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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física | ||
IMPACTOS DA IMPLANTAÇÃO DE BARRAGENS SOBRE O SISTEMA ESTUARINO DO RIO JAGUARIBE, CEARÁ-BRASIL. | ||
Davis Pereira de Paula 1 (davispp@yahoo.com.br), Jáder Onofre de Morais 1 e Lidriana de Souza Pinheiro 1 | ||
(1. Depto. de Geociências, Universidade Estadual do Ceará - UECE) | ||
INTRODUÇÃO:
Os ambientes estuarinos são altamente dinâmicos caracterizados pela diluição gradativa da água do mar pela água doce proveniente da drenagem continental. Nas ultimas décadas o desenvolvimento acelerado das atividades econômicas nesses ambientes no Estado do Ceará, sem um planejamento de sustentabilidade prévio tem causado diversos impactos em variadas escalas. Exemplos da ação conjunta desses processos e impactos são observadas nos estuários dos rios Jaguaribe, Malcozinhado, Catú e Timonha contemplados pelo PROGERIRH (Programa de Gerenciamento de Recursos Hídricos). No caso especifico do estuário do rio Jaguaribe, localizado no litoral leste do Estado à aproximadamente 149 km de Fortaleza, corresponde a uma área do Nordeste Brasileiro, onde são extremamente escassos os recursos hídricos, tornando cada vez mais importantes estudos detalhados dos processos atuantes nesses ambientes. Na área de estudo observou-se o desenvolvimento acelerado da carcinicultura que tem provocado impactos adversos ao longo da bacia estuarina. Sendo que o objetivo geral desta pesquisa foi identificar e analisar as alterações hidrodinâmicas e morfodinâmicas ao longo da área de influência do estuário do rio Jaguaribe |
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METODOLOGIA:
Os materiais e métodos aplicados neste estudo se baseiam nos conceitos atuais de oceanografia física de estuário (hidrodinâmica e morfodinâmica) aplicando-se à área modelos propostos pela bibliografia especializada. A execução do trabalho ressaltou a obtenção de dados empíricos a partir dos parâmetros estudados, a periodicidade das coletas e os métodos empregados. Os equipamentos utilizados “in situ”, tais como CTD SeaBird SBE-19, correntômetro SD-30 da Sensordata, refratômetro e sondas de oxigênio, pH, condutividade e temperatura foram cedidos pelo Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica da UECE. Na coleta de dados de campo foram estabelecidas sete seções de monitoramento, cada uma contendo três estações (margens e meio), onde foram realizadas coletas sazonais (estiagem e chuvoso) em um ciclo de maré completo dos parâmetros físico-químicos, hidrológicos e sedimentologicos. Nas seções foram recolhidas amostras de sedimentos de fundo e coletadas amostras de água (fundo e superfície) para análise no próprio campo dos parâmetros físico-químico. Também foram realizadas medições de velocidade e direção de correntes de fundo e superfície e análise dos fatores físico-ambientais controladores dos processos costeiros. |
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RESULTADOS:
O regime pluvial da área estudada foi caracterizado pela ocorrência de duas estações bem definidas: uma chuvosa, que ocorre durante o primeiro semestre, onde cerca de 93% da pluviosidade anual ocorre entre os meses de janeiro a junho, e outra seca no segundo semestre com chuvas esparsas sem grande expressividade. Outra característica do clima local é a diferença entre a pluviosidade do litoral e a registrada a pouco mais de 34 km da foz do Jaguaribe no município de Itaiçaba. Em Aracati, por exemplo, chove em média 933 mm por ano, isso de acordo com os dados disponibilizados pela FUNCEME dos últimos 30 anos. Em Itaiçaba a média registrada foi de 630 mm ano, ou seja, já caracterizando um clima semi-árido. Em relação ao levantamento batimétrico nas seções monitoradas demonstrou uma variação média de 1,10 a 7,4 m de profundidade. A salinidade variou de 25 a 40 no período seco, com maiores valores registrados na baixa-mar possibilitando a definição de dois regimes salinos: euhalino (s > 30), polihalino (18 < s ≤ 30). No baixo estuário não foram verificadas estratificações na coluna d’água. No município de Aracati, a uma distância de 23 km da foz foram verificadas estratificações na maré vazante com desvio padrão de 25. O oxigênio dissolvido teve uma pequena variação de 6,49mg/l na preamar a 6,71mg/l na baixa-mar. O comportamento da temperatura da água foi de 28,45 ºC a 26,7ºC na preamar e baixa-mar, respectivamente. |
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CONCLUSÕES:
A influência da maré dinâmica é observada até a localidade de Itaiçaba a uma distância de 25.7 km da foz. A construção de barragens ao longo do rio Jaguaribe reduziu o volume de água doce para o interior do sistema estuarino, fazendo com que os processos de mistura e circulação sejam controlados por variações semidiurnas e pelo regime pluviométrico da região. A sazonalidade climática é refletida diretamente na contribuição de água doce dos tributários fluviais para o sistema principal, sendo que em períodos de estiagem esta contribuição é quase nula, conseqüentemente provocando um aumento da salinidade das águas estuarinas do rio Jaguaribe |
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Instituição de fomento: FUNCAP | ||
Palavras-chave: ESTUÁRIO; HIDRODINÂMICA; MORFODINÂMICA. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |