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H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 3. Línguas Estrangeiras Modernas | ||
"MEU PROFESSOR SÓ ENSINA GRAMÁTICA" - O ASPECTO CULTURAL NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA - UMA PRÁTICA NO ENSINO DE LE | ||
Mônica Ferrreira dos Santos 1 (ninal2408@bol.com.br), Geniclecy Costa da Silva 1, Carlos Ramos da Silva 1, José Gilmar de Lima 1, Regineide Edileuza da Silva 1, Raquel de Almeida Rocha 1 e Leilane Ramos da Silva 1, 2 | ||
(1. Escola Sup. de Palmeira dos Índios, Fundação Universidade Est. de Alagoas-FUNESA; 2. Programa de Pós-Graduação em Letras - PPGL, Universidade Fed. da Paraíba - UFPB) | ||
INTRODUÇÃO:
Os estudos têm mostrado o quanto é importante considerar, para o ensino de uma Língua Estrangeira-LE, aspectos ligados à cultura do país onde tal língua é falada como materna. Nesse sentido, julga-se de fundamental importância que o professor valide a cultura tecnológica extra-escolar do aluno e, concomitantemente, trabalhe o conhecimento cultural da LE estudada, partindo do pressuposto de que o conhecimento, a valorização e o respeito às outras culturas são aspectos importantes na formação da cidadania de seus discípulos. Ancorado nessa perspectiva, este trabalho apresenta uma análise da importância do uso de conhecimentos culturais como auxílio na aprendizagem de LE, a partir da observação dos objetivos e atividades sugeridas tanto em livros didáticos dos níveis Fundamental e Médio quanto naqueles que são usados em escolas de idiomas e do posicionamento de professores e alunos no trato dessa temática, evidenciando não apenas a idéia de que a assimilação de aspectos culturais inerentes ao (s) país (es) onde a LE é falada garante um aprendizado mais eficaz, mas também que esse aprendizado propicia ao aluno a inserção na realidade intercultural de uma forma mais ativa. |
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METODOLOGIA:
A análise foi dividida em três etapas principais: inicialmente, foram selecionados 06 livros didáticos (02 de Ensino Fundamental, 02 de Ensino Médio e 02 adotados por escolas de idiomas) e observados os objetivos e as atividades de cada um deles, comparando-os entre si, de modo a identificar os pontos de contato e/ou de afastamento nos referidos guias instrucionais; depois, foram aplicados alguns questionários, tanto a professores quanto a alunos de LE, com o propósito de verificar a opinião e/ou expectativa de ambas as partes com relação à abordagem de elementos culturais na aprendizagem de uma LE; por fim, foram aplicados alguns exercícios cuja tônica incidiu sobre a valorização de aspectos culturais da LE estudada - notadamente, o inglês- e verificou-se um melhor desempenho dos alunos no trato das habilidades desejadas para o desenvolvimento da competência comunicativa em LE. |
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RESULTADOS:
Diante da análise realizada, verificou-se que: a) quanto aos livros pesquisados: no geral, as atividades remetem apenas a uma sugestão ao conhecimento cultural; os objetivos contemplados não prevêem a inserção de dados culturais no ensino-aprendizagem de uma LE, sendo alguns aspectos trabalhados sucintamente, visando apenas ao ensino de vocabulário ou às habilidades isoladas de fala; b) quanto às entrevistas: embora declarando não possuírem um alto nível de saber cultural - posto nunca terem ido ao país onde a LE é falada como materna, restando-lhes as informações advindas via textos acadêmicos, noticiários, revistas e mesmo da internet-, os docentes acreditam que a integração da cultura ao ensino de LE é bastante significativa, influenciando o aluno à aquisição de uma língua acessível, que ele conhece a estrutura lingüística por meio, dentre outras, da assimilação de aspectos culturais; já os alunos afirmaram que tanto os exercícios sugeridos nos livros quanto as atividades elaboradas pelo professor refletem tão somente a estrutura gramatical da LE e cobraram aulas mais dinâmicas; c) quanto aos exercícios aplicados: depois de submetidos aos exercícios focalizando aspectos culturais da LE estudada, a exemplo de jogos, peças teatrais e exposição a situações de fala comuns aos nativos do idioma, houve uma mudança considerável no aprendizado dos alunos e, mais que isso, um estímulo e/ou vontade aprender a LE em questão passou a conviver com esses alunos. |
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CONCLUSÕES:
Sem dúvida, abordar o elemento “cultura” no trato do ensino de uma LE é propiciar ao corpo discente a oportunidade de ultrapassar os muros estruturais tão repetidos ao longo dos anos nas salas de aula, à medida que, de posse de tal conhecimento, o aluno pode surpreender, transgredir as expectativas do professor, assimilando de forma mais rápida e significativa a competência comunicativa no novo idioma. A análise dos livros considerados revelou o quão distantes ainda estão esses recursos didáticos em evidenciar o fator cultura para a aprendizagem de uma LE. Igualmente pôde-se constatar como há fragilidade e/ou inexperiência do professor em relação a essa temática e isso contribui de forma bastante direta para o descrédito dos alunos frente ao que estão por aprender. Inversamente, a aplicação de atividades mais dinâmicas, cujo cerne residiu na focalização de aspectos da LE estudada, trouxe à tona a idéia viva de que o trabalho docente pode ter frutos mais claros e imediatos, a partir da participação dos alunos nas aulas e dos progressos por eles obtidos no desmistificar do universo lingüístico de uma nova língua. Dessa forma, fica claro que, antes de ser uma iniciativa dos manuais adotados pelo corpo docente, cumpre a esses profissionais lutar pela melhoria do ensino de uma LE, a partir de uma crescente dinamização de suas aulas, mormente fazendo valer o elemento cultural como pivô de suas abordagens. |
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Palavras-chave: Língua Estrangeira; Cultura; Cidadania. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |