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F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Gestão e Administração - 5. Gestão de Pessoas
Gestão de Competências,Gestão do Conhecimento e Organizações de Aprendizagem – instrumentos de apropriação pelo capital do saber do trabalhador
Lydia Maria Pinto Brito 1 (lydiampbrito)
(1. Universidade Federal do Ceará)
INTRODUÇÃO:
Neste momento de reestruturação produtiva, o capital mais uma vez se supera na criação de alternativas de explorar o trabalhador. Este trabalho tem como objetivo geral revelar a lógica e o conteúdo do discurso do novo modelo de gestão empresarial em construção e que tem como matrizes teóricas e práticas o que está se convencionando chamar de: Gestão do Conhecimento, Gestão de Competências e Organizações de Aprendizagem. A hipótese que orientou o processo de investigação foi de que o novo modelo de gestão empresarial, que busca o lucro, sobrevivência e expansão da empresa, não garante o emprego ou a inserção do trabalhador no mercado de trabalho, ocasionando a falta de emprego, precarização das condições e relações de trabalho e o surgimento de psicopatologias relacionadas com o medo da perda do espaço organizacional.
METODOLOGIA:
A pesquisa do ponto de vista epistemológico orientou-se pelas premissas do materialismo histórico e dialético. O referencial de análise baseou-se principalmente nos conceitos de trabalho, ideologia e alienação, elaborados por Marx e Lukács, e nos conceitos de banalização da injustiça social desenvolvido por Dejours. O percurso do resgate teórico do modelo em construção obedeceu a uma cronologia que abrange o período de 1990 a 2002, quando são mapeados os eventos marcos e as idéias centrais, de grande penetração e repercussão dentro das organizações e literatura estruturante do eixo central do modelo.
RESULTADOS:
A compreensão da situação existente supõe a reflexão da realidade em duas dimensões relacionadas: a do trabalhador como membro de uma classe social e a do trabalhador como indivíduo, que estabelece relações consigo próprio e com o outro. Para Marx e Lukács, o entendimento da realidade implica a contextualização do modo de produção capitalista, que se sustenta na sociedade de classes, na lógica de acumulação do capital nas mãos do capitalista, na exploração do trabalhador, na intensificação do processo de alienação e na disseminação de uma ideologia, elaborada pelo capital para obtenção do comprometimento do empregado com relação à resultados empresariais. Para Dejours, a luta contra o processo de banalização da injustiça social, decorrente do modo de produção capitalista e da sociedade de classe, consiste em desvendar o que está por trás do "processo educativo" para o trabalho promovido pelas empresas e qual o papel de cada trabalhador neste processo.
Antecedentes históricos do modelo em construção
Matrizes referenciais do novo modelo de gestão de pessoas nas empresas :Gestão de Competências, Gestão do Conhecimento e Organizações de Aprendizagem
A ideologia educacional de sustentação do modelo – capital intelectual e capital humano
Estratégias de Administração do modelo – a) de implantação - educação individualizada, educação grupal e educação corporativa b) estratégias atitudinais e comportamentais – inteligência emocional
CONCLUSÕES:
- A conclusão do estudo aponta para um poderoso modelo, que se desenvolve apoiado por uma ideologia amplamente disseminada que reforça a alienação do trabalhador e que possibilita a subsunção real do trabalho.Os novos modelos de gestão empresarial e de educação para o trabalho em construção, portanto, configuram-se como a forma mais sofisticada que o capital encontrou, até hoje, de se apropriar da inteligência e dos afetos do trabalhador para aumentar a exploração e a conseqüente mais-valia e assim tentar manter seu lucro e expansão nos patamares do modelo taylorista-fordista em crise
Palavras-chave:  Gestão de Competências; Gestão do Conhecimento; Organizações de Aprendizagem.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005