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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana
UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA QUE AS GANGUES EXERCEM EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO BAIRRO DA MARAMBAIA, EM BELÉM DO PARÁ.
Viviane Xerfan de Oliveira 1 (vivianepara@yahoo.com.br) e Samuel de Amorim Sá 2
(1. Departamento de Sociologia, Universidade Federal do Pará - UFPA; 2. Departamento de Metodologia, Universidade Federal do Pará - UFPA)
INTRODUÇÃO:
Partindo do pressuposto de que as gangues representam elementos indesejáveis ao convívio social, predominantemente no âmbito urbano, o presente estudo procurou compreender e analisar a incidência de gangues dentro e ao redor de uma escola da rede pública de ensino fundamental no bairro da Marambaia, em Belém do Pará, assim como a influência que exercem sobre a instituição de ensino, a sensação de insegurança vivida pelos alunos tentando também refletir a cerca do processo que leva o jovem a se tornar um integrante de gangue.
METODOLOGIA:
Levantamento bibliográfico para subsidiar a análise de conceitos e teorias vinculados à abordagem em questão. O trabalho de campo foi realizado em duas etapas: primeiramente efetuou-se observações do comportamento dos alunos no sentido de identificar e compreender a maneira de como interagem entre si, com o corpo docente e com outras pessoas que transitam dentro e fora da escola; num segundo momento aplicou-se um total de 12 questionários distribuídos entre alunos integrantes de gangues, alunos não integrantes, e integrantes sem vínculo algum com a escola, destinados a obter dados sobre idade, sexo, situação sócio-econômica e composição familiar dos educandos, como também a ocupação de todos os componentes do grupo doméstico.
RESULTADOS:
Dos questionários aplicados 11 foram respondidos por meninos e 1 por uma menina, constando-se entre eles ausência da família nuclear (pai, mãe, irmãos) e a presença de familiares de diferentes gerações, assim como um baixo padrão sócio-econômico. Verificou-se que há influência de duas gangues dentro e fora da escola. Os alunos envolvidos em gangues, quando não estão em aula, estão a maior parte do tempo ociosos; enquanto que os outros praticam atividades esportivas e/ou religiosas. Observou-se, também, que alunos envolvidos com “galeras” mantém um comportamento agressivo e muitas vezes se recusam a assistir às aulas. Sendo componentes de gangues rivais, procuram exercer maior influência sobre os alunos; por outro lado a direção tem o intuito de neutralizar as investidas desses grupos à instituição.
CONCLUSÕES:
Apesar de a direção tomar os procedimentos cabíveis em relação às gangues no interior e ao redor da escola, nota-se que as mesmas insistem em se manter presentes exercendo seu poder de influência, lançando mão de medidas como: agressão, furto, consumo drogas, e etc. Entre os alunos integrantes nota-se a maior participação de pessoas do sexo masculino que de pessoas do sexo feminino. Como medida preventiva e advertência a direção solicita a presença dos responsáveis para informá-los quanto ao comportamento dos alunos na escola e se possível fora dela. A escola tem se mostrado articulada quanto à problemática em questão, conseguindo, em muitos casos, impedir o envolvimento de determinados alunos em “galeras”, assim como resgatar outros sem precisar discriminá-los ou rotulá-los. Os alunos, por sua vez, parecem encontrar na instituição confiança e respeito que apontam caminhos para que compreendam que a escola não é um inimigo, mas uma aliada disposta à “restituí-los” ao convívio pacífico com a sociedade.
Palavras-chave:  Gangues; Escola; Convívio social.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005