito) a foz (municípios de Bragança e Augusto Corrêa). Esta bacia drena parte do território de sete municípios (Bonito, Santa Luzia do Pará, Ourém, Capanema, Tracuateua, Bragança e Augusto Corrêa), com uma população total estimada em 260.561 habitantes (IBGE, 2003). A presente pesquisa teve como objetivo realizar o levantamento de todas as comunidades ribeirinhas do Caeté, verificar as condições sócio-econômicas-culturais nessas localidades e os principais fatores de degradação dos recursos hídricos. |
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METODOLOGIA:
Para tanto, os procedimentos metodológicos foram divididos em três etapas: levantamento bibliográfico e cartográfico, trabalhos de campo e trabalhos de gabinete. Para o levantamento de dados foram analisadas publicações em geral sobre os temas pesquisados e assuntos afins. Também foram feitas visitas a instituições públicas, com a finalidade de coletar material cartográfico e dados secundários, como documentos, planos de governo e estatísticas. Os trabalhos de campo foram realizados em diferentes setores do corpo hídrico, durante três meses: dezembro de 2004, fevereiro e março de 2005, considerando-se as comunidades localizadas no alto, médio e baixo curso do rio Caeté e as duas sedes municipais que estão inseridas no sistema de drenagem da bacia: Santa Luzia do Pará (médio curso) e Bragança (baixo curso). Foram aplicados questionários em 20% da população de cada comunidade e nas sedes municipais realizaram-se entrevistas estruturadas com base no método “listagem de controle”, em que foram apontados os principais fatores de degradação dos recursos hídricos superficiais. Desse modo, foram visitadas, fotografadas e georreferenciadas as seguintes fontes potenciais de poluição: Estação de Tratamento de Água (ETA), Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), matadouros públicos, lixões, drenagens de esgotamentos sanitários e mineradoras. |
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RESULTADOS:
Foram identificadas 22 comunidades ribeirinhas ao longo do rio Caeté, sendo que 1 no alto curso, 4 no médio curso e 17 no baixo curso, totalizando 3.168 famílias, com uma estimativa de 15.840 usuários diretos de água do rio Caeté. O saneamento básico é inexistente em todas as comunidades e as principais atividades econômicas estão relacionadas com a agricultura (culturas de subsistência e frutíferas) e o extrativismo vegetal (açaí, cupuaçu, bacuri, buriti, lenha e carvão) no alto e médio curso, e a pesca artesanal (peixes e crustáceos) no baixo curso. As sedes municipais também não possuem saneamento básico, os lixões estão localizados em áreas de topografia acidentada, dentro ou menos de 2km de distância das sedes, com distâncias aproximadas de 200m de corpos hídricos e sobre solos areno-arigilosos, com nível médio de permeabilidade. Os matadouros são clandestinos, com péssimas condições físicas e sanitárias, causando sérios danos ao ambiente e à saúde pública. Como principais problemas ambientais foram identificados o desmatamento, a prática ilegal da mineração e a poluição hídrica, provinda das sedes municipais e de setores da zona rural, através da utilização de agroquímicos. Além de causar problemas ao meio natural, essas questões também acarretam em prejuízos diretos para as comunidades ribeirinhas e para as populações urbanas, através do consumo de água de baixa qualidade e da disseminação de doenças de veiculação hídrica. |
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CONCLUSÕES:
O rio Caeté possui um valor histórico e recente que perpassa por valores simbólicos e influência na própria identidade das comunidades ribeirinhas, conhecidas como caeteuaras. Assim, esta pesquisa mostra-se como meio de subsidiar o gerenciamento integrado dos recursos naturais na bacia hidrográfica do Caeté, contribuindo para o planejamento regional da bacia, almejando atingir a conscientização ecológica pelo entendimento de que a sociedade é parte integrante do meio em que vive. |
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Instituição de fomento: Projeto Milênio e CNPq | ||
Palavras-chave: Uso e Ocupação do Solo; Fatores de Degradação; Rio Caeté. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |