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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física | ||
COMUNIDADE VENEZINHA E RIO MARANGUAPINHO: UMA RELAÇÃO DE PERDAS? | ||
Geísa Silveira do Nascimento 1 (geisa.sn@bol.com.br), Danielle Rodrigues da Silva 1, Maria de Lourdes Carvalho Neta 1, Wesley Rocha Barbosa 1, Silmara Barbosa Quinto 1, Fabiano Lucas da Silva Freitas 1, João Paulo Matias Paiva 1, Ivaine Maria Tonini 1 e Eustógio Wanderley Correia Dantas 1 | ||
(1. Depto. de Geografia, Universidade Federal do Ceará - UFC) | ||
INTRODUÇÃO:
O estudo se propôs a analisar a relação ambiental entre a Comunidade Venezinha em um trecho do baixo curso do rio Maranguapinho, localizado no bairro Genibaú entre as avenidas Senador Fernandes Távora e Liberdade. O objetivo foi entender as relações existentes entre o rio e a comunidade que reside em seu entorno, através da análise do grau de conscientização da comunidade, no que tange a conservação de seus recursos. O rio Maranguapinho é o principal afluente do rio Ceará, que por sua vez integra a bacia hidrográfica metropolitana. Este recurso hídrico nasce, entre as serras de Maranguape e Aratanha, percorrendo 34 quilômetros por quatro municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF): Maranguape, Maracanaú, Caucaia e Fortaleza, drenando cerca de 22.050 hectares. Tal percurso evidencia que sua passagem por áreas de grandes concentrações industriais e populacionais resulta em impactos ambientais de grandes proporções incidindo diretamente na qualidade de vida das comunidades que residem em seu entorno. Tal proposta se justifica pela relevância da manutenção deste, bem como pela importância na presença de áreas verdes no meio urbano, que funcionam como tensores de qualidade ambiental, beneficiando toda a população em geral. |
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METODOLOGIA:
A metodologia utilizada para desenvolver o estudo foi realizada por meio de uma bibliografia especializada que permitiu entender a problemática em estudo. O estudo foi baseado na teoria geossistêmica, onde dividimos o rio Maranguapinho em três zonas. Para realizar essa compartimentação utilizou-se documentação cartográfica, onde cada zona corresponde aos cursos alto, médio e baixo do recurso hídrico. Contudo a área de pesquisa situa-se na zona do baixo curso, formados pelos geossistemas tabuleiro pré-litorâneo e planície litorânea, mas conforme o nosso propósito a comunidade Venezinha foi nosso referencial para delimitarmos nossa geofácies. Feita a demarcação geoambiental fizemos um reconhecimento das condições sócio-ambientais do local, para entender a relação da comunidade com o corpo hídrico e os seus possíveis desequilíbrios ambientais. Fotografias aéreas, imagens de satélite e radar e mapas temáticos com escalas e datas variadas, trabalhos de reconhecimento de campo, análise de pareceres técnicos e relatórios de impacto ambiental e entrevistas com técnicos e habitantes da comunidade foram ferramentas técnicas que nos auxiliaram. A partir disso fomos construindo diagnósticos, relatórios e mapas temáticos para compreender os processos que se configuram nesta paisagem. |
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RESULTADOS:
No decorrer do estudo das relações entre a comunidade e o recurso hídrico, notamos a existência de perdas, para ambos os componentes. São diversos os impactos produzidos: desmatamento, poluição hídrica (dejetos líquidos e sólidos), erosão, assoreamento, entre outros, os quais se apresentam relacionados e, muitas vezes em cadeia. A retirada da mata ciliar acentua a erosão das margens, que diminui a profundidade do corpo hídrico, favorecendo a formação de banco de sedimentos e provocando o barramento parcial do mesmo. Todos estes impactos contribuem significativamente para a intensificação das enchentes e seus desdobramentos. Contudo, vale ressaltar que as enchentes se caracterizam enquanto eventos naturais, que ocorrem nas planícies de inundação na estação chuvosa (meses de janeiro a maio) quando a vazão a ser escoada torna-se superior a capacidade de descarga das calhas do curso d’água. As perdas são mais intensas devido ao desenvolvimento urbano descontrolado, com a urbanização intensa das áreas ribeirinhas e dos afluentes principais. No caso, a comunidade encontra-se instalada as margens do rio Maranguapinho, já desnudo de mata ciliar e degradado durante grande parte de seu longo percurso e, como resposta natural, a comunidade é acometida pelos efeitos que as enchentes ocasionam. |
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CONCLUSÕES:
Depois desta análise é possível afirmar que os impactos são decorrentes da ocupação urbana desordenada que se processa ao longo de toda a cidade de Fortaleza. Contudo, não podemos deixar de registrar que os habitantes da área são assim como o rio: vítimas. O rio, vítima por ser assoreado, desmatado, poluído, sintetizando, degradado, já a população por viver com baixa qualidade de vida, tendo que se acostumar com constantes situações de risco, ou seja, com a probabilidade de ocorrer acidentes, de contrair doenças que muitas vezes resultam em ferimentos ou mortos. O entendimento das enchentes como principal impacto dessas áreas, decorre do fato de esta provocar os maiores efeitos ao ambiente. A ocupação por si já é um impacto na transformação do ambiente, ou seja, é um dos principais, no entanto, se apresenta enquanto alternativa encontrada para resolver o problema de falta de moradia, mesmo que precária, serve mais como resolução de problemas do que como ocasionadora. |
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Palavras-chave: Degradação Ambiental; Área de Risco; Urbanização. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |