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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 2. Práticas Clínicas, Identidade e Relações de Gênero | ||
CASAMENTO: ENTRE O REAL E O IDEAL. | ||
MILENE DE ALMEIDA CHAVES 1 (milikachaves@yahoo,com.br) | ||
(1. Depto. de Ciências Humanas, Universidade de Fortaleza - UNIFOR) | ||
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho configura-se em uma pesquisa cujo tema é “ Casamento: entre o real e o ideal”. Os objetivos constituem-se em contrapor os modelos idealizados às vivencias das mulheres, a partir dos discursos femininos, do que é significativo para esses sujeitos em relação à concepção de “bom casamento”, onde o ponto crucial a se focalizar é, através de uma visão critica, a representação do casamento utilizando-se tanto dos discursos proferidos por mulheres que vivenciam essa realidade, comparando esses discursos idealizados com as formas de realização da relação conjugal, na prática.. A finalidade é compreender e interpretar esse fenômeno como está sendo simbolizado dentro da estrutura social a partir de quem os vivencia. A partir da constatação desse fenômeno social, torna-se relevante o aprofundamento desse tema por possibilitar uma melhor compreensão de questões relacionadas à própria instituição e o que pode levar a sua transformação, ultrapassando assim o senso comum do simples fenômeno dado que auxiliará, futuramente, profissionais ligados a um trabalho especifico nessa área, bem como esclarecerá pessoas que tenham interesses sobre o conteúdo. |
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METODOLOGIA:
Esse universo foi constituído por mulheres entre 30 e 40 anos da classe média e renda familiar acima de 10 salários mínimos, residentes da cidade de Fortaleza que estejam vivenciando o casamento. A pesquisa foi do tipo bibliográfico e de campo baseado na análise do discurso de referencial fenomenológico, onde se buscou, através da análise qualitativa, recolher as representações sociais do casamento tais como conceitos, noções, modo de ver que foram apreendidos dos diversos discursos sociais (jurídico, religioso,...) e de como estão elaborando suas experiências cotidianas. Para alcançar tal proposta, o processo se constituiu de cinco momentos. No primeiro, ocorreu a leitura de obras relacionadas ao tema exposto, onde realizou-se um referencial teórico de base que constituiu o momento da pesquisa bibliográfica. No segundo, a produção do instrumento de investigação - o questionário da entrevista. O momento seguinte foi composto pela pesquisa de campo propriamente dita junto a amostragem de 06 entrevistadas em suas respectivas instituições de trabalho, utilizado-se para essa coleta a entrevista não estruturada como forma de conseguir o máximo de informações desse material, anteriormente, já comprovado sua eficiência através de um pré-teste. No quarto, retomou-se a literatura de base com o material recolhido das entrevistas para possíveis articulações entre ambos; e o último, um aprofundamento teórico mais consistente a partir do material produzido no quarto momento. |
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RESULTADOS:
Dentro da pesquisa realizada, os resultados apontaram para uma maioria das entrevistadas que não sabiam definir o que realmente seria o casamento, assim não encontrando respostas concisas. Junto a essa concepção as entrevistadas concebiam o seu casamento como sendo diferente dos demais, onde a dissolubilidade dos mesmos ocorre facilmente. Logo, definiram como um “bom casamento” o intercambio de funções e papeis sociais, enquanto o “mau casamento” se associaria a dominação e submissão sutil da mulher para os desejos masculinos, assim se caracterizando em uma rigidez de papeis. Nessa rigidez, foi apontada por parte das entrevistadas a necessidade de um desenvolvimento pessoal (o individualismo) no contexto contemporâneo, ao mesmo tempo em que se busca uma relação mais no nível da satisfação emocional, psicológica e sexual, também se exigindo uma maior intimidade e comunicação entre aos parceiros. Dentro desse contexto, as entrevistadas, de um modo geral, apresentaram dificuldades em analisar fora do pensamento dicotômico: já que separava bem a sua experiência de casamento com a de outras pessoas, bem como também apareceu na idéia da responsabilidade de não melhorar a relação que ora seria por culpa do parceiro, ora são as mulheres totalmente culpadas. Consequentemente, a relação não se apresentou como um todo, senão por fragmentos dispersos, o que impossibilitou a perspectiva de uma referência identificatória dessas entrevistadas. |
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CONCLUSÕES:
Diante dos resultados obtidos que se formulou no inicio da pesquisa, aliados aos resultados obtidos, pode-se concluir que os casamentos para as mulheres nos tempos atuais são vivencias de relacionamentos interpessoais que não são pensados, nem criticados durante a experiência, principalmente, devido a uma repetição de papeis passados de geração em geração que acarreta em uma dificuldade de entrar em contato a partir de seus próprios sentimentos por já serem pré-determinadas como formas de comportamentos e pensamentos de cada pessoa na relação. Logo, há uma história de casamento, de certa maneira, escrita por seus antepassados que dificulta a escolha da melhor forma de relacionar-se com o outro de maneira livre, excluindo um sujeito que faz escolhas por estar cercado desses a priores. Esse padrão de repetição na relação conjugal inicia-se logo, no primeiro momento, antes de se constituir a própria instituição, já que a escolha do tipo de casamento na forma jurídica e católica foi unâmimo em todas as entrevistadas, mostrando assim a influencia de normas e regras estritas dentro dessa estrutura do casamento. |
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Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: casamento; gênero; mulheres. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |