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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 2. Medicina Preventiva | ||
COMPARAÇÃO BIOMECÂNICA DO SALTO VERTICAL ENTRE O SEXO FEMININO E O MASCULINO | ||
Roberta Gabriela Oliveira Gatti 1 (robertagatti@pop.com.br), Jansen Atier Estrázulas 1, Roberta Castilhos Detânico 1, Ruy Jornada Krebs 1 e Sebastião Iberes Lopes Melo 1 | ||
(1. Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC) | ||
INTRODUÇÃO:
Em decorrência da evolução da maturação do sistema nervoso central é possível estabelecer diferentes instantes de aquisição e aprendizagem das habilidades motoras. Nesse processo estão presentes as diferenças entre os sexos, as quais, segundo Eckert (1993), durante os anos de infância e adolescência têm sido referidas no desempenho de diversas tarefas motoras com meninos mostrando progresso contínuo e meninas incrementos pequenos e até mesmo declínio após a menarca. Nesse sentido, Malina e Bouchard (1991) afirmam ter os meninos melhor desempenho em atividades que exigem potência muscular e as meninas em atividades que envolvem equilíbrio e flexibilidade. De acordo com Calomarde, Calomarde e Asensio (2003), o movimento do saltar é uma habilidade complexa muito utilizada em jogos de corrida com paradas bruscas, naqueles que exigem equilíbrio e pode ainda ser combinado com outras habilidades. Visto que a utilização da biomecânica na análise do movimento oportuniza informações nos vários aspectos da locomoção e da performance, justifica-se a realização deste estudo com o objetivo de estudar as características biomecânicas do salto vertical em crianças. Mais especificamente, caracterizar e comparar as variáveis pico de força na propulsão (PP) e na aterrissagem (PA), altura do vôo (H) e ângulo de joelho no ápice do vôo (δAV), propulsão (δPP) e aterrissagem (δPA) para os sexos feminino e masculino. |
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METODOLOGIA:
Após a aprovação do Comitê de Ética participou deste estudo descritivo uma amostra de 39 crianças com idades entre 4 e 12 anos, sendo 22 meninas com média de idade 7,6±2,19 anos e 17 meninos com média de idade 8,5±2 anos, selecionadas de forma casual sistemática pertencentes a rede de ensino público da cidade de Florianópolis/SC. Na coleta de dados, realizada no Laboratório de Biomecânica do CEFID/UDESC, utilizou-se uma plataforma de força (AMTI – OR6-5-2000), uma câmera de vídeo (HSC-180) ambos integrados ao sistema Peak Motus. Para os dados dinâmicos utilizou-se freqüência de amostragem de 900Hz e de 60 Hz para os cinemáticos. Após identificação e adaptação, as crianças executaram três saltos verticais válidos, em relação ao que foi solicitado. Os dados foram normalizados pelo peso dos sujeitos e tratados via filtro FFT com freqüência de corte de 30Hz. Para a caracterização dos dados adotou-se a estatística descritiva e para comparação entre os sexos, o teste t de Student com nível de significância de 95%. |
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RESULTADOS:
Na caracterização dos dados as meninas e meninos, respectivamente, apresentaram os seguintes valores médios: PP (2,49PC e 2,30PC), H (0,71m e 0,60m), δPP (79,93º e 76,52º), δAV (51,59º e 23,75º), δPA (41,74º e 32,41º) e PA (5,34PC e 7,30PC). A variável de maior heterogeneidade foi o δAV (105,10%) e a de menor o PP (10,16%). O valor encontrado para PP se iguala ao estudo de Gress (2004), o qual também encontrou maiores valores para as meninas, mas os valores foram menores que das meninas deste estudo, tal diferença deve-se ao salto estudado por Gress (2004) ter sido o horizontal. Percebeu-se que ambos os sexos apresentaram comportamento angular similar nos PP e PA. Entretanto, a δAV e δPA registrou variabilidade maior que δPP, indicando possivelmente a dificuldade das crianças em controlar o movimento durante o vôo e a queda, aproximando-se do resultado de Horitia et al. apud Knutzen e Martin (2002), os quais identificaram que crianças apresentam uma forma habilidosa na fase propulsiva do salto, mas imatura no instante da saída do chão e na fase de vôo. Ao comparar as variáveis entre os sexos verificou-se diferenças significativas para PA (p=0,01) e para δAV (p=0,04). Percebe-se que as meninas se apresentaram com maiores valores de força e, conseqüentemente atingiram maior altura, resultado que vai ao encontro do estudo de Ferragut et al. (2003) que afirmam ter relação proporcional entre a força isométrica da musculatura extensora dos membros inferiores e a altura do vôo. |
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CONCLUSÕES:
Com base nos resultados e no referencial teórico conclui-se que as variáveis biomecânicas do salto vertical em crianças apresentam valores cuja alta variabilidade exibida pelas mesmas trata-se de uma condição positiva, pois representa a estratégia individual de realização desse movimento, a qual independe do sexo. E quando comparado os sexos, os resultados possibilitam identificar as diferenças entre os sexos, observando que os meninos aplicaram menos força em maior flexão de joelho para se impulsionarem, atingindo menor altura com joelho mais flexionado e obteve maior pico de força na aterrissagem em maior flexão de joelho. Por outro lado, acredita-se que para o sexo feminino, a angulação de joelho na propulsão pode ter favorecido o maior valor de pico de força na propulsão e a angulação de joelho na aterrissagem favoreceu o menor valor de pico de força na aterrissagem. Portanto, acredita-se que os meninos melhor utilizaram a força enquanto que as meninas foram mais coordenadas na execução dos movimentos, sem que se possa afirmar qual o sexo realizou o salto mais aprimorado. |
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Instituição de fomento: CNPq | ||
Palavras-chave: Salto Vertical; Desenvolvimento Motor; Biomecânica. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |