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E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 5. Reprodução Animal
Caracterização parcial e imunogenicidade de frações protéicas do plasma seminal suíno
Vinicius Rodrigues de Castro e Silva 1 (viniciusrcs@yahoo.com.br), Karine Lins Leite 1 e Diana Célia Sousa Nunes Pinheiro 1
(1. Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
O sêmen é uma suspensão celular semigelatinosa, contendo espermatozóides e secreções dos órgãos acessórios do trato reprodutivo masculino, conhecido como plasma seminal (PL). É um meio nutritivo, ionicamente balanceado, que contribui para a nutrição e sobrevivência do espermatozóide no trato reprodutivo masculino e feminino (GARNER & HAFEZ, 1995). Em suínos, o PL é responsável pela capacitação e regulação do transporte espermático dentro do trato genital feminino (RATH et al., 1989) e estimulação da fertilização (WABERSKI et al., 1994). Dentre as diversas substâncias que compõem o PL, as proteínas se destacam por sua importância metabólica, pois constituem o componente celular mais abundante e apresentam diversidade funcional. As proteínas desempenham inúmeras funções dinâmicas nos organismos, participando de quase todos os processos biológicos (MARZZOCO, 1990). Em suínos, a identificação de moléculas ativas no PL e os seus mecanismos ainda não são suficientemente conhecidos. Além disso, a concentração dos constituintes pode variar de acordo com as condições ambientais; e a maior parte da bibliografia disponível relata experimentos realizados em clima frios ou temperados não refletindo assim a realidade do Nordeste brasileiro. O objetivo deste trabalho foi extrair, caracterizar parcialmente proteínas do plasma seminal de suínos e avaliar a imunogenicidade das frações protéicas.
METODOLOGIA:
Foram utilizados quatro suínos machos, adultos, da raça Dalland (18 a 30 m), mantidos em baias individuais. As coletas do sêmen realizadas semanalmente e submetidas a testes para avaliação da motilidade (escala de 0 a 100%), vigor espermático (escala de 0 a 5), concentração espermática (céls/mL), volume seminal (mL), temperatura seminal (oC) e total de SPTZ. Para cada animal, foram realizadas cinco coletas. O PL foi obtido após duas centrifugações a 3.800 rpm por 15 min, seguindo-se a dosagem de proteínas totais em kit comercial a 520 ηm. As proteínas do PL foram precipitadas com (NH4)2SO4, usando três faixas de saturação: 0 a 30% (FP 30), 30 a 60% (FP 60) e 60 a 90% (FP 90), e os precipitados ressuspendidos em H2O destilada, dialisadas contra H2O, liofilizadas e estocadas a –20oC. As proteínas foram avaliadas através de micro-ensaio (BRADFORD) utilizando-se o leitor de ELISA a 600 ηm. Os dados foram apresentados em média ± DP. As frações protéicas foram submetidas à eletroforese em gel de poliacrilamida juntamente com padrões para análise das bandas. Coelhos, brancos japoneses, foram imunizados com diferentes frações protéicas emulsionadas em adjuvante completo de Freund, com reforços com a mesma dose em adjuvante incompleto de Freund. Amostras de sangue foram coletadas individualmente para obtenção de soros imunes e avaliação de anticorpos específicos em ensaio de precipitação em gel de Agar.
RESULTADOS:
As concentrações de proteínas totais no PL in natura foi de 2,12±0,67 g/dL, enquanto nas diferentes frações foram: FP 30 = 2,77 ± 0,69 μg/μL; FP 60 = 3,02 ± 0,55 μg/μL e FP 90 = 3,16 ± 0,41 μg/μL. O rendimento das frações foi: FP 30 = 2644 mg; FP 60 = 3358 mg e FP 90 = 4070 mg. As amostras apresentaram semelhanças em suas caracterizações grupos protéicos entre 116 e 205 KDa; entre 66 e 80 KDa, sendo importante salientar que entre essa faixa protéica, estão as HSP, proteínas de choque térmico, moléculas importantes principalmente em animais submetidos a estresse calórico. A FP 60 apresentou uma maior concentração de proteínas entre 66 e 80 KDa e entre 45 e 55, sendo proteínas conhecidas como osteopontinas, utilizadas em recentes trabalhos que correlacionam a sua concentração com a qualidade espermática e onde são prevalentes em animais de alta linhagem reprodutiva. A FP 90 apresentou uma larga banda entre as proteínas de 14 e 6,5 KDa, prováveis espermadesinas, glicoproteínas de baixo peso molecular que são importantes no processo de fertilização. Com relação a imunogenicidade, FP 30 foi à primeira fração que induziu produção de anticorpos específicos. A reação antígeno-anticorpo foi evidenciada em todas as amostras a partir da sétima semana de imunização.
CONCLUSÕES:
As amostras de PL de suínos apresentaram um excelente rendimento, bem como níveis significativos de concentrações protéicas e são imunogênicas. Muitos avanços ainda precisam ser feitos no sentido de identificar componentes específicos do plasma seminal responsáveis pelos efeitos benéficos ou deletérios. Somente com esse conhecimento poderá ser elaborado protocolo adequado para a formulação de diluentes eficientes utilizados em inseminação artificial e com isso, o aumento do desempenho reprodutivo da espécie suíno em nossa região. Os resultados sobre a imunogenicidade das frações protéicas abrem uma expectativa de que anticorpos anti-frações protéicas possam posteriormente ser usado como nova técnica de imuno-contraceptivos.
Instituição de fomento: Fundo Cearense de Apoio ao desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNCAP
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  proteínas; plasma seminal; suíno.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005