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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional | ||
A INTERVENÇÃO PRECOCE DA TERAPIA OCUPACIONAL JUNTO AO INDIVÍDUO COM LESÃO MEDULAR | ||
Andreza Aparecida Polia 1, 2 (andrezapolia@hotmail.com), Myrian Guilharde 1 e Rute de Oliveira Mendes 1, 3 | ||
(1. Depto. de Terapia Ocupacional, Universidade Católica de Goiás - UCG; 2. Setor de Terapia Ocupacional, Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo - CRER; 3. Faculdade de Educação, Universidade Federal de Goiás - UFG) | ||
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho tem por objetivo demonstrar a relevância da atuação precoce da terapia ocupacional junto ao portador de lesão medular. Embora não existam dados estatísticos sobre a incidência do traumatismo raquimedular (TRM) no Brasil, as estatísticas americanas de 2004 apontam o surgimento de 11000 novos casos/ano. As características dos indivíduos acometidos pelo TRM são as seguintes: indivíduos do sexo masculino, entre 25 e 35 anos, atuantes no mercado de trabalho. As causas são variadas e estão relacionadas em termos de porcentagem com a região na qual o indivíduo reside, ou seja, dependendo das características muitas vezes peculiares de cada cidade e/ou estado, as causas apresentam variações sendo, na cidade de Goiânia, respectivamente, as mais freqüentes: mergulho em água rasa, acidente automobilístico e o projétil de arma de fogo. Esta pesquisa é relevante pela urgência da atuação do terapeuta ocupacional em hospitais de urgência, orientando os pacientes em relação ao tratamento pós-traumático, melhorando assim o prognóstico deste paciente em relação à sua reabilitação. |
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METODOLOGIA:
No desenvolvimento do projeto, participaram da pesquisa 10 pacientes com lesão medular em tratamento no setor de terapia ocupacional do Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo no período de fevereiro de 2005. Solicitamos que respondessem a um questionário com questões abertas compondo sete perguntas que tinham por objetivo investigar questões como a causa da lesão, o tipo de seqüela, quanto tempo após o TRM o paciente iniciou o tratamento no setor de terapia ocupacional, a presença de contraturas e/ou deformidades, os ganhos obtidos com o tratamento terapêutico ocupacional e quais as informações que o paciente e sua família possuíam quando o mesmo foi acometido pelo TRM. A escolha dos pacientes se deu através da disponibilidade dos mesmos para responderem ao questionário, sendo que todos realizavam o tratamento terapêutico ocupacional na referida instituição há pelo menos três meses com a terapeuta ocupacional Andreza Polia, apresentavam mais de 18 anos de idade e assinaram um termo dando veracidade às informações prestadas autorizando a publicação dos dados coletados. |
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RESULTADOS:
Com a análise quantitativa das respostas dos pacientes identificamos que 80% são do sexo masculino, confirmando as informações encontradas na literatura. O mergulho em água rasa é a maior causa do TRM perfazendo um total de 40%, sendo que tanto o projétil de arma de fogo, quanto os acidentes automobilísticos e as doenças apresentaram a mesma porcentagem. Este último dado confirma a relação direta entre a região que o indivíduo reside, os tipos de atividades que realiza e as causas da lesão; é possível também apontar que os indivíduos do sexo masculino são mais propensos a lesões de origem traumática e os do sexo feminino as de origem não traumática. A seqüela apresentada por 70% dos indivíduos foi a tetraplegia, que está diretamente relacionada a principal causa do TRM, ou seja, o mergulho em água rasa. A presença de contraturas e/ou deformidades depende de quando o tratamento terapêutico ocupacional foi iniciado os pacientes (30%) que iniciaram o processo de reabilitação na terapia ocupacional em tempo inferior ou igual a três meses, não desenvolveram nenhum tipo de contratura, os 20% que demoraram até um ano para entrar em tratamento desenvolveram contraturas em flexão de cotovelo e o restante, 50%, que demoraram mais de um ano apresentavam contraturas e/ou deformidades em diferentes articulações; 100%dos entrevistados não possuíam informações sobre o TRM antes de serem acometidos, e todos relataram ganhos obtidos na reabilitação. |
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CONCLUSÕES:
Através dos resultados obtidos nas entrevistas analisados foi possível detectar a importância fundamental da atuação do terapeuta ocupacional precocemente junto ao indivíduo com traumatismo raquimedular. Ficou demonstrado que a demora do indivíduo para iniciar o tratamento terapêutico ocupacional leva-o ao desenvolvimento de contraturas e por conseqüência deformidades, trazendo dificuldades concretas no dia-a-dia dos indivíduos, impedindo-os de adquirir, por exemplo, um grau de independência para o desenvolvimento das atividades de vida diária e prática. Alguns fatores responsáveis pela demora em iniciar o processo de reabilitação puderam ser identificados através da fala dos pacientes, como a falta de informação sobre a necessidade da reabilitação ser precoce e quais as implicações do seu adiamento, a falta de esclarecimento pelas equipes dos hospitais que atendem estes indivíduos imediatamente após o trauma e que não os encaminham para centros de reabilitação, a distância entre o centro de reabilitação e a cidade natal do paciente e também a demora do paciente em sair de algumas fases psicológicas (negação, raiva, depressão), adiando, portanto, o início do processo de reabilitação. Após a intervenção terapêutica ocupacional, os pacientes conseguem apontar os ganhos obtidos com este tipo de tratamento e relacioná-los com o processo de aceitação das seqüelas adquiridas, admitindo suas limitações físicas, porém valorizando suas possibilidades. |
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Palavras-chave: Intervenção Precoce; Terapia Ocupacional; Traumatismo Raquimedular. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |