|
||
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social | ||
A IMAGEM DO CORPO NA OBESIDADE INFANTIL | ||
Maria do Carmo Eulalio 1 (carmitaeulalio@terra.com.br) e Marcos Pablo Marins Almeida 1 | ||
(1. Depto. de Psicologia, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB) | ||
INTRODUÇÃO:
A obesidade é um distúrbio crônico, grave e se configura como um mal que afeta a saúde pública do mundo inteiro. Os índices de prevalência têm crescido de maneira acentuada, sendo os países desenvolvidos e em desenvolvimento os mais atingidos. Entre as crianças esses números também estão numa crescente. Concomitantemente à esse crescimento, há, socialmente, uma valorização cada vez maior de um ideal estético pautado na magreza. Isso acontece através de mensagens sutis que são veiculadas pela mídia e que repercutem nos modos de pensar de nossa sociedade. Surge então uma problemática: Como os sujeitos que não se adequam a esse padrão de beleza se sentem? Que imagem eles fazem/constroem de si? Tais questões apontam para a relevância desta pesquisa, pois além de proporcionar a possibilidade de compreensão do modo como crianças obesas se sentem, diante se sua obesidade, ela remete a questões importantes de saúde pública. Dessa forma, servindo-nos do referencial teorizado por Françoise Dolto, especificamente o relacionado à imagem corporal, objetivamos entender questões relativas à imagem e esquema corporal em crianças obesas, além de descrever o sentimento dos participantes frente à obesidade e a relação com o próprio corpo. |
||
METODOLOGIA:
Os instrumentos utilizados foram: O questionário sócio-demográfico, que nos concedeu o contato com dados mais quantitativos referentes aos participantes; a entrevista semi-estruturada, instrumento muito importante por nos dar a possibilidade de aprofundar na investigação sobre os sentimentos dos participantes, com relação ao corpo e à obesidade. O procedimento de análise baseou-se na análise categorial temática de conteúdo. Participaram desse estudo 7 crianças, diagnosticadas como portadoras de obesidade por endocrinologistas do Serviço Público e Privado de Saúde da cidade de Campina Grande – PB. A faixa etária variou de 7 a 10 anos, sendo 71% dos participantes do sexo feminino e os outros 29% do sexo masculino. |
||
RESULTADOS:
Os dados da entrevista semi-estruturada foram agrupados em 05 categorias: Corpo bonito; Corpo bonito para as pessoas; Corpo bonito na mídia; Corpo com saúde; Próprio corpo. Com relação ao corpo bonito, houve uma maior incidência das respostas que indicam que um corpo bonito é um corpo magro. Na categoria “Corpo bonito para as pessoas”, há uma repetição dos resultados da categoria anterior, o que ratifica a concepção do corpo bonito como um corpo magro. Com relação ao “Corpo bonito na mídia”, surgiram referências ao padrão de estética que é veiculado, onde foram comentados os corpos de modelos e atores/atrizes, havendo sempre uma relação desses corpos à “forma” ideal, que seria, segundo a maioria dos participantes, a forma do corpo magro. Na Categoria “Corpo com saúde”, os resultados indicaram que os participantes percebem que o corpo gordo não é um corpo saudável, que há risco de vida, e que o corpo com saúde seria o de pessoas magras e que comem bem. Houve uma nítida relação dessa categoria com a primeira, uma relação do corpo bonito, com o corpo com saúde. Na descrição dos sentimentos relacionados ao “Próprio corpo”, pudemos perceber a insatisfação dos participantes frente ao seu corpo, diante do qual fizeram queixas com relação às limitações físicas, destacando-se o cansaço ao correr, como também referiram-se aos seus corpos como “feio”. |
||
CONCLUSÕES:
Os resultados deixam explícita a insatisfação dos participantes com relação ao seu próprio corpo e mostram que os seus sentimentos associados ao corpo bonito e ao corpo com saúde estão inter-relacionados, isto é, tanto a beleza do corpo, como o corpo saudável, são representados pelo corpo magro. Pode-se então concluir que a criança exprime uma carga afetiva negativa relacionada à obesidade, e que há também uma identificação desta com a própria doença, o que destaca ainda mais o sentimento de inadequação, pois como pudemos perceber em seus próprios discursos, o corpo obeso não é considerado bonito, nem mesmo saudável. |
||
Instituição de fomento: PIBIC/CNPQ | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: imagem corporal; obesidade; crianças. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |