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B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
REUSO DE ESGOTOS TRATADOS PARA IRRIGAÇÃO DE CAPIM ELEFANTE(PENNISETUM PURPUREUM): UMA ABORDAGEM PARASITOLÓGICA TENDO EM VISTA SUA UTILIZAÇÃO COMO RAÇÃO ANIMAL.
JOSE AMERICO DE SOUZA GRILO JUNIOR 1 (grilojr@bol.com.br), LUIZ PEREIRA DE BRITO 2, ADRIANA CLAUDIA CAMARA DE SOUZA 1, ANTONIA CLAUDIA JACOME DA CAMARA 2, ANA MARIA CAMARA DE OLIVEIRA GRILO 3 e FRANCISCO BARBOSA DA SILVA JUNIOR 1
(1. CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO RN; 2. UNIVERSDIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE; 3. ESCOLA ESTADUAL WINSTON CHURCCHILL)
INTRODUÇÃO:
1. Introdução

A disponibilidade dos recursos hídricos em todas as regiões do mundo tem diminuído no sentido quantitativo e qualitativo (König, 1999). O crescimento da demanda de água no planeta tem crescido num ritmo superior à população (Pereira de Brito, 2000).
Nesse contexto, a carência de recursos hídricos favorece a discussão sobre a necessidade urgente da reutilização de águas de qualidade inferior em atividades menos exigentes como, por exemplo, na agricultura irrigada com esgotos tratados, principalmente em regiões com escassez de água como é o caso do Nordeste do Brasil.
O presente trabalho analisa a possibilidade da migração dos ovos e larvas dos helmintos (nematóide, cestóide e trepatóide) para o capim elefante em função do sistema irrigante (infiltração sub-superficial).
METODOLOGIA:
O sistema de tratamento faz parte das pesquisas realizadas pela equipe do PROSAB (Programa de Saneamento Básico) da UFRN sobre “Tratamento de Esgotos Sanitários por Processos Anaeróbios e por Disposição Controlada no Solo”. O sistema analisado é constituído por tanques de alvenaria revestida que inclui: um decanto-digestor, um filtro de pedras de fluxo ascendente, 2 filtros anaeróbios de fluxo descendente, cujo material de enchimento é conduíte, e um tabuleiro inclinado que recebe esgoto tratado.
Para enumeração dos ovos de helmintos nas diversas partes do capim elefante O método foi desenvolvido por Ayres e modificado pelo método da sacarose desenvolvido por David e Lindiquist (1982), tendo o mesmo sido testado por Coelho (1984) na região de Goiânia como a técnica que obteve maior recuperação dos ovos de helmintos em análise realizada em alface. As amostras passam pelas seguintes etapas: sedimentação, centrifugação e flutuação com descarte do sobrenadante para posteriormente ser realizada a contagem em câmara de Mcmaster com observação em microscópio eletrônico em objetivas de 10 X e 40 X.
RESULTADOS:
As análises no capim elefante observou-se um acentuado percentual de Strongyloides stercolares nas suas diversas fases larvárias. Esses nematóides têm sobrevivência, preferencialmente, em solos ricos em matéria orgânica que contenham certo grau de umidade e temperatura na faixa compreendida entre 25 e 30º C. Temperaturas baixas tornam a evolução lenta, e matam as larvas rabditóides abaixo de 8º C. Essas condições são favorecidas pelo tipo de irrigação que deixa o solo úmido favorecendo a sua proliferação.
Observou-se uma quantidade bastante elevada de Strongyloides stercolares (50 a 60 larvas) e Ancilostomídeos sp nas raízes do capim, pois as mesmas estão em contato com o solo onde vivem esses parasitas. No caule foram encontradas essas duas espécies devido a tendência dessas larvas em se deslocarem para cima (geotropismo negativo). De acordo com Rey (1986) apenas as larvas do tipo filarióide têm penetração cutânea sendo infectantes ao homem e não ao gado (bovino, ovinos e suínos). Recomenda-se portanto, aos trabalhadores que manipulam com o capim, reduzirem o nível de exposição utilizando luvas e adotando práticas adequadas de higiene pessoal.
CONCLUSÕES:
Os resultados apresentados indicam que o capim elefante irrigado com esgotos domésticos tratados no Campus da UFRN, no que diz respeito à questão helmintológica serve como ração animal, uma vez que não foram encontrados no capim elefante ovos dos principais helmintos que provocam doenças no gado (bovino, ovino e suíno) e parasitam o homem, que são ovos de Tênia cujos hospedeiros intermediários são o gado bovino e suíno e a Fascíola hepática que tem como hospedeiros os ovinos e bovinos.
Ø Em face dos resultados, em relação aos helmintos, os riscos oriundos da reutilização com esgotos domésticos tratados por irrigação sub-superficial para irrigação de forrageiras são menores do que se imagina.
Ø A reutilização de esgotos domésticos tratados na irrigação de forragem animal, deve ser constantemente monitorada e submetida a processos de pós-tratamento, como por exemplo, a disposição controlada no solo e deve empregar sistemas de irrigação que propiciem baixo risco de contaminação aos trabalhadores envolvidos, bem como ao gado que se alimenta dessa forragem.
Instituição de fomento: CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO RN
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  helmintos; reutilização de esgotos domésticos; forragem animal.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005