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D. Ciências da Saúde - 7. Fonoaudiologia - 1. Fonoaudiologia

CARACTERÍSTICAS DA FUNÇÃO MASTIGATÓRIA EM IDOSOS PORTADORES DE PRÓTESE DENTÁRIA REMOVÍVEL

Fernanda Maria Bezerra de Mello 1 (fernandambm@yahoo.com.br) e Daniele Andrade Cunha 1, 2

(1. Depto. de Fonoaudiologia, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE; 2. Departamento de Fonoaudiologia, Faculdade Integrada do Recife - FIR)

INTRODUÇÃO: O envelhecimento é considerado uma etapa natural do desenvolvimento, e como todo o organismo que envelhece, a cavidade oral sofre atrofia e grande diminuição de elasticidade. Na evolução da senescência os dentes tendem a desgastar-se progressivamente, podendo resultar na extração dos mesmos. Essa perda dentária influencia em vários aspectos dentre eles a mastigação. Segundo Moriguchi (1995), nesse caso, é necessário a utilização de próteses dentárias para que não haja alteração de todo o sistema estomatognático. Guerra e Turini (2001), afirmam que 97% dos idosos fazem uso de algum tipo de prótese. Esses elevados índices mostram a importância de estudos mais detalhados sobre as alterações das funções estomatognáticas decorrentes da perda dentária, como também, as vantagens e desvantagens da protetização desse idoso. Esta é uma área de interesse recente dentro da ciência fonoaudiológica e segundo Giacheti e Duarte (1997), não há muitos registros de estudos na literatura científica brasileira e internacional sobre a questão da intervenção fonoaudiológica junto ao idoso. Este estudo servirá de subsídio para uma atuação mais direcionada a esta nova classe emergente, merecedora de uma atenção especial, que cresce a cada dia. Dessa forma, o objetivo geral dessa pesquisa, foi identificar as características da função mastigatória em idosos portadores de prótese dentária removível, além de estabelecer um comparativo da eficácia entre os tipos de próteses removíveis totais e parciais.

METODOLOGIA: A pesquisa teve como área de estudo o Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI), vinculado ao programa do idoso da Universidade Federal de Pernambuco. A população do estudo foi baseada nos seguintes critérios de inclusão: os 40 idosos deveriam ter acima de 60 anos, fazer uso de próteses dentárias removíveis, podendo ser total e/ou parcial. Para melhor análise comparativa; os mesmos estavam a espera de atendimento no ambulatório de odontologia. A pesquisa consistiu em um desenho de estudo observacional, descritivo e do tipo série de casos. A coleta de dados foi realizada no período de outubro a novembro de 2004. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética do Hospital Agamenon Magalhães seguindo a orientação da resolução 196/96. Após a aprovação foi aplicado o termo de consentimento ao voluntário juntamente com a garantia de sua privacidade e prévia aprovação do Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI). A coleta de dados foi realizada através de um questionário elaborado pela autora baseado em Felício (1998) e Quintale et al. (2002) e adaptado com perguntas fechadas sobre a função mastigatória. Na a análise dos dados foi utilizado o programa Excel para a realização de apresentação gráfica dos resultados em valores numéricos e porcentagem. Sobre os benefícios da pesquisa, estes foram responsáveis pelo acréscimo de conhecimentos para melhor atuação da fonoaudiologia junto ao idoso portador de prótese dentária removível, que vem se tornando um campo cada vez mais abrangente.

RESULTADOS: No que se refere à função mastigatória foi possível observar que a efetividade das próteses variaram de acordo com os tipos de consistências alimentares e de próteses removíveis. Em relação à consistência, os resultados podem ser justificados pelas diferentes forças de mordida entre os dentes naturais e as próteses removíveis. Pellizzer e Muench (1998) verificaram em pesquisa realizada sobre força de mordida envolvendo próteses removíveis que dentes naturais apresentaram força de mordida 4 vezes maiores que dentaduras. Nesta pesquisa encontraram força de mastigação com dentadura um valor médio de 4 kgf e máximo de 7 kgf, enquanto que em dentes naturais foram registrados 9 kgf para a mastigação e 20 kgf para a mordida. Em relação aos tipos de próteses, foram comparadas as dificuldades alimentares mencionadas com os tipos de próteses utilizado por cada idoso, foi observado que em relação à prótese superior há uma prevalência na dificuldade mastigatória em relação ao tipo total. O mesmo não ocorreu em relação às próteses inferiores, pois não houve prevalência significativa em relação ao tipo de prótese inferior nos tipos de consistências referentes ao estudo. No que se refere a preferência alimentar, foi possível observar que há uma dependência da musculatura orofacial para uma melhor eficiência mastigatória nos usuários de prótese dentária, resultando na não mudança na dieta alimentar (RODRIGUES e DIOGO, 1996).

CONCLUSÕES: Com relação à função da mastigação, a análise dos dados abordados através das entrevistas mostrou que houve dificuldade nessa função, variando de acordo com os tipos de alimentos devido a diferente força de mordida entre os dentes naturais e as próteses removíveis. Apesar da dificuldade apresentada, a preferência alimentar dos usuários de próteses dentárias é por alimentos sólidos que não gastem muita energia durante a mastigação. Comparando-se os resultados dos tipos de próteses removíveis observou-se que houve diferença percentual significativa na característica da função mastigatória sendo a próteses superior do tipo total mais prevalente na dificuldade desta função. Em relação aos tipos de próteses inferiores não houve prevalência. Convém salientar que o assunto referente a esta pesquisa não consta na literatura. Os resultados apresentados levam em consideração a percepção dos entrevistados sobre as características abordadas de modo que se faz necessária uma avaliação abrangente com maior número de variáveis a serem pesquisadas, e não só identificar possíveis alterações como também compreender as suas causas.

Palavras-chave:  Prótese dentária removível; Idoso; Função Mastigatória.

Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005