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H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 1. Literatura Brasileira | ||
AS ROSAS ROUBADAS: TRAVESSIA E TRANSGRESSÃO EM CLARICE LISPECTOR | ||
Jane Pinheiro de Freitas 1 (janepfreitas@ig.com.br) | ||
(1. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP) | ||
INTRODUÇÃO:
Várias são as leituras já feitas do universo da personagem feminina na obra de Clarice Lispector, mas poucos são os estudos que analisam a relação dessa personagem com a sociedade em si, nossa proposta é o estudo mais aprofundado da transgressão enquanto fuga para além das paredes das obrigações sociais que condicionam essas personagens. Estudaremos essa transgressão tendo como principal objeto duas personagens: A protagonista do conto “A fuga”, do livro A bela e a fera, 1977, e Ângela Pralini, do livro Onde estivestes de noite, 1974, ambas estão, por caminhos diferentes, em busca de uma liberdade que rompa com o destino. |
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METODOLOGIA:
O estudo foi estruturado com base em pesquisa bibliográfica das obras da autora para assim podermos fazer um rastreamento da evolução do tema acima proposto. Em obras de Lispector como o romance de estréia Perto do coração selvagem, 1943, é possível observarmos a personagem Joana que transgride o próprio destino e não cabe em nenhum dos moldes que a sociedade lhe oferece. No conto “Amor” do livro Laços de família, 1969, a personagem rompe com a própria obrigação de mulher casada e sai a vagar pelas ruas, como quem busca uma nova existência. Foi possível analisarmos essa idéia de transgressão sob dois aspectos diferenciados: o social, fazendo uso de conceitos da sociologia; e o filosófico, relacionando a fuga com a idéia de ruptura na filosofia. |
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RESULTADOS:
Foi possível constatar através de nossa pesquisa as diferentes abordagens do tema da fuga na escrita de Lispector, assim como as várias manifestações dessa necessidade de libertar-se para romper com o destino. Observamos também a forte ligação que há entre partida e retorno, uma vez que quase todas as personagens que fogem acabam sempre voltando e novamente se agarrando às coisas que se repetem como única maneira de sustentar a própria existência, único recurso para evitar a queda que sucederá o vôo intenso. |
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CONCLUSÕES:
Pensamos ser de muita importância para a crítica da autora um estudo que tenha como objetivo retratar essa fuga enquanto um libertar-se, apresentando como pano de fundo o desejo de ruptura que está latente nas personagens. A importância desse estudo é também denunciar mais um vestígio da escritura clariceana: o de ser uma porta-voz do grito calado pelas mulheres de seu tempo, que vivam presas aos costumes e à sociedade. |
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Palavras-chave: ruptura; travessia; fuga. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |