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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências | ||
ANÁLISE AMBIENTAL DA BACIA DO POTI NO NOROESTE DO MUNICÍPIO DE CRATEÚS-CE | ||
Ewerton Torres Melo 1 (ewertontorres@ig.com.br) e Maria lúcia Brito da Cruz 1 | ||
(1. CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE; 2. CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
As planícies fluviais têm sido utilizadas como vias de penetração para o interior e facilitado o povoamento e o crescimento de aglomerados urbanos, uma vez que estes ambientes constituem diferenciação regional nos sertões semi-áridos, por abrigarem melhores condições de solos e disponibilidades hídricas. O homem, ao povoar o espaço, busca explorar o máximo dos recursos naturais disponíveis que, na maioria das vezes, utiliza técnicas inapropriadas contribuindo para acelerar os processos de degradação ambiental. O presente trabalho buscou, como objetivo geral, caracterizar e analisar as atuais condições ambientais da planície fluvial da bacia do Poti no Noroeste do município de Crateús-CE. Essa área está localizada no Centro-oeste do Ceará, onde o rio Poti, que pertence ao sistema de drenagem da bacia do Parnaíba, é o principal recurso hídrico. O povoamento cresceu contornando as margens do rio, que consequentemente acelerou o processo de degradação ambiental em função, principalmente, da substituição da mata ciliar pelo cultivo e do manejo inadequado do solo urbano e rural. Dessa forma, este trabalho procurou, também, analisar as diferentes formas de uso e ocupação da área estudada, que com a utilização de técnicas de geoprocessamento, foi elaborado um mapa que apresenta a atual situação da planície fluvial. Essa pesquisa torna-se importante na contribuição com informações que podem ser utilizadas em planejamento e gestão ambiental do município. |
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METODOLOGIA:
O trabalho iniciou-se com o levantamento bibliográfico, abordando conceitos e informações sobre o ambiente estudado. No levantamento de dados referentes a área de estudo, foi utilizado o anuário estatístico do Ceará 2004, documentos do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Crateús, e do IPECE e IBGE 2000. Através dos mapas municipal, geomorfológico, solos e cobertura vegetal, adquiridos na CPRM(2003), foi possível delimitar e georreferenciar a área pesquisada. No laboratório de geoprocessamento da Universidade Estadual do Ceará, utilizou-se o programa ARC VIEW 3.2 para produzir o mapa detalhado do uso e ocupação. Para a avaliação dos desmatamentos e da quantificação espacial da vegetação, foram utilizadas fotografias aéreas datadas de 1958 (escala 1:25000) e de 2001 (escala 1:10000) cedidas pela Prefeitura Municipal de Crateús. Essas fotografias foram analisadas e interpretadas visualmente, com auxílio de estereoscópio. Em agosto de 2004, foi realizado o primeiro trabalho de campo utilizando GPS, mapa e máquina fotográfica. Houve participação dos moradores que informaram sobre suas atividades na exploração dos recursos naturais. Em janeiro de 2005, houve um segundo trabalho de campo utilizando os mesmos procedimentos da primeira. |
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RESULTADOS:
Através da observação dos mapas e da análise das fotografias aéreas do município de Crateús-CE, constatou-se de imediato grandes extensões de matas ciliares degradadas, que na maioria das vezes, é substituída pelo plantio de culturas de subsistência nos terraços aluviais. A destruição dessa vegetação está causando sérios problemas como a perda da biodiversidade, a erosão com conseqüente assoreamento da calha do rio Poti e poluição por agrotóxicos e lixo. Foi observado ao longo da área de estudo a presença de habitações ocupando o terraço aluvial. Verificou-se ainda, o lançamento de efluentes sanitários e industriais diretamente no leito do rio ou através de canalizações irregulares de esgotos à rede de drenagem pluvial. Observa-se, também, locais com água estagnada e proliferação de vegetação aquática (aguapés) ocupando toda a calha do rio, denotando o elevado nível de poluição a que este vem sendo submetido. Em entrevista às comunidades inseridas na planície fluvial, os moradores relataram que a agricultura de vazante vem diminuindo de produção devido ao empobrecimento do solo. Dessa forma, os agricultores exploram novas áreas, acelerando, assim, o processo de degradação ambiental. |
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CONCLUSÕES:
Analisando o mapa produzido nessa pesquisa, percebe-se o quanto que área sofreu modificações, onde em alguns trechos é nítido o desequilíbrio ambiental causado, principalmente, pela erradicação de matas ciliares, e do desenvolvimento de atividades não compatíveis com a preservação dos recursos naturais. O assoreamento e a poluição é visível em quase toda extensão do rio Poti, esse que é a principal fonte de abastecimento humano, animal, industrial e para irrigação no município de Crateús. A planície fluvial está fortemente povoada, já que está área possui melhores condições de solos e disponibilidades hídricas. As comunidades ribeirinhas utilizam os terraços aluviais para plantar, principalmente, milho, feijão e mandioca, sendo que é comum o uso de agrotóxicos e técnicas agrícolas rudimentares. Levando-se em conta que a escassez de água é uma realidade do semi-árido, deve-se considerar a importância da planície fluvial do Poti para a população de Crateús. Espera-se que esta pesquisa tenha uma contribuição para um futuro planejamento e gestão ambiental do município, e que as informações ajudem na tentativa de solucionar, não somente os problemas atuais, mas também melhorar as condições ambientais futuras, com repercussões favoráveis na qualidade de vida da população. |
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Palavras-chave: Análise ambiental; Planície fluvial do Poti; Degradação ambiental. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |