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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 5. Teoria e Análise Lingüística
EXERCÍCIOS SOBRE O LÉXICO NOS LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Emanuel Cordeiro da Silva 1 (emanuel_nelfe@yahoo.com.br)
(1. Depto. de Letras, Centro de Artes e Comunicação, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE)
INTRODUÇÃO:
É sabido que, quanto ao seu entendimento, o léxico sempre despertou a curiosidade humana em vários aspectos por seu papel relevante no funcionamento da língua. Em especial, observou-se que o léxico é um dos pilares da língua e não funciona isoladamente, já que forma parte do sistema. Por outro lado, os próprios itens lexicais só funcionam integradamente e não como unidades de uma lista que figura num dicionário. A adoção, por parte de autores de Livros Didáticos para o Ensino de Língua Portuguesa (LDP`s), de determinadas teorias lexicais tem sido, sem dúvida, fator condutor e determinante dos trabalhos realizados para o ensino/aquisição do léxico. Tendo em vista esse estado de coisas, constitui objetivo deste trabalho de pesquisa a investigação do trato do léxico nos exercícios de vocabulário presentes nos LDP’s. É importante ressaltar que aqui focalizamos exercícios cujos comandos dispensam o uso do dicionário e, muitas vezes do texto, como suportes, exigindo do aluno estratégias que requerem atividades cognitivas e sócio-interativas.
METODOLOGIA:
Já que tais exercícios normalmente encontram-se em algum texto, e esses se realizam em gêneros textuais, desenvolvemos um levantamento acerca dos gêneros presentes nos LDP’s. Como critério para a seleção dos livros, adotamos ano de publicação, a partir de 2000, aceitabilidade no mercado e aprovação pelo PNLD. Selecionamos gêneros nos quais o léxico era explorado, observando se o trabalho realizado se dava sem suporte algum além da intuição do aluno. Subjazem a este trabalho as concepções de língua como atividade sócio-interativa, cognitiva e historicamente situada (Marcuschi in Xavier; Cortez, 2003), de texto enquanto “evento comunicativo em que convergem ações lingüísticas, sociais e cognitivas”, tal como proposta por Beaugrande (1997), bem como gênero textual segundo Marcuschi (2004), para quem “trata-se de textos materializados em situações comunicativas recorrentes, os são encontrados na nossa vida diária e que apresentam padrões sócio-comunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças sociais, institucionais e técnicas”. No que tange ao léxico, buscamos observar o seu funcionamento no processo de textualização e não dentro da perspectiva da lexicografia e da lexicologia.
RESULTADOS:
A partir das análises realizadas, constatamos, como aspectos negativos, que: 1) a noção de léxico que permeia os LDP’s pauta-se muitas vezes na idéia de unidades autônomas e abordagem semasiológica, resultando em exercícios descontextualizados; 2) a contextualização, geralmente se dá no nível do enunciado, desconsiderando-se um contexto mais amplo; 3) o estudo das relações lexicais restringe-se à sinonímia e à antonímia, transmitindo a idéia de sinônimos e antônimos perfeitos; 4) há uma visão preconceituosa a respeito de itens lexicais característicos de variantes não-padrão, sendo pouco explorados e freqüentemente tachados de vícios de linguagem; 5) a análise gramatical é estruturalista, tornando irrelevante o aspecto lexical no processo de textualização. Como aspecto positivo, ressaltamos que a resposta exigida pelo comando, em alguns casos, extrapola o nível lingüístico e textual, requerendo do aluno um raciocínio fruto de uma atividade cognitiva, social e histórica.
CONCLUSÕES:
Assim sendo, consideramos de extrema relevância o ensino do léxico no processo de aquisição e desenvolvimento da proficiência oral e escrita dos estudantes de língua materna com base na inserção textual e não na simples identificação itemizada e unilateral. Contudo, deve ser estudado na textualização e não como entidade auto-suficiente; pois, no nível do texto. O léxico também deve ser visto como elemento ativador de experiências previas dos leitores que dão um direcionamento bastante específico ao seu entendimento, resultante de fatores cognitivos, sócio-interativos e históricos. Tal aspecto condiciona o resultado de relações lexicais, tornando-as (im)perfeitas e é estabelecedor de bases sólidas para que a análise gramatical ocorra
Instituição de fomento: UFPE/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Gênero Textual; Exercícios; Léxico.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005