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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS NA ADESÃO AO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DE PACIENTES EM USO DE DOIS OU MAIS ANTI-HIPERTENSIVOS
Magali Pinheiro Landim 1 (magali_pinheiro@yahoo.com.br)
(1. Depto. de Enfermagem,Universidade Estadual do Ceará - UECE)
INTRODUÇÃO:
Nas últimas décadas, cresceu o número de indivíduos com doenças crônicas no mundo. Esse aumento é mais evidente em países em desenvolvimento, pois o crescimento urbano e industrial traz consigo uma subtração na qualidade de vida das pessoas. Fatores como o estresse, o sedentarismo e as dietas insatisfatórias estão cada vez mais presentes no cotidiano e são considerados de risco para o surgimento da hipertensão. A adesão do paciente hipertenso ao tratamento é fundamental para se obter o controle da pressão arterial, porém ainda constitui um grande desafio para a equipe de saúde, vistas as altas taxas de abandono (cerca de 30 a 50%) principalmente entre os assintomáticos. São inúmeros os fatores que determinam os baixos índices de adesão, apesar da eficácia dos medicamentos no controle dos níveis pressóricos. Estes fatores estão relacionados, principalmente à doença, ao medicamento, aos pacientes e ao profissional de saúde (RIBEIRO, 1999). Diante da freqüente observação, da incoerência no seguimento medicamentoso, despertou-me o interesse de realizar esta pesquisa com o objetivo de investigar a relação de dados sócio-demográficos com a compreensão da complexidade do tratamento farmacológico em seu seguimento. A partir do conhecimento do perfil dos hipertensos que mais apresentam dificuldades no seguimento do tratamento farmacológico é possível traçar estratégias e ações que possam garantir uma maior eficácia deste tratamento.
METODOLOGIA:
Foi realizado um estudo descritivo que visou determinar o perfil sócio-demográfico da população estudada, buscando relacioná-lo com a adequação do tratamento farmacológico. A população foi constituída por 160 pacientes com hipertensão de um distrito do interior do Ceará que faziam acompanhamento com a equipe do programa de saúde da família (PSF) da localidade. A princípio, a amostra constava de 35 participantes, porém houve uma perda de dois deles que viajaram antes da coleta de dados. Logo, a amostra foi composta de 33 hipertensos que se enquadravam aos seguintes critérios de inclusão: fazer uso de dois ou mais medicamentos para o controle da hipertensão, residir na sede do distrito e aceitar participar do estudo. A coleta foi realizada no domicílio dos pacientes, entre os meses de agosto e setembro de 2004, previamente identificados pelo prontuário, onde foi coletada a prescrição/posologia dos pacientes que fariam parte da amostra. O instrumento de coleta de dados foi um formulário, com perguntas objetivas e subjetivas, testado anteriormente com três hipertensos acompanhados em um posto de saúde de Fortaleza. As variáveis estudadas foram idade, sexo, escolaridade, estado civil, ocupação, renda familiar, raça e tratamento farmacológico, entre outras. Os dados foram compilados em forma de tabelas e gráficos. Foi realizada uma análise descritiva das variáveis constantes no formulário, identificando-se as relações mais significativas entre as variáveis.
RESULTADOS:
A partir da análise dos dados caracterizados em tabelas de três e duas entradas, pude constatar que a maioria dos participantes do estudo é de mulheres idosas, casadas, analfabetas ou com ensino fundamental incompleto, morando com mais uma ou duas pessoas em casa e ganhando até um salário mínimo. Após a descrição dos participantes do estudo nas tabelas, fiz uma comparação entre a prescrição farmacológica e a afirmação dos participantes em relação a como estava sendo realizada a administração dos anti-hipertensivos. A seguir, formei um novo grupo constituído por 11 hipertensos que apresentaram divergência entre a prescrição médica e a maneira como referiam estar tomando a medicação. Realizei a comparação entre esse novo grupo e a amostra, levando em consideração cada variável estudada. Dessa comparação obtive alguns resultados relevantes como: quanto mais elevado o intervalo da faixa etária dos hipertensos que participaram deste estudo, maior dificuldade destes em dar seguimento correto ao tratamento medicamentoso; o nível de escolaridade deles mostrou-se inversamente proporcional ao seguimento correto do tratamento e quanto maior o numero de anti-hipertensivos tomados diariamente mais complicada era a adesão.
CONCLUSÕES:
Apesar das limitações previstas na utilização do instrumento de coleta de dados - sujeito às distorções e tendenciosidade do informante, bem como a possíveis falhas inerentes ao procedimento de coleta de dados - verifica-se que o instrumento utilizado ofereceu dados relevantes e coerentes com aqueles encontrados na literatura da área. Considerando todos os participantes, concluiu-se que 63% do total não aderiam corretamente ao plano terapêutico, uma vez que 33% deles apresentaram divergência entre prescrição e administração, e 30% admitiram não tomar a medicação corretamente por esquecer ou não ir buscá-la na unidade de saúde ou ainda por não apresentarem sintomas ou queixas. Conhecendo as características demográficas do grupo torna-se mais fácil traçar estratégias individuais e populacionais que proporcionem uma melhoria na adesão ao tratamento. A partir do resultado deste estudo sugiro algumas ações que poderão garantir uma efetividade maior do tratamento medicamentoso, tais como: ações educativas sobre a doença e seu tratamento com participação ativa do hipertenso, proporcionando uma convivência aceitável do indivíduo com o tratamento; prescrições farmacológicas de menor complexidade possível, por meio da utilização de associações fixas de drogas anti-hipertensivas e prescrições bem explicadas, principalmente, em se tratando de pacientes idosos e de posologias complexas.
Palavras-chave:  hipertensão; adesão ao tratamento; condições sociodemográficas.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005