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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 17. Planejamento e Avaliação Educacional

O USO DO COMPUTADOR NA ESCOA PÚBLICA: UM OLHAR AVALIATIVO SOBRE A UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR E AS MODIFICAÇÕES COGNITIVAS QUE IMPACTAM NO DESEMENHO DOS ALUNOS

Ana Cecília Araújo Nunes 1 (anacecian@terra.com.br)

(1. Centro de Educação; Universidade Estadual do Ceará - UECE)

INTRODUÇÃO: Desenvolver um olhar avaliativo sobre a utilização do computador e as modificações cognitivas no desempenho dos alunos no uso do computador na escoa pública: se constitui o objeto de estudo desta pesquisa. As novas tecnologias no contexto escolar, especificamente o computador, expande-se para a função de co-mediador do conhecimento e artefato tecnológico de suporte no desenvolvimento de competências e habilidades que serão desenvolvidas na dependência de como serão utilizadas pelos professores como recursos didáticos nas escolas..O estudo proposto tem como objetivos: avaliar a aplicabilidade das novas tecnologias educacionais como meio eficaz para a promoção do desempenho cognitivo do aluno; explicitar o uso das novas tecnologias educacionais e seus reflexos na cognição humana, através de indicadores que possam mostrar alterações nos processos cognitivos. A curiosidade da autora para o desenvolvimento desta investigação nasceu de seu envolvimento como instrutora dos cursos de capacitação de recursos humanos em Informática Educativa do Projeto Escola Viva, portanto uma necessidade em avaliar a influência da tecnologia no redimensionamento do ensino-aprendizagem

METODOLOGIA: O foco da investigação do impacto das novas tecnologias educacionais no desempenho cognitivo dos alunos foi desenvolvida junto aos participantes do Projeto Escola Viva. Decorrente desta delimitação desenvolveu-se a metodologia do estudo de caso. Para a coleta de dados foram escolhidos o teste de inteligência INV e o teste das Matrizes Progressivas, Escala Geral ou, por antonomásia, o Teste de Raven. A seleção dos participantes realizou-se por uma amostra de 12 escolas que fazem parte da rede publica de Fortaleza, representativas de locais estratégicos da cidade. Das escolas selecionadas, em 6 delas, as crianças tiveram acesso ao computador há mais de dois anos, e nas outras 6 escolas elas não têm acesso ao computador. Participaram um grupo de 144 estudantes matriculados na Rede Estadual de Educação do Ceará. Os alunos cursavam o 3º ciclo, correspondente a 5ª série do Ensino Fundamental. Foram escolhidos 12 alunos de cada escola pesquisada na faixa etária entre 10 a 12 anos de idade. Esta faixa de idade foi escolhida por ser a passagem do estágio operatório concreto para o operatório formal, de acordo com os estudos de Piaget (1979), onde ocorre a terceira maior equilibração na adolescência, em que inicia a operar idéias, eventos ou objetos. Os professores, a pedido da pesquisadora, selecionaram os alunos de melhor nível de desempenho escolar em matemática e português, de acordo com o critério de avaliação desenvolvido pela escola.

RESULTADOS: Foi avaliado através de testes de inteligência – INV e Raven, se existiam níveis diferenciados de resultados nas respostas aos itens em relação aos alunos que utilizam computador daqueles que não o fazem. Os dois testes foram precisos e com validade de construto em relação aos objetivos da mensuração realizada. Dos resultados coletados, verificou-se através da média e da mediana que a diferença de desempenho entre alunos que utilizam o computador e aqueles que não utilizam é mínima nos dois testes. Porém, ao distribuir os percentis dos testes em faixas, encontrou-se diferença significativa no teste INV relativo ao desempenho dos alunos que trabalham com computadores comparado àqueles dos que não o fazem. Também houve uma tendência dos escores dos testes dos alunos que utilizam o computador se concentrarem na faixa dos escores mais altos. O fato dos alunos que usam o computador se encontrarem concentrados na faixa dos escores dos testes mais altos que os alunos que não o fazem, revela que estes alunos obtiveram ganhos cognitivos funcionais os quais levam a um desempenho geral superior nos testes. Este é um dado que se fundamenta na explicação da modificabilidade da cognição que o computador introduz. O estudo apresentou resultados que demonstram a melhor performance dos estudantes que usam o computador, revelando que, em geral eles tiveram menos dificuldade na resolução dos testes.

CONCLUSÕES: Após a análise e discussão dos resultados pode-se responder ao questionamento inicial de que, o desempenho dos alunos que usam computador, nos testes, foi melhor do que daqueles que não o fazem. Conclui-se portanto que o uso do computador teve impacto positivo no desempenho dos estudantes nos testes. A inserção da tecnologia na escola, portanto é fundamental, pois possibilita maiores oportunidades para que se estabeleça uma nova forma de pensar integrada ao contexto da sociedade cognitiva. Neste contexto, observa-se a prevalência de um dinamismo de aprendizagem que exige um alto nível de sofisticação cognitiva, o qual parece necessitar de ferramentas complementares a ação educativa convencional. Deste modo, o uso do computador vem atender este critério de sofisticação exigido hoje. No âmbito da discussão, não se pretende ingenuamente achar que a adoção de computadores em larga escala nas escolas, produziria uma melhoria no processo educativo, ignorando tudo mais que a história ensinou de como educar e estimular a mente humana. É acrítico também pensar que, o seu uso romperia barreira segregativas de diferentes ordens (política, econômica, educacional). Porém, é salutar as investigações em torno deste instrumento a fim de compreender os vínculos epistemológicos que o computador estabelece com a cognição humana.

Palavras-chave:  NOVAS TECNOLOGIAS; AVALIAÇÃO EDUCACIONAL; DESEMPENHO COGNITIVO.

Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005