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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana | ||
IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS DA COLETA SELETIVA E DA RECICLAGEM NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO: UMA ABORDAGEM GEOGRÁFICA | ||
Licio Caetano do Rego Monteiro 1 (liciocaetano@yahoo.com.br), Sílvia Paquelet Pereira 1, Lizie Calmon de Souza 1, Thiago Edel 1, Otto Correa Rotunno Filho 2, José Homero Pinheiro Soares 3 e Evaristo de Castro Jr. 3 | ||
(1. Departamento de Geografia, Instituto de Geociências - UFRJ; 2. Programa de Engenharia Civil, COPPE - UFRJ; 3. Departamento de Hidráulica e Saneamento, Faculdade de Engenharia - UFJF) | ||
INTRODUÇÃO:
O lixo das grandes cidades tem sido um problema para as administrações municipais e para os cidadãos de um modo geral. Mais do que a simples coleta de lixo, a gestão de resíduos sólidos cada vez mais se orienta para uma visão global com relação ao problema do lixo. Principalmente nas grandes metrópoles, devido à quantidade de lixo produzido, o problema da disposição final dos resíduos sólidos tem implicado em custos sociais e ambientais que colocam na ordem do dia a necessidade de redução, do reaproveitamento e da reciclagem do lixo. Ou seja, a gestão de resíduos sólidos deve atuar em todos os processos desde a produção do lixo na fonte, como parte rejeitada do consumo, até seu retorno à “natureza”, com disposição em aterros, ou ao seu consumo produtivo, como “matéria-prima” da indústria. Hoje, segundo os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IBGE,2004) ,no Brasil, são reciclados 42% do vidro, 43,9% do papel, 49,5% das latas de aço e 35% das garrafas PET. A taxa de reaproveitamento das latas de alumínio atinge louváveis 89%. Porém, como bem demonstra o IBGE, essa situação se relaciona menos com programas de coleta seletiva do que com a pobreza e o desemprego. Enquanto a coleta seletiva é uma realidade em apenas 451 municípios (8,2% dos municípios no Brasil), a pobreza e o desemprego têm tornado a catação de lixo uma estratégia de sobrevivência de contingentes consideráveis da população, que obtém sua renda a partir da venda do lixo catado. O fato novo na atual conjuntura é o aumento do valor dos recicláveis, transformando o lixo em recurso. |
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METODOLOGIA:
No Rio de Janeiro, a empresa pública responsável pelos resíduos sólidos urbanos é a COMLURB e a coleta seletiva visando à reciclagem é um dos projetos implementados para reduzir os efeitos negativos do volume de lixo produzido na cidade. O objetivo geral do nosso trabalho é realizar uma avaliação da implementação dos programas de coleta seletiva pela COMLURB, sua espacialidade e seus impactos gerais sobre o espaço urbano e específicos sobre os atores envolvidos na economia urbana da reciclagem dos resíduos sólidos urbanos. Dentre seus impactos podemos destacar a redução do volume de lixo destinado aos aterros, o aproveitamento econômico dos resíduos sólidos e os efeitos com relação aos catadores de recicláveis que atuam no Rio de Janeiro. Com relação aos impactos ambientais da coleta seletiva do Rio de Janeiro, analisamos os dados da COMLURB com relação ao total de lixo produzido, à composição gravimétrica do lixo, o volume disposto em aterros e o volume coletado seletivamente e reciclado. Além disso, verificamos a distribuição geográfica dos três programas de coleta seletiva da COMLURB (Coleta Seletiva Residencial, Cooperativas de Catadores e Eco Pontos) e o quanto cada um contribui com a reciclagem. |
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RESULTADOS:
Os resultados obtidos com relação aos impactos da coleta seletiva na diminuição do lixo em aterros são relativamente pequenos (menos de 1% do lixo produzido) se compararmos com o destaque dado pela COMLURB em termos de propaganda e incorporação de valores ambientais à sua atuação. A disparidade entre o volume de lixo coletado seletivamente e o volume de lixo reciclado vai confirmar, para a cidade do Rio de Janeiro, a conclusão obtida pelo IBGE em seu Indicadores do Desenvolvimento Sustentável, a partir dos dados nacionais. Enquanto a maioria das empresas públicas responsáveis pelos resíduos sólidos excluem da gestão os catadores autônomos e cooperativados, são justamente eles quem mais contribui com a reciclagem. |
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CONCLUSÕES:
Ao comparar os dados da COMLURB com as informações sobre a reciclagem efetuada por catadores autônomos ou cooperativados no Rio de Janeiro verificamos que tais atores não podem ser desconsiderados ou marginalizados no processo de gestão de resíduos sólidos urbanos. Mais do que qualquer finalidade ecológica, a reciclagem efetuada pelos catadores constitui-se como um meio de vida e como fonte de renda. Sendo assim, as medidas empreendidas pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro geram efeitos diretos sobre a ação dos catadores. Essa realidade nos coloca um novo cenário para o lixo urbano, em que a cidade pode ser encarada como fonte de recursos e campo de disputa para os diversos atores envolvidos na gestão de resíduos sólidos. |
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Instituição de fomento: PET/SESu | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: gestão de resíduos sólidos; coleta seletiva; reciclagem. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |