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F. Ciências Sociais Aplicadas - 5. Arquitetura e Urbanismo - 4. Tecnologia de Arquitetura e Urbanismo | ||
ANÁLISE COMPARATIVA DA RESISTÊNCIA MECÂNICA ENTRE TIJOLOS DE TERRA CRUA (ADOBES) E TIJOLOS DE TERRA CRUA ESTABILIZADOS COM O RESÍDUO DA CASTANHA DO CAJU | ||
Adeildo Cabral da Silva 1 (cabral@cefet-ce.br), Sofia Araújo Lima 2, Renan Cid Varela Leite 2, Francinize de Souza Paula 1 e Raquel do Nascimento Soares 1 | ||
(1. Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará - CEFET/CE; 2. Depto. de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Ceará - UFC) | ||
INTRODUÇÃO:
O presente Trabalho forma parte de uma investigação experimental mais ampla, dentro das atividades desenvolvidas pelo Centro Experimental de Desenvolvimento e Tecnologia para Melhoria de Habitação Social no Nordeste do Brasil – Projeto Casa Maranguape - Ceará. Este projeto contempla a construção de três habitações de interesse social com tipologias distintas: uma com sistema construtivo convencional local, a segunda utilizando painéis de taipa em associação com o bambu e a terceira com tijolos de adobe. Especificamente, pretende-se desenvolver e avaliar novos materiais e técnicas de construção, bem como monitorar e comparar o desempenho energético (conforto ambiental) das três tipologias de habitação, em reais condições de ocupação com metodologia de avaliação pós-ocupação. A utilização da terra crua como material de construção alternativo oferece desde vantagens econômicas, ao diminuir o custo final das habitações, por ser a terra um material de baixíssimo custo de aquisição, como vantagens técnicas, por oferecer satisfatório conforto térmico à habitação, proporcionando economia de energia operante muitas vezes utilizada na minimização dos efeitos causados pelo calor irradiado das faces expostas das edificações. O objetivo da investigação é a avaliação comparativa entre a resistência mecânica de tijolos confeccionados com terra crua (mistura de solo e água) e tijolos de terra crua estabilizados com resíduos triturados da casca da castanha do caju. |
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METODOLOGIA:
O resíduo utilizado neste trabalho foi cedido pela CIONE – Companhia Industrial de Óleos do Nordeste, que trabalha com o beneficiamento da castanha do caju para a fabricação de óleos. Estudos preliminares atestaram uma boa concentração de celulose (fibra natural vegetal) na composição da torta residual da casca da castanha obtida por meio de pirólise (queima). Análises químicas e toxicológicas foram realizadas no material, constatando-se que este tipo de resíduo se enquadra, segundo a NBR 10004, como CLASSE II - Materiais Não Inertes. As amostras de solo escolhidas para este Trabalho pertencem ao grupo geológico Formação Barreiras, encontrado na Região Metropolitana de Fortaleza. O referido solo possui características adequadas à confecção de adobes, apresentando fração arenosa maior que 60%, segundo testes granulométricos realizados em laboratório. Depois de triturado, o resíduo foi adicionado ao solo na proporção de 20% de resíduo em volume, confeccionando-se após, dois tipos de tijolos, cada qual com treze amostras cada, segundo NBR 8492/84b: o primeiro moldado apenas com mistura de solo e água e o segundo com a adição do resíduo triturado. De cada lote, foram selecionadas dez amostras para análise comparativa quanto à resistência mecânica, seguindo os procedimentos da NBR 6460/83, obtendo-se valores significativamente menores nas amostras estabilizadas com o resíduo da casca da castanha do caju. |
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RESULTADOS:
A utilização de fibras no reforço de matrizes frágeis, como a terra crua, oferece vantagens adicionais em relação ao uso do cimento ou da cal, por ser esta um material de origem natural, não-industrializado. Apesar dos resultados dos testes químico e toxicológico, atestando ser o resíduo da casca da castanha de caju um material não-inerte, não impede que este seja utilizado como material na fabricação de componentes habitacionais. Os tijolos confeccionados com adição de resíduo demonstraram menor trabalhabilidade durante o período de secagem, apresentando-se frágeis e quebradiços. Porém, totalmente secos, os tijolos apresentam a mesma resistência à abrasão que os demais que não contém resíduo em sua composição. Diante dos resultados obtidos nos teste de resistência a compressão simples, os tijolos confeccionados com resíduo apresentaram resistência inferior aos tijolos que continham apenas a mistura de solo e água. |
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CONCLUSÕES:
Constatou-se, portanto, que o uso de fibras vegetais, notadamente a celulose, como estabilizante de solos nos componentes habitacionais confeccionados com terra crua, atende aos requisitos econômicos e principalmente técnicos, buscados por esta Pesquisa. A utilização, para este fim, do resíduo da casca da castanha de caju, colabora ainda na diminuição do descarte deste material nos aterros sanitários, tendo em vista que sua produção diária é de aproximadamente 40 toneladas. Dessa forma, contribui-se ainda, na redução do custo final das moradias de interesse social por meios de técnicas construtivas convencionais (fabricação de tijolos) associadas ao uso de materiais alternativos (resíduos agroindustriais). |
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Palavras-chave: resíduos sólidos; tecnologias de construção alternativas; arquitetura de terra. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |