|
||
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua) | ||
WEBER, CIÊNCIA E FORMAÇAO DE PROFESSORES: ATUALIDADE EM UM PENSAMENTO? | ||
Guilherme Pontieri de Lima 1 (bola.lima@bol.com.br) | ||
(1. Depto de História, Universidade Estadual Paulista - UNESP) | ||
INTRODUÇÃO:
Muitos dos pressupostos de Weber se fazem presentes como concepção e aplicação da ciência, dentro da atual realidade educacional universitária nos cursos de licenciatura. Associada via de regra, à qualidade do ensino, sem por menores, a formação de professores vem descaracterizada de sua carga ideológica como um de seus determinantes. Como discente, do curso de História da FHDSS da UNESP/Franca, considerei importante, partindo da realidade na formação de professores e utilizando-me das obras de Weber para confrontá-las, conhecer essa carga ideológica implícita na concepção e aplicação da ciência, consciente ou não, nessa formação. Assim, com o desejo de contribuir com o debate no tangente à formação de professores, propõe-se deixar evidentes tais pressupostos, demonstrando a relação existente entre concepção ideológica de Weber e a atual prática de ensino universitário. Para Weber, “toda ação humana é realizada visando a determinadas metas ou valores”, e à ciência, caberia a função de fornecer as perspectivas sobre qual a ação se orienta. E assim o é. Mas assim deveria ser? Conhecer os pressupostos de Weber assimilados e praticados quanto ao papel da ciência, ao papel do cientista e ainda quanto à relação professor-aluno nas licenciaturas, implica em dar relevância à conjuntura atual da universidade pública e entender o funcionamento da formação de professores imbuída de pressupostos que sustentam a manutenção do suposto pensamento hegemônico ocidental capitalista. |
||
METODOLOGIA:
Partindo de uma realidade, a de discente, e como tal, sujeito às questões inerentes à formação de professores, onde a vivência assume papel importante. A pesquisa foi realizada, em primeira instância, a partir de uma investigação sistemática da concepção de educação dos cientistas professores, fazendo transparecer pressupostos ideológicos, que se evidenciam, quando não explicitamente por convicções e posicionamentos próprios e assumidos do professor, através de procedimentos e instrumentos usados por ele, seja retórica, seja didática, a hierarquização, em vários níveis que possa assumir, e/ou outros. Depois de colhido e estabelecidos tais pressupostos, hipoteticamente, pelo grau de subjetividade, o segundo momento, sem assumir um caráter que dividisse o processo da pesquisa, deteve-se ao estudo crítico das obras de Max Weber, sem perder de vista a vital importância do estudo de outras diversas obras relacionadas à educação e formação de professores. Através de procedimentos relacionais, de contraposição, embate de idéias e questionamentos, a pesquisa faz emergir uma interligação e afinidade entre as perspectivas e pressupostos entendidos nas obras de Weber, com a realidade educacional da universidade pública, pois não me propus a estudar as universidades particulares, o que não exclui a aplicabilidade e relevância da pesquisa nelas, e reclamando o uso da dedução para estabelecer tais afinidades ao processo de formação do professor. |
||
RESULTADOS:
Identificou-se na realidade educacional atual o enraizamento de padrões e de modelos a serem seguidos. Em relação ao professor, a imparcialidade perante aos fatos, a sobriedade em todo pensamento, a noção de detentor do saber, em suma, a relação hierárquica estabelecida dentro de sala de aula, mesmo que criticado, assume-se como modelo. Em relação ao aluno, a leitura que se pode fazer é que a ele, cabe a passividade perante a realidade que se coloca, não discutível nesse momento pela restrição das normas, que quando oferece brechas à suas convicções, as nega pela pouca bagagem teórica. Outro modelo. O aluno, acostumado a tal relação não atina para a modificação dela, a ele, pelas necessidades objetivas, cabe ser outra engrenagem, que tem sua finalidade dentro do processo. Weber em sua concepção de ciência, relevante à relação existente entre: professor e aluno, saber e aluno, ciência e cientista, entre outras relações, possibilitou a verificação de seus pressupostos, não em sua forma integral, mas relativa, dentro das salas de aula, e como um todo, na universidade atual, nos cursos de licenciatura. Deixando evidente o caráter ideológico. |
||
CONCLUSÕES:
A conclusão da pesquisa, sem a intenção de ser definitiva e indiscutível, o que seria contraditório, aponta para a percepção da dinâmica do processo de formação do professor, como útil às necessidades pró-capital, e onde os pressupostos de Weber aplicados pelos docentes, hipoteticamente inconsciente ou consciente, dentro de sala de aula, garantem a condição necessária à reprodução, transformando a universidade em mercadoria, onde mediante recebimento de vencimentos, oferece as ferramentas para as necessidades objetivas do pensamento capitalista. Importa destacar, no entanto, que essa dinâmica se expressa de forma sutil, que por vezes imperceptível à quem esta dentro do processo.Weber esta presente na atualidade quanto suas formas de pensar a educação e seu trato com a ciência. Sem cometer anacronismos e tendo clara a visão de um homem de seu tempo, as relações, como projetava Weber, da ciência com a aplicação dela, estão dispostas não nas formas exatas propostas por ele, mais ainda assim de tal maneira que garante a constatação dos objetivos das licenciaturas na manutenção. Conscientes ou não de tal fato, fica demonstrado o caráter ideológico que permeia o processo, onde este tem papel importante na preparação aos problemas objetivos que o capitalismo impõe. Frente à questão, o que se evidência, mais freqüentemente é a manutenção e a atualidade de Weber “em um pensamento”. |
||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: realidade universitária; formação de professores; Max Weber. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |