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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia | ||
AS PRÁTICAS DE ACONSELHAMENTO COMO FORMA DE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE SEXUAL - IST's/AIDS | ||
Eduardo José Nascimento Fragoso 1 (edfragosope@hotmail.com) | ||
(1. Departamento de Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal Rural de Pernambuco, UFRPE) | ||
INTRODUÇÃO:
A informação, particularmente sua ausência ou ineficácia, tem sido um aspecto destacado nos estudos sobre transmissão do HIV, sendo tida como um fator relevante para a infecção desse vírus (Parker,2000). A realidade é que três décadas se passaram e a epidemia tem avançado, destacando-se mais recentemente o aumento do número de casos entre mulheres com parceiro fixo, jovens e pessoas pobres. Tal fato pode ser comprovado pelo boletim recente do Ministério da Saúde do ano de 2004. Embora seja visível esse aumento assustador ocorrido, segundo o mesmo órgão e alguns autores como Parker (2000) e Vasconcelos (1999), tais indivíduos sentem-se pouco à vontade para utilizar o serviço de saúde pública como forma de prevenção. A falta de informação implica constrangimentos que ocorrem durante e após o exame. Assim sendo, questiona-se a eficácia do modelo de comunicação que tem sido adotado pelas instituições de saúde pública na relação entre os profissionais da área de saúde e o cliente/educando. Tendo em vista esse estado de coisas, este trabalho teve por objetivo verificar se, e em que medida, as práticas comunicativas do COAS/Recife, Centro de Orientação e Aconselhamento em IST’s/AIDS, influenciavam na prevenção à propagação dessas doenças e se representavam um instrumento eficaz para diminuir a transmissão entre os indivíduos da região metropolitana do Recife. |
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METODOLOGIA:
Constitui base do trabalho desenvolvido dados qualitativos adquiridos através de entrevistas realizadas com funcionários e observações no COAS/Recife. O Centro conta com oito funcionários, trabalhando em horários distintos, entre eles: um assistente social, um psicólogo, dois auxiliares de enfermagem e quatro estagiários dos cursos de Serviço Social e Enfermagem, atendendo a uma demanda diária não-padronizada, ou seja, os grupos que buscam as informações variam de faixa etária, de classe social, de sexo, de grau de escolaridade e de estado psicológico. Vale ressaltar que, por determinação da própria instituição, os usuários não poderiam ser entrevistados para que não fosse gerado nenhum tipo de constrangimento. As observações focalizavam-se no processo de interação público/palestrante. Dessa forma, durante as palestras, as relações sócio-interativas estabelecidas permitiam observar a participação do público, se as pessoas eram estimuladas pelos palestrantes a participarem, quais os níveis de conhecimento delas sobre IST’s/AIDS e, principalmente, se, ao saírem, era perceptível alguma mudança de comportamento. |
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RESULTADOS:
Constatou-se que, na maioria das vezes, para informar sobre a prevenção em IST/AIDS, o COAS utilizava técnicas que podem ser concebidas como “mecanicistas” ou “bancárias”. Embora os palestrantes procurassem agir de forma solidária com os usuários, era perceptível uma atmosfera de intimidação e tensão na relação entre eles; considerada normal pelos profissionais. Apenas duas das palestras analisadas se deram de forma participativa e dialógica, sendo proveitosa para o público, havendo debates e discussões sobre os temas abordados. E, nas outras, recorreu-se a uma abordagem tecnicista, “medicamentosa” e “bancária”. Nestes casos, conforme observado, os usuários saíram silenciosos, curiosos, nervosos, com medo e, aparentemente, dispostos a não mais voltarem. Verificou-se, entretanto, que, desde a entrada dos usuários no centro, eles eram tratados de formas atenciosa e sigilosa, o que não parece ser suficiente para uma tomada de consciência em relação à vulnerabilidade às ISTs/AIDS, pois o tratamento, embora cordial, não era suficiente para uma troca de informação satisfatória. |
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CONCLUSÕES:
A prevenção do vírus HIV/AIDS está relacionada diretamente às informações que se tem. Sabe-se que condutas preventivas requerem ações educativas continuadas, visto que campanhas esporádicas têm pouca relevância junto aos jovens. Em relação ao COAS, verificou-se que a forma como a informação é transmitida não favorece a conscientização e o repasse de informações pelos usuários. Parece fundamental a modificação de suas estratégias comunicativas, bem como a noção de saúde de seus profissionais. Apontamos para a necessidade de uma mudança do atendimento profissional em saúde sexual para um atendimento com ênfase à epidemia HIV/AIDS. A prevenção em IST’s/AIDS precisa se fazer presente no conjunto de ações relacionadas com a promoção à saúde e à cidadania; nesse sentido, parece fundamental uma transformação nos comportamentos dos Profissionais de Saúde, particularmente nas estratégias comunicativas adotadas para o trato com seus clientes/educandos. |
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Instituição de fomento: PROPEG/UFRPE | ||
Palavras-chave: Comunicação; HIV/AIDS; Prevenção. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |