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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana
COMUNIDADE CAÇA E PESCA: UM ESTUDO SOBRE RECICLAGEM E CIDADANIA
Luana Santos 1 (luasantosbr@yahoo.com.br)
(1. Depto de Ciências Sociais, Universidade Estadual do Ceará)
INTRODUÇÃO:
O acúmulo do lixo é um problema grave e se torna cada vez maior porque, na sociedade capitalista, a produção nunca pode parar, sob pena de haver uma diminuição dos ganhos das empresas. Percebe-se, assim, a importância da publicidade que estimulam as pessoas a consumirem cada vez mais, promovendo a paixão pelo efêmero, pela moda e pelo descartável. O tratamento e a destinação final do lixo e dos resíduos tóxicos têm-se transformado em uma “bomba-relógio”, que precisa urgentemente ser desativada, principalmente nas grandes cidades. O Brasil produz 250 mil toneladas de lixo por dia, segundo especialistas, e a saturação dos aterros sanitários está próxima. Todo o lixo produzido nas cidades é depositado nos aterros sanitários. Estes últimos estão lotados de subprodutos e restos de materiais tóxicos que sobram das linhas de produção das empresas. Adicionando-se a todo esse material o lixo doméstico produzido por milhões de habitantes. Então, para gerenciar o crescente volume de lixo sólido produzido, é necessário uma combinação de uso de depósitos verdadeiramente apropriados, métodos de redução de lixo, incineração e reciclagem. No qual, vamos destacar neste trabalho a comunidade do Caça e Pesca e sua convivência com o processo de reciclagem em Fortaleza.
METODOLOGIA:
O trabalho consistiu primeiramente em leituras exploratórias para conhecer um pouco da realidade brasileira sobre a produção do lixo e os métodos empregados para a redução do mesmo. Depois da fase inicial de leitura, fomos informados através de professores a quem nos dirigiríamos para começar o trabalho de campo. Foram indicados duas pessoas, a primeira Gisele, cuja tese do seu curso de Serviço Social tinha como tema “Os catadores de lixo do Jangurussu” e a segunda pessoa foi Ângela Kuster, que trabalha em uma fundação alemã que promove a realização de vários projetos no Brasil. Após o contato com os autores e pesquisadores, fizemos várias visitas a comunidade onde conhecemos o projeto existente e participamos do seu dia-a-dia ouvindo suas histórias e recolhendo todo o material necessário para a concretização desta pesquisa.
RESULTADOS:
O método de observação participante e permitiu-nos que, em nossas pesquisas, "assumíssemos o papel do outro" e vissemos a situação estudada através dos "olhos dos pesquisados". Ao entrarmos em contato com a realidade deles, observando-os durante o seu trabalho, ouvindo-os contar sobre sua história, fomos ao mesmo tempo supreendidos e modificados pelo o seu contexto. Eles mudaram o nosso, ao permitirem que conhecêssemos um pouco de sua vida e entrássemos em contato com o sentimento de solidariedade que os une em torno do projeto.O trabalho de campo permitiu-nos ver além do simples processo mecânico de reaproveitamento de material. Essa atividade envolve aspectos humanos que desconhecíamos e que sensibilizaram nosso ponto de vista a respeito do assunto. Há pessoas sobrevivendo exclusivamente do trabalho no galpão, os laços de união entre elas é muito forte, pois estão inseridas na mesma realidade.Essas pessoas com pouca perspectiva de vida, tendo em vista o baixo grau de escolaridade da maioria e as condições precárias da região, foram capazes de ensinar o valor da união e da persistência na busca pela concretização de um ideal.O medo que tínhamos inicialmente de entrar em contato com pessoas desconhecidas e tentar entender seu cotidiano, sua forma de pensar e agir, foi atenuado pela convivência mantida no período de pesquisa. Ao estabelecermos esse contato mais direto com o objeto estudado, diminuímos a possibilidade de uma visão etnocêntrica interferir na realidade estudada.
CONCLUSÕES:
Em países desenvolvidos, a coletiva seletiva já é amplamente adotada, refletindo até na decisão de compra, de produtos por seus possíveis compradores, no que se refere à embalagem ser ou não reciclável. Reciclagem é uma forma de praticar a cidadania, pois ao incentivar a cooperação da sociedade, conscientiza o cidadão de que é de sua inteira responsabilidade preservar o meio em que vive, para, com isso, legar este patrimônio às gerações futuras. A educação ambiental é um dos instrumentos mais importantes para promover a mudança necessária nos cidadãos, provocando a mudança de espectadores para atores e produtores das soluções; de desinteressados para comprometidos e co-responsáveis pelas ações; de responsáveis pelos problemas, para parceiros das soluções; de indiferentes para apaixonados pelo tema. O processo educativo deverá dessa forma, estimular a participação social e o estabelecimento de parcerias para a implementação dos programas não só na área da educação ambiental como no bem-estar da sociedade.
Palavras-chave:  reciclagem; comunidade; produção.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005