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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física

AMBIENTES LÊNTICOS EM FORTALEZA/CE- ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DOS PARÂMETROS LIMNÍTICOS E OS ASPECTOS SOCIAMBIENTAIS DO COMPLEXO HÍDRICO SAPIRANGA-COITÉ

Marcelo de Oliveira Moura ¹ (Bolsista PIBIC / geommoura@bol.com.br), Váleria de Oliveira Araujo ¹, Ana Maria Ferreira dos Santos ¹, Fca. Flaviana Rodrigues de Oliveira ¹, AnatarinoTorres da Costa ¹, Marta Celina Linhares Sales ¹ e Edson Vicente da Silva ¹

(1. Departamento de Geografia - UFC)

INTRODUÇÃO:
O complexo hídrico Sapiranga-Coité, localizado no setor Sudeste de Fortaleza-Ce (3º 37’ de Latitude S e 38º 28’ de Longitude W), faz parte do sistema de macrodrenagem da sub-bacia 5 da bacia hidrográfica do rio Cocó. Esse complexo lacustre possui 709.500m ² de superfície d’água, sendo que 675.000m² pertence a lagoa da Sapiranga, constituindo-se no maior ambiente lêntico da cidade. Os recursos hídricos em Fortaleza já apresenta um estágio bem avançado de degradação ambiental, causados por fatores antrópicos, especialmente pela intensa urbanização acelerada a partir da década de 70. O complexo hídrico em estudo já inicia esse processo expresso na modificação dos parâmetros físico-químicos e biológicos de suas águas. Analisar a evolução dos parâmetros limnológicos de acordo com a resolução do CONAMA N.º 020/86, bem como apresentar os aspectos socioambientais desse ecossistema são os principais objetivos desse trabalho.

METODOLOGIA:
O referencial teórico segue as prescrições metodológicas de pesquisa de: BERTRAND (1971); TRICART (1977); SOTCHAVA (1978);PORTO, BRANCO & LUCA (1991) e APHA (1992). Os procedimentos metodológicos constatou-se de um levantamento em campo para coleta de 20 parâmetros limnológicos para cada um dos seis pontos da amostragem do complexo hídrico. Sendo que 17 desses foram determinados em laboratório e os demais in situ como: a visibilidade, temperatura em superfície e batimetria. Esses foram coletados em 09 de junho de 2004 no final da quadra chuvosa, sendo considerado o nível das marés para uma futura discussão da classificação morfo-hídrica desse ambiente. A análise dos elementos limníticos foi comparada com os levantamentos da CAGECE (1978) e SEMACE (1998) para a análise da evolução de 26 anos de condições limnológicas do complexo hídrico Sapiranga-Coité. Usou-se também, como procedimento a interpretação de fotoimagens de 1999 e 1973 para identificação de formas de uso e ocupação da área, e a aplicação de questionários com a comunidade ribeirinha do tipo aberto e fechado para a identificação e conhecimento da realidade sanitária da área de trabalho.

RESULTADOS:
Após, a coleta e a determinação das concentrações dos parâmetros físico-químicos no ambiente lêntico constatou-se que esse ecossistema se enquadra na Classe 2 das Águas Doces do CONAMA, pois todos os pontos da coleta apresentaram salinidade inferior a 0,5‰. Definindo ,dessa forma, os seguintes limites para os parâmetros: pH de 6,6; Cloretos 65mg/l; OD (Oxigênio Dissolvido) 6,2mg/l, sendo esses os valores médios das amostragens, os quais correspondem a Resolução. A Amônia, o Fósforo total e Nitrito apresentaram concentrações média de 0,95mg/l, 0,50mg/l e 1,62mg/l respectivamente, sendo que esses valores ultrapassaram de forma intensa os limites do CONAMA. Esses últimos parâmetros compromete a produtividade do ecossistema, pois são esses os nutrientes limitantes da eutrofização. A aplicação dos questionários com a comunidade local confirmou para uma população de 7,4% que 2,2% não possui abastecimento de água; 4,07% possui fossa do tipo rudimentar não havendo sistema de esgoto. Já representatividade do corpo lêntico para a comunidade é: 0,37% para o banho, apesar de apresentar condições de balneabilidade com 500 MMP/100mlCF (Coliformes Fecais); 2,22% para a pesca de subsistência e 3,33% para banho/pesca.

CONCLUSÕES:
Constatou-se com a análise comparativa para um período de 26 anos de registros, que não houve variação no pH da água entretanto, houve aumento dos elementos de Nitrogênio nas formas de Nitrito e Nitrato, sendo que esse último apresentou 50% de aumento na sua concentração. A Amônia registrou 0,94mg/l para essa pesquisa, 0,20mg/l em 1997 e ausente em todos os pontos da amostra em 1978. Essa situação evidencia que há uma elevada concentração de nutrientes, o que favoreceu à eutrofização. Já no trabalho da SEMACE, esse ecossistema já era classificado como hipereutrófico. No que se refere os valores médios de OD, todos estão dentro dos parâmetros estabelecidos pelo CONAMA não inferior a 5 mg/l. A CE (Condutividade Elétrica) se apresentou bastante variada 558μS/cm, 970,6μS/cm e 331,6μS/cm respectivamente para 2004, 1997 e 1978, essa ocorrência pode ser devido à oscilação das marés, durante a coleta. Os pontos I, II, III e IV de amostragem dessa pesquisa apresentaram taxas significativas de CE e de salinidade, isso cria subsídios para uma discussão para a classificação morfo-hídrica do tipo Laguna, para esse ecossistema o baixo índice batimétrico vêm reforçar essa idéia, já que o maior valor encontrado foi de 1.01m. Dessa forma a pesquisa conclui que houve mudanças significativas na qualidade de água do complexo hídrico Sapiranga-Coité, o que compromete o equilíbrio da biodiversidade desse ecossistema.

Palavras-chave: Ecossistemas lênticos; Qualidade da água; Degradação Ambiental.

Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005