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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 4. Sociologia do Trabalho
CONDIÇÃO FEMININA NA IMIGRAÇÃO PARA O MERCADO DE TRABALHO EM FORTALEZA
Danyelle Mota Ricardo 1 (danyric2000@yahoo.com.br) e Adelita Neto Carleial 1
(1. Depto. de Ciências Humanas, Universidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
INTRODUÇÃO: As cidades médias brasileiras apresentaram um dinamismo demográfico considerável nos últimos anos. O processo histórico das migrações caracterizou-se pelas migrações internas associadas à urbanização. Assim, esses dois grandes fenômenos sociais dão sentido e forma às mudanças estruturais deflagradas pelo avanço da modernidade capitalista no século XX. No caso do Estado do Ceará, a concentração populacional urbana também é visível e real, e tem uma característica relevante, que é o predomínio da migração feminina, principalmente nos anos 90. Diante desse fato, a pesquisa tem como objetivo mostrar aspectos do mundo das mulheres imigrantes interpretado por elas mesmas, e com isso analisar o processo de adaptação da imigrante, segundo suas falas e seus discursos.
METODOLOGIA:
METODOLOGIA: Esse estudo fez parte de uma pesquisa sobre migração e gênero desenvolvida pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e a Fundação Instituto de Pesquisa e Informação do Ceará (IPLANCE). Foi realizada uma revisão bibliográfica compreendendo autores clássicos do capitalismo, como Marx (1989), e outros que discutem as migrações, como Fausto Brito (2000), e Carlos Vainer (1998), e sobre a questão de gênero, foram utilizadas obras de Safiotti (1979), Simone de Beauvoir (1970), dentre outras. Além disso, foram entrevistas várias mulheres imigrantes em Fortaleza, mais especificamente em um local de trabalho, o Gabinete de Beleza Symphonie, analisando uma forma de pensar o próprio cotidiano, onde elas desenvolvem uma linguagem, uma cultura, costumes e modos de fazer, sentir e pensar particulares de sua condição especial de trabalhadoras imigrantes.
RESULTADOS:
RESULTADOS: Após análise das falas e dos depoimentos, foram identificadas questões relativas tanto à conscientização sobre a condição feminina, quanto à discriminação, dependência e submissão da mulher em relação aos homens. 65% veio em busca de emprego e estudo, condições que propiciaram uma maior independência pessoal. Contudo, cerca de 35 % das imigrantes responderam que os homens tinham mais facilidade de conseguir emprego porque era uma questão cultural e tradicional. O valor atribuido ao trabalho foi observado no fato delas acharem mais importante a inserção no mercado do que o nível de rendimento auferido. Seus salários eram muito baixos, concentrando-se na faixa de 1 a 2 salários mínimos. Dentre as inúmeras dificuldades encontradas por elas ao chegar em Fortaleza a mais freqüente foi conseguir emprego, atingindo a 60% das entrevistadas em idade produtiva. Mesmo com essas dificuldades, comparando a situação atual com a anterior a migração, 65% das mulheres disseram que tiveram mudanças positivas quanto ao trabalho e a renda, apesar de exercerem ainda funções tradicionalmente femininas.
CONCLUSÕES:
CONCLUSÕES: Este estudo percebeu a migração como parte da complexa dinâmica capitalista, envolvendo a economia e sua ideologia progressista, que por sua vez, cria o migrante, o modo como ele migra, a imagem que ele faz de si mesmo, o destino escolhido, a sua adaptação e a cultura migratória que valoriza o ato de migrar. Por outro lado, observou-se que os indivíduos ao migrarem também influenciaram esse processo, reconstruindo sua sobrevivência. As mulheres imigrantes, além de atravessarem um período doloroso de adaptação, e ainda persistirem submetidas aos baixos salários, avançaram significativamente porque mudaram sua condição de desempregadas para ocupadas, como, também, de mulheres rurais para urbanas com todas as implicações daí decorrentes.
Palavras-chave:  Imigração; Mercado de trabalho; Gênero feminino.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005