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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
COMBATE À EXPLORAÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO INFANTIL
Andréa Carla Filgueiras Cordeiro 1 (andreacfc@uol.com.br), Célia Chaves Gurgel do Amaral 2, Maria Lidiane Araújo Mota 1 e Paulo André Sousa Teixeira 1
(1. Departamento de Psicologia, Universidade Federal do Ceará - UFC; 2. Departamento de Economia Doméstica, Universidade Federal do Ceará - UFC)
INTRODUÇÃO:
Os danos mentais causados pela exploração de crianças e adolescentes no trabalho, têm levado psicólogos(as) a debaterem e atuarem de forma incisiva e interdisciplinar para erradicar o trabalho infantil.
Tem sido difícil detectar a exploração de crianças no trabalho doméstico uma vez que ele acontece na privacidade da casa. Meninos e meninas, que vivem com uma família que não é a sua, via de regra são tomados como mão de obra no serviço doméstico pelos adultos. Com pretextos de compadrio e de oferta de ajuda sob o manto da caridade, muitas vezes a exploração da mão de obra-infantil se intensifica.
O Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero, Idade e Família – NEGIF da UFC desenvolveu um estudo com crianças que freqüentam escola e desenvolvem trabalho doméstico. Percebe-se que essas crianças não se reconhecem como trabalhadoras domésticas, indicando a própria invisibilidade dessa atividade. A problemática encontrada foi motivos de várias propostas de intervenção.
Neste sentido estamos desenvolvendo uma experiência que trata de atuar junto à sociedade, para sensibilizá-la sobre a exploração de muitas crianças no trabalho doméstico. A experiência metodológica para atingir os objetivos foi a montagem e exibição de um esquete com duração de vinte minutos em que a problemática da exploração de crianças para o desenvolvimento do trabalho doméstico infantil é apresentada. A cada apresentação, realizamos debates com a platéia.
METODOLOGIA:
Na criação do argumento do texto, produção, montagem, encenação e realização do debate, participaram e participam docentes e estudantes de três núcleos de extensão da UFC: o Núcleo Estudos e Pesquisas sobre Gênero, Idade e Família – NEGIF; o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente - NUCEPEC e o Centro de Assessoria Jurídica - CAJU. Assim docentes e discentes de diversos cursos da UFC se integraram à experiência constituindo um grupo de estudo sobre a erradicação do trabalho infantil doméstico.
O grupo trabalha no sentido de estudar o problema e preparar argumentos que dinamizem os debates a partir de questões levantadas pelo esquete encenado. São tratados, basicamente, aspectos do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, no que se refere às temáticas, “violência infantil”, “exploração do trabalho”, “direitos da criança”, “danos sociais, psicológicos e físicos”, em crianças exploradas no trabalho doméstico infantil. O título do esquete é “Você viu a Rosinha?” e mostra o drama de uma mãe que não encontra filha de dez anos entregue à uma madrinha que a trouxe para a cidade para que ela estudasse.
Com base nos círculos de cultura utilizados por Paulo Freire, encontramos no teatro uma forma de sensibilizar a sociedade quanto ao problema do trabalho doméstico infanto-juvenil, visando a mudança da forma de ver das pessoas que naturalizam exercício do trabalho infantil por crianças pobres.
RESULTADOS:
A primeira experiência de apresentação e debate ocorreu em setembro de 2004 e, até fevereiro de 2005, ocorreram onze apresentações, o que contabiliza uma média de duas apresentações por mês.
O grupo responsável por encenar a peça é composto por estudantes dos cursos de Economia Doméstica e Psicologia da UFC e por uma profissional do Serviço Social e funcionária da Secretaria de Ação Social do Ceará. Após a apresentação, o grupo de mediadores e de “atores” estimulam o debate.
CONCLUSÕES:
Percebemos que, ao final de todas as apresentações, os expectadores, demonstraram-se chocados, perplexos, mudos como se naquele instante percebessem a realidade cruel do trabalho doméstico infantil. Entendemos que estas reações mostram que o grupo envolvido no projeto, atinge um de seus objetivos, o de causar impacto no público.
Na maioria das vezes a primeira reação da platéia é o silêncio. Por isso, costumamos iniciar o debate perguntando se a “história da Rosinha, é uma história real ou somente uma narração inventada”. Quando fazemos esta pergunta as pessoas parecem acordar e a primeira resposta é expressa com um sim “a história é real” ou com um simples e afirmativo balançar de cabeça. Desse momento em diante abordamos de acordo com as falas, perguntas e colocações das pessoas presentes as diversas questões que permeiam o trabalho infantil.
Com as onze apresentações atingimos uma média de 500 pessoas incluindo meio urbano e rural. Pretendemos dar continuidade ao projeto e, com isso continuar desencadeando reflexões que favoreçam a erradicação do trabalho infantil, especialmente o doméstico.
Temos a pretensão de ampliar o elenco, formado outros grupos que encenem o esquete e promovam debates para diversificar as apresentações e multiplicar os efeitos dessa experiência.
Instituição de fomento: PROGRAMA DE APOIO À EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA - SESu/MEC
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  trabalho doméstico infantil; direitos de crianças e adolescentes; tetro debate.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005