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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
IMPACTOS ECONÔMICOS CAUSADOS PELAS BARRAGENS DO RIO SÃO FRANCISCO NO MUNICÍPIO DE TRAIPU, ALAGOAS
Dionete Plácido Neto 1 (didinete@bol.com.br), Adler Neto Neves 2 e Carlos José Caldas Lins 1
(1. Departamento de Ciências Geográficas/UFPE; 2. Departamento de Economia e Administração/UNICAP)
INTRODUÇÃO:
O Município de Traipu está situado no Sudoeste do Estado de Alagoas à margem esquerda do rio São Francisco, distante 188,3 quilômetros da capital do Estado. Pertence a Mesorregião do Agreste Alagoano e Micro-região de Traipu. A sede do Município, a cidade de Traipu, tem as seguintes coordenadas geográficas: 9º 58’ 14”de latitude Sul e 37º 00’ 12” de longitude W Gr., e uma altitude de aproximadamente 45 metros. O rio São Francisco, que banha Traipu apresentava anualmente grandes enchentes, porém apesar das cheias causarem prejuízos, quando suas águas baixavam formavam lagoas nas quais se produzia uma grande quantidade de peixes e plantações de arroz. Entretanto, depois das construções das barragens para regularização do regime fluvial e produção de energia elétrica especialmente a de Sobradinho e Xingó o rio mantém-se sempre seco a jusante, impossibilitando a formação das lagoas e, conseqüentemente, inviabilizando a produção de peixes e arroz impondo mudanças econômicas do Município. A idéia do estudo surgiu da necessidade de explicar o baixo nível de qualidade de vida da população local, que segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2003) é o 4º mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal do Brasil. O trabalho teve como objetivos: conhecer as causas do processo do empobrecimento do Município; verificar as condições de produções de peixes e arroz depois das barragens de regularização do rio São Francisco.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado em duas etapas. A primeira de gabinete consistiu no levantamento bibliográfico sobre o Muicípio de Traipu e conseqüências da regularização do rio São Francisco, bem como, a coleta de dados secundários sobre produção de arroz, produção de peixes, vazão do rio antes e depois da construção das barragens reguladora do regime fluvial e produção de energia elétrica. Também constaram da etapa de gabinete a tabulação e representação gráfica dos dados. A segunda etapa, de campo, constou de visitas às barragens para coletar dados e informações, bem como, para proceder à documentação fotográfica. Além disso, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com pescadores, técnicos dos órgãos públicos e moradores da área do estudo, para obter informações sobre as transformações econômicas e sociais ocorridas no Município.
RESULTADOS:
O rio São Francisco a partir de outubro até março aumentava a sua vazão, devido às chuvas na sua nascente, em Minas Gerais. A barragem de Sobradinho foi fundamental para a mudança do sistema natural do rio e juntamente com a barragem de Xingó provocaram o fim da produção de peixe A piracema é um processo da subida do rio por alguns peixes para desovar, que ocorria no período das cheias, quando há uma maior velocidade das águas Resultante da competência líquida, ou seja, da maior capacidade de transportar material, a água ficava barrenta, servindo de defesa para os peixes, que soltavam as ovas, os predadores não destruíam e ocorria à preservação da espécie, segundo os pescadores, quando a água fica barrenta, aumenta a quantidade de peixes. No Município eram pescados os peixes: surubim, ninquim, traíra, tubarana e mandim e os crustáceos: camarão e “pitu”. Atualmente, alguns proprietários de fazendas localizadas na margem do rio São Francisco criam peixes em tanques escavados, para comercialização e alguns pescadores com incentivos dos Órgãos Federais estão utilizando o criatório em tanque rede, ou seja, gaiolas que ficam flutuando dentro do rio. Os peixes criados são o tilápia e o tambaqui. Com o fim do sistema das cheias e vazantes, também deixaram de existir as áreas alagadas, onde se plantava o arroz.
CONCLUSÕES:
Conclui-se através dos estudos, que a regularização do regime fluvial provocou a desestruturação da economia tradicional Nos tempos passados, a pesca representava a sobrevivência dos pescadores e fornecimento de alimento para todos os traipuenses. A produção de peixe em cativeiro representa uma alternativa para minimizar a perda econômica do Município, porém ainda é pequena só dá para atender o consumo da cidade. Atualmente, não se planta mais arroz, os produtos agrícolas cultivados são o milho, o feijão e a farinha de mandioca.
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Município de Traipu; impactos econômicos; Rio São Francisco.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005