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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia | ||
ALTERAÇÃO DE EMBALAGEM PRIMÁRIA DE MEDICAMENTOS PARENTERAIS ENVASADOS EM AMPOLAS DE VIDRO PARA AMPOLAS PLÁSTICAS | ||
Claudio Henrique Damasceno Cabral 1 (claudiohd@uol.com.br), Débora Costa Fernandes 2, Ângela Maria Leite Gomes 3, Ângela Fátima de Lemos Duarte Mourão 3, Milena Lidiane Bomfim de Melo 3, Kátia Isabel Lima Lemos 4 e Andréa Socorro Idalino Janebro 4 | ||
(1. Departamento de Garantia de Qualidade, ISOFARMA Industrial Farmacêutica Ltda.; 2. Departamento de Ciências Fisiológicas, Universidade do Estado do Ceará, UECE.; 3. Núcleo de Vigilância Sanitária, Secretaria da Saúde do Estado do Ceará - NUVIS/SESA.; 4. Centro de Ciências da Saúde, Mestrado Profissional em Vigilância Sanitária - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
A produção de produtos farmacêuticos envolve o cumprimento de requisitos de Boas Práticas de Fabricação – BPF (ou GMP, do inglês Good Manufacturing Practices), com a finalidade de se garantir ao consumidor final, um medicamento seguro e confiável ao propósito a que se destina. As Boas Práticas de Fabricação são requisitos internacionalmente difundidos na indústria farmacêutica, e no Brasil, cobrados dos fabricantes de medicamentos pelo Ministério da Saúde, através de legislação específica (RDC 210/2003). Produtos injetáveis ou parenterais devem ter uma embalagem primária (aquela que entra em contato direto com o medicamento) que não proporcione qualquer alteração físico-química e/ou microbiológica do produto, e essa condição deve se manter durante toda a validade do mesmo. Além disso, essa embalagem também não deve proporcionar a existência de partículas ao produto nela contido. A existência de partículas em produtos parenterais pode ser considerada normal, desde que dentro de padrões aceitáveis por compêndios oficiais, estes padrões, em termos de tamanho de partícula, estão sempre abaixo da visibilidade humana.A escolha de embalagem para um produto injetável depende, portanto, da sua não interação com o medicamento contido nela, e a sua resistência física a impactos, que garantam condições ideais durante o armazenamento, transporte e o uso final junto ao paciente ao qual o medicamento se destina. Normalmente, embalagens de produtos injetáveis são constituídas de material de vidro tipo I ou II, ou de plástico. |
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METODOLOGIA:
Foram usados no estudo os seguintes produtos (normalmente encontrados no mercado com embalagens de ampola de vidro): Solução injetável de dipirona sódica a 50 % - ampola 02 mL; Solução injetável de sulfato de atropina 0,25mg/mL - ampola 01 mL e Solução injetável de cloridrato de metoclopramida 5 mg/mL - ampola 02 mL Todos os produtos foram manipulados em condições assépticas, de acordo com as Boas Práticas de Fabricação, e filtrados em filtro 0,22 mm. Foram envasadas 2000 unidades de três lotes diferentes de cada produto em ampolas plásticas, a base de polietileno de baixa densidade. As ampolas foram esterilizadas em processo de esterilização por calor úmido, e verificadas quanto a presença de corpos estranhos, aspecto alterado ou presença de microfuros. As ampolas aprovadas pelo processo de revisão foram analisadas quanto ao seu teor de princípio ativo, pH e teste de esterilidade. A análise inicial de cada um dos três lotes de cada produto avaliado foi considerada como o tempo zero do estudo. As ampolas foram submetidas a um estudo acelerado de estabilidade, de acordo com a legislação sanitária vigente, em condições de estresse de temperatura e umidade (50º C ± 2º C e 90 ± 5 % UR), e analisadas nas mesmas características do tempo zero, nos períodos de 30, 60 e 90 dias de exposição à condição mencionada anteriormente. Os resultados dos produtos embalados em ampolas plásticas foram sempre comparados com os resultados dos produtos embalados em ampolas de vidro. |
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RESULTADOS:
A solução injetável de dipirona a 50 % envasada em ampola plástica apresentou início de alteração de cor aos 30 dias do estudo, intensificando-se a cada tempo avaliado, variando do amarelo claro ao marrom. Apesar da alteração de cor, somente aos 60 dias de exposição que o resultado do teor de dipirona ficou fora do valor especificado. A partir dos 60 dias, houve uma queda brusca do teor do princípio ativo do produto envasado em ampola plástica. Não houve alteração significante no produto envasado em ampola de vidro. A solução de cloridrato de metoclopramida 5 mg/ml envasada em ampolas plásticas apresentou ao longo do estudo, resultados uniformes e dentro do especificado, quando comparada com o mesmo produto envasado em ampolas de vidro. Nenhuma alteração significante foi observada nas duas embalagens primárias diferentes. A solução de sulfato de atropina 0,25 mg/ml, assim como o produto anterior, apresentou resultados dentro do especificado e coerentes entre si durante todo o período do estudo, não apresentando qualquer alteração significativa em ambos embalagens primárias. |
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CONCLUSÕES:
A embalagem plástica a base de polietileno de baixa densidade proporcionou resultados satisfatórios para dois dos três produtos avaliados, garantindo segurança na possibilidade de alteração de embalagem primária, do vidro tipo I (comercialmente utilizado) para embalagem plástica (embalagem proposta). A solução de dipirona a 50 % não apresentou resultados satisfatórios, provavelmente devido a característica do polietileno de ser permeável a gases atmosféricos, fazendo com que a molécula da dipirona se oxidasse com a permeação do oxigênio do ar para o interior da ampola. Face aos resultados encontrados pode-se recomendar a troca das embalagens primárias dos produtos solução injetável de cloridrato de metoclopramida 5 mg/mL e solução injetável de sulfato de atropina 0,25 mg/mL. O presente estudo abre também a possibilidade de se avaliar a estabilidade em produtos oxidáveis pelo oxigênio atmosférico com embalagens primárias plásticas diferentes do polietileno de baixa densidade. |
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Palavras-chave: Embalagem primária; Medicamento parenteral; Qualidade. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |