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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos | ||
LIMITES E POSSIBILIDADES DA HISTÓRIA: ALUNOS DE EJA PESQUISANDO EM UM QUILOMBO | ||
Marta Cordeiro dos Passos 1 (capama@bol.com.br) | ||
(1. Secretaria de Educação de Pernambuco/SEDUC) | ||
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa, é fruto do trabalho realizado com os alunos da Educação de Jovens e Adultos, segunda fase, numa escola da rede estadual no município de Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco. E teve como campo de investigação, uma comunidade quilombola de Conceição das Crioulas no município de Salgueiro, no ano de 2004. O estudo foi viabilizado pela Secretaria de Educação, como parte de uma proposta didática iniciada na disciplina de História a partir de uma manchete de jornal: “Africanos começam greve de fome em Pernambuco depois de serem espancados e jogados no mar pela tripulação de um navio” Jornal do comércio, 24/12/2003. A manchete alocada por um grupo de alunos, desencadeou a curiosidade de conhecer efetivamente uma comunidade negra. A escolha por esse quilombo, deu-se por ser uma comunidade onde predomina a população jovem pertencente a sétima geração de refugiados escravos, herdeiros de um legado cultural afro-brasileiro e referência na luta pelos direitos eqüitativos de políticas públicas de qualidade no quilombo. Portanto, o objetivo desse estudo foi verificar, semelhanças e diferenças produzidas na literatura histórica, meios de comunicação, com relação à realidade do quilombo. |
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METODOLOGIA:
O trabalho investigativo foi realizado através da metodologia qualitativa. E compreendeu, duas etapas para realização desse estudo, primeiro e segundo semestre. No primeiro semestre, abordagem na sala de aula, conteúdos específicos, “A presença africana e o trabalho escravo no Brasil, A luta pela liberdade, A conquista da liberdade” dentre outros, mediatizados por problematizações e reflexões sobre a importância desse estudo no processo inicial e continuado, dos saberes escolares dessa temática; No segundo semestre, Palestras, filmes, elaboração de um cronograma de trabalho, pelos alunos, que pudesse direcionar as etapas da pesquisa a fim de possibilitar a coleta de dados e por fim, a excursão didática ao quilombo. Esta por sua vez, envolveu a permanência dos alunos pesquisadores por aproximadamente quatro semanas a partir de entrevistas abertas, observações registradas em fotos e aplicação dos questionários às famílias.Os dados foram coletados pelos alunos de EJA em três equipes. Foram entrevistados os segmentos expressivos existentes na comunidade (lideranças, associação, e moradores). |
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RESULTADOS:
A pesquisa de campo permitiu aos alunos de EJA questionar sobre os avanços e retrocessos da cultura negra em particular, a comunidade quilombola e fez perceber que a história direcionada às maiorias marginalizadas ainda se perpetua pelos interesses da propriedade privada haja vista o quilombo está situado a 42 quilômetros do município numa área de difícil acesso, não dispor de uma estrada pavimentada e as políticas públicas serem insuficientes para atender, com qualidade, essa população. O índice de desemprego ainda é alto, a sobrevivência se constitui pela roça como cultura de subsistência. O quilombo dispõe de oito escolas públicas para atender a demanda de escolaridade que é muito maior. Não há oferta suficiente para Ensino Infantil e Jovens e Adultos. Apenas o ensino fundamental e médio são contemplados. Por outro lado, os quilombolas , naquele espaço sociogeográfico, insistem em manter-se na àrea a fim de legitimar, com seu capital humano, o recrutamento de benfeitorias para o local, sobretudo, na preservação dos laços culturais de seus antepassados. Um dos primeiros e maiores desafios constatados foi começar a entender as razões das políticas públicas não estarem equacionadas, são frágeis sem ter um alvo preciso: erradicação do analfabetismo, da miséria e pobreza na localidade. Por outro lado, a cidadania desses agentes sociais depende de vontade política efetiva e continuada. |
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CONCLUSÕES:
A questão afro-remanescente não é um fato isolado, desconhecido, de outro continente ela está bem próxima no dia- a -dia dos sujeitos, embora haja um discurso em favor dessa população, os conflitos e a trajetória, na maioria das vezes silenciosa, da população em seu árduo cotidiano, não são lembrados.Os encaminhamentos não têm encontrado ao longo dos anos, políticas públicas definidas e justas para satisfazer as necessidades básicas de cidadania, integradas ao processo de produção agrícola, da construção social do indivíduo e do convívio com os símbolos de prestígio da escola. Em relação aos alunos pesquisadores envolvidos, a pesquisa potencializou as competências de escrita e leitura e demais disciplinas; desenvolveu, com qualidade, o nível de interação entre alunos de outras modalidades, na escola; permitiu a comunidade escolar conhecer um quilombo a partir de um painel de fotografias e conseqüentemente desafiar esses iniciantes acadêmicos a darem seqüência às suas vidas de pesquisadores. |
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Palavras-chave: Pesquisa e Ensino; Participação e Diálogo Intercultural; Ousadia na Educação de Jovens e Adultos. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |