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G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social
DESPINDO O SERIDÓ: A COMPLEXIDADE SOCIAL SERIDOENSE (1920-1930) VISTA POR UMA ANÁLISE FOTOGRÁFICA DA MODA.
Amanda Lins Gorgônio Costa 1 (amandalinsgc@yahoo.com.br) e Eugênia Maria Dantas 1
(1. Departamento de História e Geografia - CERES - UFRN)
INTRODUÇÃO:
O mundo contemporâneo, ou "a chamada civilização das imagens" tem dado grande importância a produção de imagens e a representação social através da leitura iconográfica. A imagem comporta uma múltipla realidade visível e ativamente sujeita a interpretações. Através do cinema, dos vídeos, das pinturas, das fotografias, podemos fazer uma leitura iconográfica e iconológica dessa realidade multifacetada. Do universo iconográfico elegemos a fotografia em preto e branco, para estudar a moda como expressão estética. Essa escolha constitui-se nosso objeto de pesquisa. O recorte espacial localiza-se na região do Seridó Potiguar, porção centro meridional do estado do rio Grande do Norte, nas décadas de 20 e 30 do século XX. Para (re)construir historicamente o viver seridoense selecionamos imagens fotográficas produzidas principalmente pelo "poeta da luz" José Ezelino da Costa, que registrou o viver seridoense no final do século XIX até meados do século XX. Através da leitura dessas imagens pretendemos compreender o cotidiano que envolve os espaços seridoenses que se revela nas roupas, nos adornos, nos enfeites, nos gestos, nos olhares, nas poses, enfim, nas formas de embelezamento. Neste pretendemos compreender a complexidade social que se insere no cotidiano seridoense no início do século XX, utilizando como objeto de observação a comunicação da moda em suas diversas formas de estetização.
METODOLOGIA:
Para trabalhar a imagem fotográfica e a complexidade social utilizaremos autores que fundamentaram as bases para traçamos os moldes, para revermos o viver seridoense nas décadas de 20 e 30 do século XX. Em Edgar Morin e Roland Barthes encontramos suporte para vemos a fotografia a partir de uma visão complexa. Para lermos as imagens visuais utilizaremos dois conceitos de autoria de Roland Barthes, são os conceitos de punctum e studium. Com Edgar Morin compartilharemos os conceitos de estética e cultura. Para estudarmos o viver seridoense necessitamos compreender a cultura que envolve e organiza as relações entre os homens e sua realidade, já a estética é entendida como algo que desperta o sentimento humano, e possibilita ao homem trilhar novos caminhos imaginários. Com Carl Köhler, entendemos a moda por um conjunto de ajustes e adaptações periódicas nos estilos de vestimentas, bem como nos adornos que enfeitam os indivíduos, em nível regional ou universal. Alisson Lurie mostra que o traje diz muito de quem o veste, de onde e quando veste, girando em torno de hierarquias e valores individuais. A moda vista como aspecto democrático do mundo ocidental dar sentido ao livro de Gilles Lipovetsky, O Império do Efêmero (1997), no qual é falado da moda a partir do caráter libertário. A estética da moda traz uma visão de mundo multifacetado, condensa saberes, agrega valores do passado no presente, mescla a cultura global com a local, mexe com a subjetividade.
RESULTADOS:
Com o trabalho realizado no projeto de pesquisa "Fotografia e Complexidade: itinerários norte-rio-grandense" (Pesquisa cadastrada na PROPESQ, vinculada a Base de Pesquisa Educação e Sociedade – UFRN – CERES – Campus de Caicó) tivemos contato com imagens fotográficas que congelaram o viver seridoense nas primeiras décadas do século XX. No decorrer da pesquisa notamos que um ponto marcante nas imagens é a moda, vista através do estado estético, do embelezamento, do sentimento, por isso a necessidade de ligarmos moda e fotografia, pois, nas poses é revelada tal estetização. A estética da moda aparece de forma clara no espaço tempo estudado, os indivíduos fotografados viveram momentos fictícios e reais, tramaram suas vidas, e através das poses os mostram uma postura cultural que nos informa sobre os contextos políticos-econômicos, sociais e costumes vividos. Como resultados até então obtidos, conseguimos recuperar histórias implícitas nos conteúdos destas imagens nas quais, a vida no Seridó Potiguar aparece em um plano real mesclado de imaginário.
CONCLUSÕES:
Os indivíduos vestem-se de acordo com o tempo/espaço vivido, o sentido de vestir-se para a humanidade está envolto de profundos significados que são ajustados e adaptados periodicamente nos estilos de vestimentas, bem como nos adornos pessoais vistos á nível regional ou universal. No Seridó Potiguar, parte meridional do Estado do Rio Grande do norte, durante as duas primeiras décadas do século XX, pudemos constatar através da estetização da moda que a sociedade vive de forma dialógica, os indivíduos desenvolvem mecanismos que oferecem caminhos para mundos imaginários e transfigura o sofrimento e o mal, permitindo olhar de frente o mundo que nos aterroriza. No momento da pose fotográfica, o individuo vive seu estado estético, um transe de felicidade, de graça, de emoção, de embelezamento que se encerram em satisfações. A estética encontrada nas fotografias comporta o “charme da imagem”. É na estetização da moda, vista nas fotografias, que iremos buscamos a cultura, suas transposições sociais e sua univeraslidade. A aproximação entre moda e fotografia se constitui em um conjunto de signos múltiplos e complexos de valores e das condutas sociais de uma época, de um espaço e de uma sociedade que é simultaneamente singular e plural, local e global.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Moda; Fotografia; Complexidade Social.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005