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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
POLÍCIA, GÊNERO E PODER:INSERÇÃO DAS MULHERES NOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ
Maria Glaucíria Mota Brasil 1 (glau@baydenet.com.br), Emanuel Bruno Lopes de Sousa 1 e Aline Gomes Ribeiro 1
(1. Laboratorio de Direitos Humanos, Cidadania e Ética-Labvida, Universidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho, com apoio do CNPq, parte de estudos e pesquisas na área da segurança pública, mais especificamente na instituição policial, com o intuito de analisar, identificar e compreender o processo de inserção do efetivo feminino da polícia civil no Ceará, considerando os recortes etário, étnico e/ou racial, de gênero e sócioeconômico da carreira policial, assim como a situação da mulher nessa estrutura hierárquica de poder, visando conhecer e traçar o perfil do efetivo policial feminino e a sua posição nos postos de comandos da instituição policial, articulando gênero, polícia e poder.
METODOLOGIA:
O percurso metodológico utilizado na investigação foi de natureza qualiquantitativa fez uso de dados estatísticos, da aplicação de questionários e da entrevista semi-estruturada com três segmentos de mulheres policias (delegadas, escrivãs e inspetoras) visando traçar o perfil desse segmento e saber o que pensam como agem na relação com seus pares e usuários no dia a dia de uma instituição verticalizada, masculinizada e “fechada”. Utilizamos, ainda, o diário de campo nas visitas à polícia civil para suplementar com mais riqueza de detalhes as observações realizadas nos locais de trabalho das policiais, enfim para registrar o dito e não dito. A pesquisa foi realizada nas Delegacias Especializadas, Distritos Policias, Delegacias Metropolitanas e dependências da Superintendência da Polícia Civil, órgãos que integram os dispositivos de segurança pública no Ceará.
RESULTADOS:
A pesquisa empírica revela que as mulheres policias são vistas com preconceito e discriminação por alguns policiais que chegam mesmo a classificá-las de “escoria”, alegando que são cheias de “regalias” e privilégios”, motivo pelo qual não gostam de realizar operações policias com o efetivo feminino. Em algumas falas, as policiais destacam que não existe nenhuma forma de preconceito e/ou discriminação por parte de seus colegas de trabalho pelo fato de serem mulheres policiais, chegando a ser contraditório com os depoimentos de alguns policias. Por outro lado, outros colegas de trabalho elogiam o trabalho da mulher policial e sua contribuição para a construção de uma ação eficaz da polícia na sociedade. Para algumas policias, o preconceito maior, não vem dos policias com os quais trabalham, mas da sociedade que se surpreende e se espanta ao ver uma mulher desenvolvendo atividades policiais por entender que esta seria uma função identificada com o masculino.
CONCLUSÕES:
A cultura tradicional da polícia e do policiamento foi gestada pelo signo da masculinidade, assim o tratamento para a inserção das mulheres nos órgãos de segurança pública dá-se, ainda, de forma muito restrita e, limitada a um pequeno número de mulheres que alcançaram visibilidade na carreira num contexto inegavelmente hierarquizado pelas relações de poder operadas pelos interesses masculinos. No entanto, os resultados revelaram que a sociedade contemporânea vivência uma participação ativa do gênero feminino nos espaços públicos com “abertura” (antes) apenas ao gênero masculino.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Gênero; Polícia e Segurança Pública; Poder.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005