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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 3. Psicologia Clínica
A CLÍNICA PSICOLÓGICA EM COMUNIDADES CARENTES
RAQUEL BARBOSA DE MESQUITA BATISTA 1 (alfagura@funape.ufpb.br)
(1. ESPAÇO PSICANALÍTICO - EPSI)
INTRODUÇÃO:
Estou concluindo o Curso de Especialização em Psicanálise da Criança e do Adolescente no Espaço Psicanalítico - EPSI. Durante onze meses do curso, trabalhei, como voluntária, numa clínica pública do Município de Cabedelo-PB, uma cidade litorânea próxima da capital. Este trabalho resulta de análises feitas em crianças e adolescentes carentes que atendi ali.
METODOLOGIA:
Consideramos como modelo teórico a proposta psicanalítica desenvolvida por Freud, que consiste em evidenciar os significados inconscientes das palavras, das ações, das produções imaginárias de um sujeito. Foram destacados alguns aspectos da proposta de Freud, sobretudo no que diz respeito ao inconsciente, ao complexo de Édipo e o da castração. No entanto, pelo fato de estarmos trabalhando com crianças e adolescentes, lançamos mão das propostas de Manoni e sobretudo Dolto, para quem os psicanalistas devem ser também educadores.
RESULTADOS:
Entre cem por cento das crianças atendidas, apenas vinte por cento freqüenta as seções com regularidade. Oitenta por cento vêm um dia ou outro, dando as mais variadas desculpas, como: falta de dinheiro para o transporte, não terem alguém que os traga à Clínica, a ocorrência de uma situação problemática na família (como doença, morte de parentes etc). De um modo geral, as crianças gostam do tratamento, mas os pais, ou desconfiam dos resultados ou são apressados para que tudo chegue ao fim. O pai, em especial, ou não se importa com o problema do filho, ou é ausente. Portanto, não se pode falar de uma triangulação, na proposta de Dolto (1998), quando o sujeito aprende a falar de si num Eu referente a um Ele. Somem-se, ainda, os problemas na triagem: não se fazia a diferença entre doenças psicológicas e psiquiátricas.
CONCLUSÕES:
Como conclusões, pensamos que a psicologia em órgãos públicos deveria merecer atenção maior das autoridades. O homem, por ser constituído de corpo e alma, precisa da atuação concomitante de médico e psicólogo que devem fazer um trabalho multidisciplinar. Por outro lado, deve-se fazer um trabalho de educação na mídia, nos órgãos públicos que conscientizem os pais da necessidade de acompanhamento psicológico do filho. Por mais que as crianças sejam trabalhadas, pouco ou nada adiantará se os pais não forem envolvidos no processo. Dolto Os caminhos da educação (1998) iniciou, na rádio e televisão francesas programas educativos sobre os problemas mais freqüentes das mães, dos pais e das crianças. Medida igual poderia ser tomada no Brasil, pois um maior número de pessoas tomaria conhecimento das pesquisas desenvolvidas no campo da psicologia, não só por aquelas pessoas de baixa renda, mas por aquelas de alta e média renda que ainda não tiveram acesso a essas informações.
Palavras-chave:  Psicologia; Psicanálise; Educação Psicológica.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005