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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 1. Análise de Controle de Medicamentos
ASPARTAME X ADOÇANTES À BASE DE ASPARTAME: UMA ANÁLISE COMPARATIVA QUANTO AO FATOR ESTABILIDADE
Juliana Zani de Almeida 1 (juliana_zani@yahoo.com.br), Ana Luíza de Rezende Ferreira 1, Manassés Claudino Fonteles 2, Krishnamurti de Morais Carvalho 1 e Helena Alves de Carvalho Sampaio 1
(1. Mestrado Acadêmico em Ciências Fisiológicas, Universidade Estadual do Ceará - UECE; 2. Universidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
O aspartame (N-L-alfa-aspartil-L-fenilalanina metil ester, APM) é composto de 50% de fenilalanina (FEN), 40% de acido aspártico (ASP) e 10% de metanol. É aprovado para uso em adoçantes artificiais há 20 anos, sendo hoje o mais utilizado pela população mundial. No entanto, continuamente surgem questionamentos sobre sua segurança e estabilidade, embora quase sempre não realizado por entidades científicas. Pesquisas desenvolvidas com o objetivo de identificar algum malefício à saúde acarretado por APM têm sido controversas, mas na maioria das vezes não se chegou a uma comprovação de dano à saúde. Até o presente momento, o posicionamento oficial de associações de medicina e nutrição é de que este adoçante pode ser consumido com segurança, dentro dos limites previstos em lei. Nosso grupo vem desenvolvendo pesquisas ligadas à segurança do aspartame desde 1999, realizando análise cromatográfica do composto, tanto na forma de sal para experimentação, como sob a forma de adoçante comercial, além de avaliar o metabolismo renal do mesmo. No passado, avaliamos dois adoçantes à base de aspartame, além do produto puro e detectamos grande instabilidade, o que inclusive dificultava a reprodução dos achados em experimentos posteriores, necessitando de adição de ácido ascórbico como estabilizante. Assim, o objetivo do presente estudo foi confrontar a estabilidade do APM e de três adoçantes artificiais à base desse dipeptídeo, através de análise cromatográfica.
METODOLOGIA:
As quatro substâncias (produtos comerciais I, II e II e APM) foram diluídas separadamente em água bidestilada a uma concentração de 0.45mM, aquecidas por 2 horas a 90oC. Alíquotas não aquecidas e aquecidas foram analisadas em cromatografia líquida de alta resolução (HPLC) com coluna bondaPak C18 de fase reversa, a 0% de acetonitrila em solução de ácido trifluoroacético (TFA), fluxo de 0.800ml/min e uma onda de detecção de 214nm. O programa foi ajustado para uma duração de 38 minutos, atenuação 5, sendo injetado 15 no HPLC. O perfil de eluição foi comparado, buscando-se o surgimento de picos adicionais ao aspartame, sinal de modificação do produto original.
RESULTADOS:
As eluições dos produtos comerciais I, II e III ocorreram aos 18.10 min, 14.33 min e 16.10 min, respectivamente. Os achados foram diferentes do verificado com APM, cuja eluição ocorreu aos 20 minutos. Além disso, na análise dos produtos comerciais I, II e II, foi observado um outro pico, respectivamente aos 14.30 min, 11.15 min e 8.33min, quando aquecidos a uma temperatura de 90oC por 2 horas. Considerando as diferenças de eluição inicial e após aquecimento para cada amostra de produto comercial, pode-se inferir que se trata do mesmo subproduto, que aparece com tempo 3-4 minutos menor após aquecimento. O APM, quando aquecido não mostrou pico adicional. Em experimentos anteriores de nosso grupo havia sido detectado outro subproduto em dois adoçantes comerciais, que eluía mesmo sem aquecimento; no presente estudo, que incluiu os dois adoçantes anteriores, tal subproduto não pôde ser detectado, nem antes nem após aquecimento, tanto podendo implicar em modificação no processo de industrialização dos referidos adoçantes, como podendo refletir a instabilidade já comentada.
CONCLUSÕES:
O estudo leva novamente ao questionamento sobre estabilidade do aspartame e sua repercussão sobre a saúde. Questiona-se qual será o subproduto que aparece com o aquecimento do adoçante comercial e que está ausente do APM. Questiona-se ainda se tal subproduto se formará a menores temperaturas ou ao longo do tempo de exposição nas prateleiras de estabelecimentos comerciais, destacando que tais ambientes nem sempre são climatizados e que em nossa região a temperatura ambiental é elevada. Como adoçantes à base de aspartame são bastante consumidos tanto por indivíduos saudáveis como doentes, vale continuar investigando as oscilações detectadas na composição dos mesmos, bem como desenvolver protocolos para identificação do subproduto detectado.
Instituição de fomento: Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNCAP
Palavras-chave:  Aspartame; Adoçante; Estabilidade.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005