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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 17. Planejamento e Avaliação Educacional
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: UM ELEMENTO CURRICULAR DE MANUTENÇÃO OU TRANSFORMAÇÃO SOCIAL?
Maria Magide Holanda Oliveira 2 (mmhp28@bol.com.br), Ana Maria Bezerra de Almeilda 1, Igor Lima Rodrigues 1, Duane Vinhas Caldas 1 e Silvanira Hipólito da Conceição 1
(1. Centro de Educação, Universidade Estuadual do Ceará; 2. Governo do Estado do Ceará, Secratária da Educação Básica)
INTRODUÇÃO:
A escola em sua função é chamada a assumir uma posição política e social que deve ser explicitada em seu Projeto Político-Pedagógico. É nesse sentido que assume a missão de, entre outras instituições, transformar a sociedade. O significado político das instituições de ensino passa a ser questionado, pois observa-se que a reprodução social ainda encontra-se impregnada, de forma mascarada, nos objetivos e práticas pedagógicas. Dentre essas práticas, a avaliação da aprendizagem é foco dessa pesquisa, pois percebemos ao longo do estudo desse tema, que esta área da educação representa fortemente um antro de ações que referendam o papel da escola na perpetuação do modelo de sociedade. Não sendo mais somente enfatizada em seus aspectos técnicos e metodológicos, a avaliação educacional carece de um olhar político. Será no projeto político pedagógico da escola que encontraremos as orientações referentes à proposta educativa que norteará as práticas avaliativas dos professores. Entretanto a ausência de tal projeto, além de comprometer o processo de aprendizagem, colabora para a manutenção da sociedade desigualmente constituída. Através dos docentes de ensino fundamental das escolas públicas e particulares da cidade de Fortaleza, no Ceará, levantamos dados, por meio de dois escalogramas, sobre opiniões e atitudes objetivando constatar o grau de compreensão desses professore em se tratando da articulação de suas praticas avaliativas com um projeto político-pedagógico escolar.
METODOLOGIA:
A população objeto de pesquisa foi constituída pelos professores de ensino fundamental em exercício no corrente ano na rede pública ou privada de Fortaleza. Tomou-se amostra aleatória com professores da rede pública (115 sujeitos) ou privada(78 sujeitos) e que passaram (158 sujeitos) ou não por capacitação(35) nos últimos 5 anos. Foram aplicadas duas escalas de opinião, a primeira com 15 itens medindo a opinião dos professores sobre a avaliação como mecanismo de seleção e reprodução das diferenças sociais e a segunda com 11 itens medindo a opinião dos docentes sobre o projeto pedagógico como determinante do modelo de avaliação. A elaboração da referida escala resultou da analise obtida mediante o exame da literatura sobre avaliação da aprendizagem de autores brasileiros, a partir de mil novecentos e oitenta. A mensuração de cada itens foi feita com uma escala com cinco categorias (Concordo plenamente, concordo em parte, indiferente, discordo em partes e discordo plenamente). Os escores das escalas foram transformados para notas no intervalo [0 ; 10]. A análise dos resultados foi feita com apoio do software SPSS 8.0 (Statistic Package for Social Science). Realizou-se a análise métrica das duas escalas para verificar sua precisão, sensibilidade e validade.
RESULTADOS:
Nas escalas 1 e 2 , os docentes da rede de ensino pública apresentam a média de 4,6 referentes aos que participaram de capacitações nos últimos 5 anos. Aqueles que não tiveram capacitações nos últimos 5 anos, tiveram a média 5,07 na primeira escala e 5 na segunda escala. Os docentes da Rede Particular capacitados nos últimos 5 anos. Apresentaram média igual a 3,9 medida pela primeira escala e 3,8 na segunda. Os que não tiveram acesso a capacitações tem média 4,3 em ambas escalas. Verificou-se na primeira escala que a média dos professores da rede pública que não receberam capacitação nos últimos 5 anos é significativamente superior do que os outros 3 grupos (F = 5,28 ; p < 0,05). E que não é significativa a influência da série em que o professor leciona e o seu nível de formação. 69,4% tem nota acima do ponto médio da escala demonstrando que concordam com as afirmações indicadas no escalograma. Tomando por base as notas da segunda escala, verificou-se que a média dos professores da rede pública que não participaram de capacitação nos últimos 5 anos é significativamente superior do que a dos outros 3 grupos. (F = 11,50 ; p < 0,01). 42,9% com notas acima do ponto médio da escala que concordam com as afirmações indicadas. O resultado da análise métrica dos dois instrumentos indicam que a escalas apresentaram na amostra boa precisão, alta sensibilidade e validade de conteúdo.
CONCLUSÕES:
As escalas trabalhadas na pesquisa apresentaram itens referentes a concepções e atitudes que vêm caracterizando a avaliação de forma desvinculada de um projeto político-pedagógico escolar, e utilizada como mecanismo de seleção e reprodução das diferenças sociais. Apesar de ser alta a quantidade de professores pesquisados que concordaram com as afirmações das escalas, as capacitações por eles realizadas nos últimos 5 anos tem contribuído para proporcionar um visão da avaliação da aprendizagem articulado com um projeto político-pedagógico, através do qual se situa a função social da escola. Sendo as capacitações proporcionadas aos professores uma das perspectivas para que a avaliação possa ser articulada como um elemento curricular capaz de contribuir para transformação social pretendida pela escola enquanto instituição social.
Palavras-chave:  Avaliação Educacional; Projeto Político-Pedagógico; Transformação Social.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005