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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
CONDIÇÕES AMBIENTAIS E ESTADO DE DEGRADAÇÃO NO ESTUÁRIO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ACARAÚ - CEARÁ.
Aurilea Bessa Alves 2 (leabessa@yahoo.com.br), Paulo Augusto Pires Sucupira 2, Flavio Rodrigues do Nascimento 3, Morsyleide de Freitas Rosa 1, Maria Cléa Brito de Figueirêdo 1 e Lúcia de Fátima Pereira Araújo 1
(1. Agroindústria Tropical, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA; 2. Depto. de Geociências, Universidade Estadual do Ceará - UECE; 3. Depto. de Geografia, Universidade Federal Fluminense - UFF)
INTRODUÇÃO:
A região pesquisada é o estuário da Bacia do rio Acaraú, localizada na porção norte do estado do Ceará. O escopo do estudo particularizou as condições ambientais do estuário e seu estado de conservação. Ao longo da última década, este ambiente vem recebendo várias intervenções territoriais, relacionadas ao uso de técnicas rudimentares, organizacionais ou produtivas, a exemplo da carcinicultura, que se desenvolve na região degradando extensas áreas de manguezais. Isto altera significativamente a biodiversidade estuarina, promovem a deterioração dos recursos naturais, sobretudo, os renováveis de vegetação e solos, desencadeando uma série de conseqüências ambientais, sociais e econômicas de grandes proporções.
METODOLOGIA:
O estudo em foco considerou algumas etapas como indispensáveis: Abordagem Sistêmica; Valorização da multidisciplinaridade e Sistema de Informação, conforme Souza (2005), Nascimento (2003 e 2005). Técnicas de geoprocessamento foram indispensáveis para coleta, armazenamento, tratamento e divulgação de dados, concentrando informações e descentralizando o seu acesso. As etapas do roteiro metodológico, a seguir, sintetizam os procedimentos adotados: levantamento bibliográfico e cartográfico da área sobre evolução geológica e geomorfológica, rede de drenagem, distribuição fitogeográfica, uso e ocupação e processos ambientais associados no estuário do rio Acaraú; elaboração da cartografia básica através do Sistema de Informações Geográfica, contendo as principais informações dos recursos naturais disponíveis na área; análise temporal com a interpretação de produtos de sensoriamento remoto, utilizando-se fotografias aéreas do Departamento Nacional de Obras Contra Seca de 1952 e imagem do satélite Landsat 7 sensor ETM+ de 2002 da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos, tendo em vista estudos temáticos através dos softwares de processamento de imagem Arcview 3.2 e Spring 4.1. Destaques-e que este possibilitou a classificação supervisionada do estado de conservação da vegetação; levantamentos de campo para fins de reconhecimento da verdade terrestre, com a utilização de GPS Garmim 12XL para localização dos pontos e máquina fotográfica digital Sony DSC P52 para registros dos mesmos.
RESULTADOS:
A diversidade e complexidade da vegetação no sistema ambiental apresenta, no entanto, diferentes classes de estado de conservação, conseqüentes da dinâmica bio-produtiva em consonância com as atividades socioeconômicas desenvolvida na área em teste. Foram assinalados, pelo menos em 5 unidades de classes – conforme análise de imagens de satélite e checagens de campo, quais sejam: Conservada, Parcialmente Degradada, Degradada, Fortemente Degradada, Solo exposto. Enfatizou-se a freqüência do estado de conservação dos mangues, bem como de suas áreas limítrofes por representarem ecótonos. Assim o Complexo Vegetal da Planície Litorânea, foi concebido a partir da vegetação de mangue, praias, dunas e matas ciliares. Em rigor, este complexo é composto por 4 sub-unidades fitoecológicas, a saber: Vegetação pioneira da faixa de praia (Herbeto Campesinato), Vegetação de planície fluvial, mata ciliar (Arboreto Edáfico Fluvial), Vegetação costeira arbustiva de dunas – (Arboreto Edáfico Marino Arenoso) e a vegetação de Mangue – (Arboreto Edáfico Marino-Limoso), a qual foi caracterizada abaixo.Usualmente, são encontrados quatro espécies principais de mangues: mangue vermelho (Rhizophora mangle) , mangue branco (Laguncularia racemosa) , mangue preto (Avicenia schaueriana e Avicenia germinans) e mangue ratinho (Conocarpus erectus), Esta última se encontra nas partes mais elevadas sobre Neossolos Quartzarênicos.
CONCLUSÕES:
A vegetação e seu estado de conservação estão em função da maritimidade, ventos, altimetria, diferenças litológicas, edáficas e climato-hidrológicas e da relação natureza/sociedade. A coberta vegetal influencia decisivamente na estabilidade ambiental, ao tempo que reflete o estado de conservação ambiental e aspectos da dinâmica da paisagem. Especificamente, conforme metodologia utilizada, o estuário da Bacia do rio Acaraú apresenta 34,2 km 2. Sendo que o estado de conservação do mangue é delicado, muito embora tenha relicários conservados, apresenta setores parcialmente degradados, degradados e fortemente degradados demandado urgência em políticas pró-ativas que busquem minorar ou reverter o estado atual de insustenbilidade ambiental. Mesmo porque, trata-se de um ambiente que tem grande importância ecológica e socioeconômica, porém frágil e muito vulnerável à ocupação. Tem rica biodiversidade, ocupando a planície flúvio-marinha, sob influências dionoturnas do fluxo das marés. Denota-se, portanto, um ambiente palustre ou limoso tipicamente agracional. Entre outros aspectos, produz serviços ambientais que precisam ser mantidos para um continuum no suprimento de sedimentos para a deriva litorânea, manutenção a regulação do fluxo da maré e proteção da linha de costa contra a erosão marinha, bem como as calhas fluviais do rio Acaraú. Sem esquecer que influencia nas condições climáticas meso e microclimáticas, ao tempo que favorece a diminuição da evaporatranspiração.
Instituição de fomento: CNPq, FUNCAP, CAPES, PRODETAB 01601/01 - Banco Mundial
Palavras-chave:  Bacia Hidrográfica; Degradação Ambiental; Estuário.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005