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| C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica | ||
| RECURSOS VEGETAIS UTILIZADOS POR POPULAÇÕES DE AGRICULTORES FAMILIARES EM ASSENTAMENTOS DO ESTADO DE ALAGOAS. | ||
| Cynira Alves de França 1 (cynirafranca@globo.com), Juliana Maria Moreira Duarte 1 e Flávia de Barros Prado Moura 1 | ||
| (1. SETOR DE ECOLOGIA, MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL, UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - MHN/UFAL) | ||
| INTRODUÇÃO:
A exploração da natureza por populações tradicionais se fundamenta num conjunto de crenças e sabedorias, fundados nas tradições culturais e na experimentação empírica do ambiente. O presente trabalho é um estudo etnobotânico de populações recém-assentadas no Estado de Alagoas. Os objetivos principais foram descrever formas de usos de recursos vegetais e levantar espécies conhecidas e utilizadas. Como o conhecimento etnobotânico pode ser afetado pelo êxodo rural e pela emigração de populações oriundas de ecossistemas diferentes, este trabalho torna-se relevante para o resgate do conhecimento popular das comunidades estudadas. |
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| METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado em assentamentos do Estado de Alagoas do qual foram utilizadas informações obtidas durante a realização do PDA (Plano de Diagnóstico dos Assentamentos) e PRA (Plano de Recuperação dos Assentamentos) no período entre setembro de 2003 a março de 2005. Este levantamento foi realizado em nove assentamentos (Programa de Assentamento São Luiz, Santa Fé, Boa Vista, Canafístula, Camaçari, Pacas, Maciape, Conceição, Caminho das Flores) distribuídos em sete municípios do Estado de Alagoas (Atalaia, Chã Preta, Jacuípe, Joaquim Gomes, Murici, Porto Calvo, Tanque D’arca). Foram realizadas duas saídas por semana para os assentamentos. Realizaram-se entrevistas estruturadas e semi-estruturadas com os assentados em suas próprias residências, nas áreas plantadas dos lotes e nas áreas de reserva do assentamento para melhor conhecimento da área. Técnicas de observações diretas em caminhadas livres para anotação de informações sobre o uso das espécies foram realizadas. As plantas completamente identificadas apresentaram correspondência 1/1 com espécies válidas. |
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| RESULTADOS:
Foram citadas 176 plantas, das quais 102 foram identificadas em nível de espécies, 21 identificadas parcialmente (gêneros) e 34 não determinadas. Seis famílias (Annonaceae, Arecaceae, Asteraceae, Cucurbitaceae, Euphorbiacea, Fabaceae) apresentaram três espécies citadas. Outras seis (Dioscoreaceae, Lauraceae, Lecythidaceae, Liliaceae, Malpigheaceae, Papilionacea) apresentaram duas. Trinta e cinco famílias botânicas tiveram apenas uma espécie citada. Das 222 citações de uso dos recursos vegetais 61 plantas foram citadas para uso na medicina, 60 para alimentação (27%), 47 para combustível (21,2%), 30 para construção (13,5%) e 24 para tecnologia (10,8%). O maior número de plantas na categoria medicina, que obteve 27,5% das citações de uso pelos assentados, tem sido comumente encontrado em estudos etnobotânicos com populações tradicionais na América Latina. Um dado que merece destaque é que a grande maioria das plantas citada para uso medicinal 59,7% (37 citações) é cultivada pelos assentados. |
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| CONCLUSÕES:
Embora a maior parte das plantas usadas nos assentamentos (55,4%) seja cultivada dentro dos lotes ou nos jardins/quintais das casas, um grande percentual de plantas citadas (44,6 %) é obtido das áreas naturais - plantas espontâneas e sub-espontâneas. Este aspecto mostra que embora a agricultura local seja uma atividade importante, a coleta de produtos silvestres é bastante representativa. A grande utilidade dos recursos florestais reforça a importância destes ecossistemas para a população local, devendo ser levado em consideração pelos órgãos responsáveis pelo planejamento de áreas agrícolas para produção familiar. Além disso, pode ser um indicador da rápida transmissão horizontal e incorporação de novas práticas por populações originárias de ecossistemas com espécies diferentes disponíveis. |
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| Palavras-chave: Etnobotânica; Recursos vegetais; Assentamento. | ||
| Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |