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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
ALTERAÇÕES DO HUMOR E DO RITMO CIRCADIANO EM UMA POPULAÇÃO DE ESTUDANTES DE MEDICINA
Veralice Meireles Sales de Bruin 1 (veralice@superig.com.br), Mônica Colares de Oliveira Lima 1, Fabiana de Campos Cordeiro Hirata 1, Paulo Ribeiro Nobrega 1, João Paulo Cavalcante de Almeida 1, David Martins de Araújo Costa 1 e Germano Paulo Venceslau de Lima 1
(1. Dpto. de Clinica Medica, Universidade Federal do Ceará - UFC)
INTRODUÇÃO:
Transtornos de ansiedade e depressão são causa potencial de prejuízo na qualidade de vida e no desempenho intelectual e, nas formas mais graves, podem ameaçar a segurança dos indivíduos. Trata-se de um dos distúrbios psiquiátricos mais comuns e, portanto, de extrema importância. È descrito que síndrome depressiva manifesta-se mais freqüentemente nos períodos de inverno, em locais com redução sazonal da luminosidade. Recentemente, foi demonstrado também que a exposição matinal a luz reduz os sintomas depressivos. Sabe-se que transtornos como o distúrbio bipolar associa-se a atraso da fase do sono e medicamentos utilizados nos transtornos depressivos, como o lítio, interfere com o ritmo circadiano dos indivíduos. Portanto, as alterações do humor e do ritmo circadiano podem estar conectadas e influenciar diversas outras funções relacionadas. Presentemente, nós avaliamos uma população jovem sobre os transtornos de humor e as variações do cronotípo.
METODOLOGIA:
Nosso estudo consistiu na análise de uma população jovem, constituída por alunos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, graduandos do primeiro ao terceiro semestre dessa universidade. Foram estudados indivíduos de ambos os sexos com idade entre 18 e 30 anos. Utilizamos dois questionários estruturados, aplicados em sala de aula. Para avaliarmos a presença de transtorno depressivo (alterações do humor), utilizamos o Inventário de Beck, e para a avaliação do padrão cronotípico, utilizamos a Escala de Morningness-Eveningness de Horne Ostberg. Através de questionário padrão, avaliamos ainda se esses alunos praticavam ou não, com freqüência, exercícios físicos e também a história familiar positiva ou negativa para doença psiquiátrica.
RESULTADOS:
Oitenta indivíduos, 36 homens e 44 mulheres, com idade entre 19 e 29 anos (21,01,8) foram estudados. Vinte e nove indivíduos (35,8%) praticavam exercício físico regularmente. História familiar de transtorno depressivo foi presente em 23 alunos (28,4%). Nessa população, observou-se que cinco pessoas (6,2 %) apresentavam sintomas compatíveis com depressão (Escala de Beck>20). Observou-se que oito indivíduos (9,9%) eram do tipo extremamente vespertino, 22 (27,2%) eram moderadamente vespertinos, 41 (50,6%) eram indiferentes, nove (11,1%) eram ligeiramente matutinos e um (1,2%) eram moderadamente matutino. Nessa população, não houve relação entre a presença de alterações do humor avaliada pela escala de Beck e o cronotipo avaliado pela escala de Horne Ostberg.
CONCLUSÕES:
Nós mostramos que transtorno depressivo esteve presente, indicando a necessidade potencial de uma abordagem terapêutica. Observou-se uma variação do padrão do cronotipo mostrando que até 50% da população apresentava um comportamento indiferente. Este achado é importante, visto que esses indivíduos estarão eventualmente expostos a sistema de trabalho em turnos. Nós sugerimos que as variações de cronotipo presentes nessa população devem ser reconhecidas desde que elas podem influenciar o desempenho de uma maneira geral, e particularmente nas atividades que envolvem sistema de turnos.
Palavras-chave:  depressão; cronotipo; humor.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005